Áudio de reunião no palácio do Planalto foi divulgado após decisão de Alexandre de Moraes
Mariana Muniz, Sarah Teófilo, Patrik Camporez e Eduardo Gonçalves
Brasília – No áudio de uma reunião realizada no Palácio do Planalto em agosto de 2020, o então presidente Jair Bolsonaro (PL) diz ao à época chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Augusto Heleno, que “quem passa as informações” para ele é um coronel do Exército e que deveria ter “trocado pelo serviço secreto russo”.
A conversa da qual Bolsonaro participou também contou com a presença do então diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Alexandre Ramagem (PL) e das então advogadas do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ).
A conversa girou em torno de investigações envolvendo Flávio Bolsonaro no caso que se tornou conhecido como “rachadinhas”.
— Quem passa as informações pra mim é um coronel do Exército. Devia ter trocado pelo serviço secreto russo — diz o então presidente.
O diálogo foi travado com Heleno antes do que parece ser a entrada das advogadas na sala em que foram recebidas e onde ocorreu a reunião.
No fim da tarde desta segunda-feira, Ramagem afirmou que gravou a reunião com o aval do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
A gravação foi apreendida pela Polícia Federal no notebook de Ramagem e compõe o inquérito que apura a suposta espionagem ilegal praticada durante gestão Bolsonaro para beneficiar o ex-mandatários, seus filhos e aliados.
— Essa gravação não foi clandestina. Havia o aval e o conhecimento do presidente — disse Ramagem em vídeo postado na rede X.
Ele explicou que gravou escondido o encontro de 1 hora e 8 minutos com o objetivo de registrar um crime e proteger o então presidente. Segundo Ramagem, “havia a informação” de que viria no encontro uma pessoa próxima do então governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, com uma “proposta nada republicana”. Na época, Bolsonaro tratava Witzel como um adversário político que visava tomar o seu lugar no Palácio do Planalto.
— A gravação, portanto, seria para registrar um crime, um crime contra o presidente da República. Só que isso não aconteceu e a gravação foi descartada — afirmou ele.
Já Flávio Bolsonaro afirmou que “a montanha pariu um rato”. “O áudio mostra apenas minhas advogadas comunicando as suspeitas de que um grupo agia com interesses políticos dentro da Receita Federal e com objetivo de prejudicar a mim e a minha família”.
Insatisfação com inteligência
Em uma reunião ministerial realizada em abril de 2020, cujo vídeo foi divulgado após decisão do então ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello, Bolsonaro disse que teria um sistema “particular” de informações que funcionava e que o sistema oficial o desinformava.
— O meu particular funciona. Os ofi… que tem oficialmente, desinforma. E voltando ao … ao tema: prefiro não ter informação do que ser desinformado por sistema de informações que eu tenho — afirmava o presidente na reunião, ao falar sobre a necessidade de trocar o comando da Polícia Federal.
Dizia também Bolsonaro, reclamando que a Polícia Federal não lhe dava informações:
– Eu não vou esperar foder a minha família toda, de sacanagem, ou amigos meu, porque eu não posso trocar alguém da segurança na ponta da linha que pertence a estrutura nossa. Vai trocar! Se não puder trocar, troca o chefe dele! Não pode trocar o chefe dele? Troca o ministro! E ponto final! Não estamos aqui pra brincadeira — disse.
Na época, Bolsonaro protagonizava um embate com o então ministro da Justiça, Sérgio Moro. O ex-juiz e hoje senador se demitiu do governo sob a alegação de que Bolsonaro interferiu na PF ao demitir o então diretor-geral do órgão, Maurício Valeixo, e insistir na troca do comando da PF no Rio de Janeiro.
O áudio divulgado nesta segunda-feira após decisão do ministro Alexandre de Moraes foi apreendido no computador de Ramagem. O material tem 1 hora e oito minutos de duração.
Na ocasião, apontam os investigadores, foram discutidas supostas irregularidades cometidas por auditores da Receita Federal na elaboração de um relatório de inteligência fiscal que originou o inquérito contra Flávio Bolsonaro no caso das “rachadinhas”.
A existência da gravação veio à tona na última quinta-feira, quando uma nova fase da operação “Última Milha” foi realizada pela PF.
Respostas de 2
execravel, o adjetivo correto neste caso. so maracutaias, impressionante.
Eu percebi eu o ex presidente anti comunista e anti esquerda tem uma quedinha pelos russos, tanto que Foi visitar O Nanico Putin duas semanas antes da Rússia invadir a Ucrânia.