Mantimentos amparam pessoas isoladas pela baixa do nível dos rios
Mariana Alvarenga e Jussara Santos
Brasília – A partir da sexta-feira (26), as Forças Armadas iniciaram a entrega de mais 5.475 cestas de alimentos para 2.737 famílias na região amazônica. A ação faz parte da última etapa da Operação Estiagem do Comando Operacional Conjunto Amanaci, que leva apoio às comunidades atingidas pela seca dos rios amazonenses. Com estas, a operação totalizará 21.447 cestas entregues, o que representa mais de 461 toneladas. Para o atendimento das comunidades, são utilizados meios fluviais, aéreos e terrestres, totalizando mais de 86 mil km percorridos. O apoio logístico foi solicitado pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio).
Compostas por dez itens alimentares, dentre eles arroz, feijão, macarrão e óleo de soja, que somam mais de 20 kg, os mantimentos amparam pessoas que ficaram isoladas pela baixa do nível dos rios, que são fonte de subsistência e de deslocamentos.
No decorrer dessa semana, uma balsa do Centro de Embarcações do Comando Militar da Amazônia (Cecma) percorreu os rios com 3.676 cestas, com destino a São Gabriel da Cachoeira (AM), município com maior concentração indígena do Brasil. Situado próximo ao Pico da Neblina, a localidade faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela.
A cidade amazonense será o ponto de partida de 3.676 cestas que se destinam a mais de 1.800 famílias. Os alimentos serão distribuídos em Maturacá, Comunidade Nazaré, e na região da Calha do Rio Negro e da Foz do Rio Marauiá. Nesta etapa, a distribuição utilizará um avião C-105 Amazonas da Força Aérea Brasileira (FAB), meios fluviais, como balsa e voadeiras, e meios terrestres.
Além dessas, outras 1.619 cestas já estão sendo transportadas, via balsa da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (COMARA), de Manaus para Tefé e, posteriormente, pela aeronave C-105 Amazonas da FAB, para Carauari. Por fim, 180 serão conduzidas, no primeiro momento, por caminhão, de Manaus para Boa Vista, e, posteriormente, de helicóptero de uma das Forças Armadas, para a comunidade Xihopi.
Logística
Até o momento, a Operação Amanaci utilizou 54 viaturas, 41 embarcações e cinco aeronaves, entre avião e helicóptero. Foram percorridos aproximadamente 86 mil km para alcançar todos os destinos, sendo 15,5 km por rodovia; 58,8 km por via aérea e 12 mil km por rios. Cerca de três mil militares atuam na operação, em ações de planejamento e no transporte dos alimentos.
De acordo com o Chefe do Estado-Maior do Comando Operacional Conjunto Amanaci, Coronel Márcio Valevein, a condução dessas cestas envolve diversos desafios. “Não há estradas que conectam todas as comunidades. Os rios não navegáveis impedem o uso de embarcações de maior porte e, por meio aéreo, há a dependência quase que exclusiva de uso de helicópteros que, em sua maioria, carregam pouca carga comparado a um navio”, descreveu.
Para realizar as entregas, foi realizado um planejamento minucioso. Inicialmente, o ICMBio informou ao Comando Operacional Conjunto Amanaci as regiões a serem atendidas. Em seguida, verificou-se quais meios de transporte poderiam ser utilizados para, então, definir as linhas de ação e as demais necessidades. A Defesa Civil do Amazonas e organizações não governamentais também participam da operação.
Para a Analista Ambiental do ICMBio, Wilzer Cristiane Lopes Gonçalves, o apoio conjunto das instituições foi primordial para o cumprimento da missão. “Dada a expertise logística e o histórico de atuação das Forças Armadas no Estado do Amazonas, o apoio destas instituições é de extrema importância na consolidação da logística adequada para o acesso às comunidades situadas em áreas remotas e tradicionais como em unidade de conservação em terras indígenas”, disse.
O Coronel Valevein enfatiza que a Operação “leva esperança e dignidade a populações sofridas pelas secas amazônicas”. Para evitar que haja perdas e desperdícios nos deslocamentos das cestas de alimentos, ele conta que o trabalho toma um cuidado especial. “O carregamento do material é realizado de forma braçal pelos militares das três Forças Armadas, visto que o uso de equipamentos mecânicos poderiam rasgar as cestas. Além disso, antes do transporte, os alimentos são armazenados em ambiente climatizado”, disse.
Balanço da Operação
A distribuição das cestas ocorre desde outubro de 2023, quando os níveis dos rios estavam muito baixos impossibilitando a navegabilidade e a subsistência. A Operação foi dividida em quatro fases. Nas primeiras fases, foram atendidos os municípios de Tabatinga, Benjamin Constant, Atalaia do Norte, São Paulo de Olivença, Santo Antônio do Içá e Amaturá.
Além da entrega das cestas, a Operação Amanaci amparou os ribeirinhos e indígenas em assistência médica. Nas regiões atendidas, muitas etnias indígenas recebem o benefício, inclusive os yanomamis.
DEFESA
4 respostas
86 mil km? Deram duas voltas no planeta?
Li em outro informativo que uma grande carga saiu do Rio de janeiro. Será verdade, percorrer todo o Brasil para levar alimentos? Muito estranha essa logica. Comer o que outros produzem, pode. Só não podem produzir seu próprio alimento.
Aproveitem a viagem e levem sementes de milho ancestral, manivas de mandioca, ramas de batata doce, sementes de mamão, bananeiras, abacates, cenoura e outras guloseimas para o povo plantar. Levem também alambrados para galinheiros, criação de pacas, javalis e capivaras. Esse povo necessita de proteína animal. Se possível algumas varas e tarrafas para pesca. Em um ano a economia com fornecimento de alimentos vai ajudar a concluir alguma rodovias e ferrovias além do linhão de transmissão elétrica. Não será mas necessário comprar a energia da Venezuela por 10 vezes o que se pagava em 2022.
concordo: não de o peixe, ensine a pescar.