Mensagens apontam receio de Mauro Cid em ser preso e busca pelo comando do Exército

O silêncio de Mauro Cid em depoimento à CPI irritou os deputados - (crédito: Ed Alves/CB/DA.Press)

Ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro foi consolado por general: “Nada lhe acontecerá”


Paolla Serra, Patrik Camporez e Sarah Teófilo

Brasília – Mensagens obtidas pela Polícia Federal no celular do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, indicam que ele estava preocupado com a possibilidade de ser preso após deixar o governo. O militar firmou um acordo de delação premiada, homologada em setembro do ano passado pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF).

Segundo relatório da investigação, em 2 de janeiro de 2023, Cid compartilhou com o general Estevam Theophilo, então comandante de Operações Terrestres (Coter) do Exército, o link de uma reportagem que tratava da possível prisão de Jair Bolsonaro. O texto diz que o auxiliar do do ex-presidente poderia ser preso já nas primeiras semanas do novo governo.

Na ocasião, Teophilo integrava o Alto Comando da Força, posto que ocupou até novembro do ano passado, quando passou para a reserva. Em resposta, o general diz que iria conversar com o recém-empossado comandante do Exército, general Júlio Cesar de Arruda, e garantiu: “Nada lhe acontecerá” .

Segundo a PF, a resposta dada por Teophilo a Cid “demonstra que os investigados, já durante o novo governo, ainda acreditavam que poderiam interferir nas investigações criminais em andamento”.

Em outra conversa obtida pela PF, Cid também comenta as ordens de prisões de Moraes a integrantes do governo do Distrito Federal, relacionadas ao 8 de janeiro, e se mostra aliviado. “Nessa guerra toda pelo menos eles me esquecem… Eu acho”.

Cid viria a ser preso quatro meses depois, em 3 de maio de 2023, junto com outros cinco suspeitos de participarem de um esquema de falsificação de cartões de vacina.

Arruda deixaria o cargo menos de um mês após assumir, em 21 de janeiro do ano passado, na esteira do desgaste sofrido pelo Exército com os atos golpistas de 8 de janeiro.

Entre os motivos da demissão também estava a recusa de Arruda em revogar a nomeação de Cid no 1º Batalhão de Ações de Comandos, unidade de Operações Especiais localizada em Goiânia. O ex-auxiliar de Bolsonaro havia sido nomeado para a função no fim do governo anterior.

A justificativa dada pelo ministro da Defesa para a exoneração foi “quebra de confiança”. Cid teve a nomeação anulada pelo atual comandante da Força, general Tomás Paiva.

Procurado, Estevam Theophilo ainda não respondeu aos contatos da reportagem. Já a defesa de Mauro Cid disse que não teve acesso aos autos da última operação. “Enquanto não tivermos tudo, não podemos emitir conclusões, até pelo sigilo que assiste a investigação”.

O GLOBO

6 respostas

  1. Veremos se nada vai acontecer, veremos. A justiça comum não é a parcial justiça militar. O STM não pune oficiais, mas o STF vai punir exemplarmente esses traidores da pátria. Que todos esses traidores sirvam de exemplo para que nunca mais atentem contra a democracia brasileira.

  2. Esse Teóphilo disse que interviria junto ao Comandante do EB quanto ao Cid, tal fato deve ter ocorrido, por que? Pois o Comandante do EB a época não tirou o Comando do Cid. Espero que todos paguem e irão pagar pelos seus crimes.

  3. Um bando de oficiais incompetentes que estudaram a vida toda e nem para fazer o básico conseguem. Não temos conflitos externos para colocar a prova os ” altos estudos” adquiridos. Vivemos no conto da carochinha….os mais espertos dão baixa e vão para iniciativa privada ou cargos públicos melhores…Ficam essas coisas

  4. Essas investigações apenas colocam de público as incestuosas relações que se mantém dentro dos quartéis onde regras particulares são criadas em benefício próprio, ou já se esqueceram da expressão “R-Quero”, das punições arbitrárias, as “peixadas” e por aí vai

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