PL demite general que estava no gabinete de Pazuello contra a ordem de Alexandre de Moraes

Mario Fernandes acumulava um salário superior a R$ 15 mil com os proventos de general da reserva

Malu Gaspar
A liderança do PL exonerou o general da reserva Mario Fernandes do cargo de confiança que ocupava na Câmara dos Deputados, como assessor do gabinete do deputado federal Eduardo Pazuello.

O general trabalhava no gabinete de Pazuello desde o ano passado, cedido pela liderança, mas teve o afastamento das funções públicas determinado pelo ministro do STF Alexandre de Moraes no início de fevereiro. Ele é alvo do inquérito que investiga o ex-presidente Bolsonaro, ex-ministros e oficiais militares por planejar um golpe de Estado para impedir a posse de Lula após as eleições de 2022.

A decisão de demitir Fernandes foi comunicada pelo PL em uma nota oficial, depois que a equipe do blog revelou que Pazuello e o PL ainda não tinham cumprido a ordem de Moraes até agora.

Diz o comunicado assinado pelo líder do partido, Altineu Cortes (RJ): “A liderança do Partido Liberal na Câmara dos Deputados, tão logo tomou conhecimento do impedimento do senhor Mario Fernandes para exercer cargo público, determinou a sua exoneração do quadro de servidores lotados no gabinete”.

Fernandes, que é general da reserva e foi interino da Secretaria-Geral da Presidência sob Jair Bolsonaro, tinha um cargo de natureza especial (CNE) e recebia um salário de R$ 15.629,42 brutos.

O cargo de natureza especial é privativo das lideranças e da mesa da Câmara. Fernandes foi nomeado em 24 de março de 2023 pela liderança do PL e em seguida emprestado ao gabinete de Pazuello.

Fernandes era ministro interino da Secretaria-Geral da Presidência na reunião gravada em vídeo em que Bolsonaro exortou ministros a agirem contra o TSE e o sistema eleitoral brasileiro.

Na delação firmada com a Polícia Federal e homologada pelo Supremo, o ex-ajudante de ordens Mauro Cid define o general Mário, seu nome de guerra, como um dos militares mais radicais do núcleo golpista e defensor “incisivo” de um golpe de Estado para manter Bolsonaro no poder. Ele foi alvo de busca e apreensão na Operação Veritatis, deflagrada pela PF no dia 8.

De acordo com a PF, o general, que antes de ir para a reserva havia chefiado o Comando de Operações Especiais (Copesp) do Exército em Goiânia, foi acionado pelo núcleo golpista do Planalto em dezembro para tentar convencer o chefe do comando, Carlos Alberto Rodrigues Pimentel, a aderir ao plano de impedir a posse de Lula.

A determinação para que ele fosse suspenso das funções públicas foi dada por Alexandre de Moraes na mesma decisão em que autorizou a deflagração da Operação Tempus Veritatis, no início de fevereiro.

Além do general Mario, também estavam na lista de oficiais que deveriam ser afastados o tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, do comando do 1º Batalhão de Operações Psicológicas do Exército, sediado em Goiânia; o tenente-coronel Hélio Ferreira Lima, que comandava a 3ª Companhia de Forças Especiais, em Manaus; o tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Junior, de Brasília; o coronel Sergio Cavaliere de Medeiros e o subcomandante do Centro de Instruções de Guerra na Selva (Cigs), tenente-coronel Cleverson Ney Magalhães, que era subordinado do general Estevam Theophilo – outro investigado.

Todos foram afastados das funções pelo comandante do Exército, Tomás Paiva, com exceção de Theophilo, que já estava na reserva.

Além dos elementos colhidos na investigação da PF, o blog também publicou que o general Mario participou da ofensiva golpista com a divulgação de uma carta aberta ao então comandante do Exército, general Freire Gomes, pedindo ruptura institucional.

Na carta, que circulou nas redes bolsonaristas e em grupos de WhatsApp de oficiais das Forças Armadas em dezembro de 2022, Fernandes diz que o momento de reagir à iminente transição de poder para Lula seria “agora ou nunca mais”.

Segundo uma fonte da equipe do blog que recebeu a mensagem e a arquivou em seu aparelho, o texto circulou às vésperas da diplomação de Lula como presidente eleito, em 12 de dezembro – mesmo dia em que Brasília foi alvo de tumultos, com quebra-quebra e queima de veículos promovidos por bolsonaristas acampados na capital federal clamando por um golpe

A mensagem enviada aos grupos tem um teor semelhante ao discurso de Fernandes na reunião de julho com Bolsonaro, gravada em vídeo e apreendida pela PF no ano passado junto com o computador de Mauro Cid.

Na ocasião, Fernandes disse a Bolsonaro que era preciso agir logo, porque o segundo turno estava próximo, haveria pressão internacional para que o resultado das urnas fosse aceito e o risco de a população pensar que não houve fraude nas eleições, e portanto seria melhor “assumir um pequeno risco de conturbar o país” do que aguardar pelo “day after”.

O GLOBOEdição: Montedo.com

8 respostas

  1. O Deputado Pazuelo e o PL fizeram o certo. O General não foi condenado. O ministro do STF tá uma verdadeira ditadura. Manda nos 3 poderes.

    1. Engano seu; o STF sempre esteve quieto. Quem deu espaço ao STF foi o despreparado Bolsonaro, um ex presidente ignorante, de pouca leitura e que tentou implantar uma ditadura no país em pleno século XXI.

    2. Decisão judicial não se discute, se cumpre, acho que você nunca ouviu esse mantra quando militar, se é que foi algum dia. Descumprir decisão judicial é até motivo de intervenção se Não sabe, está na nossa Constituição. Pare de falar besteiras

  2. Tem uma turma aqui que só fala dos partidarios da direita. Do Lula ficam calados. Ai vem falar em justiça, Constituição…verdadeiros Hipócritas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo