Fakenews: “Mulher Maravilha” não se alistou no exército de Israel

Foto de Gal Gadot servindo nas Forças Armadas de Israel circula pelo menos desde 2017

Uma foto da atriz israelense Gal Gadot se apresentando para o serviço militar em Israel não tem relação com o conflito do país com o grupo palestino islamita Hamas em 2023. A imagem, compartilhada mais de 1,4 mil vezes desde pelo menos 1º de novembro, tem sido difundida como se Gadot estivesse se alistando para lutar no confronto deflagrado em 7 de outubro passado. Mas o registro circula pelo menos desde 2017 e foi feito no início dos anos 2000 pelo fotógrafo Shaul Golan, que conversou por telefone com a AFP.

“A atriz israelense Gal Gadot, que interpretou a Mulher Maravilha no filme de Hollywood, aparece para o serviço militar”, diz uma das publicações compartilhadas no X (antes Twitter). A imagem também circula no Facebook.

Em 7 de outubro de 2023, o Hamas realizou um ataque contra Israel que matou pelo menos 1.400 pessoas, em sua maioria civis, e deixou mais de 200 reféns, segundo as autoridades israelenses. Isso desencadeou uma guerra que, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, gerido pelo Hamas, matou ao menos 10.800 pessoas na região, incluindo mais de 4,4 mil menores de idade.

Mas a imagem de Gadot, mais conhecida por ser a protagonista do filme “Mulher-Maravilha” em 2017, não foi feita nesse contexto.

Uma busca reversa no Google Lens pela fotografia viral trouxe como resultado uma publicação no X com o mesmo registro, em junho de 2017, do jornal israelense Yedioth Ahronoth, com a descrição: “A #mulhermaravilha Gal Gadot em seu primeiro dia no exército de Israel. Ótima foto de Shaul Golan”.

Em 7 de novembro, o AFP Checamos entrou em contato com Golan, que disse não se lembrar da data exata em que fez o registro. A pedido da AFP, ele também enviou uma versão em melhor resolução da fotografia. Usando o reconhecimento óptico de caracteres (OCR) hebraicos e um tradutor, é possível ver que a imagem contém o nome de Golan e o do jornal (Yedioth Ahronoth) no lado superior direito.

Já a placa ao fundo diz “Tel Hashomer”, base onde alguns israelenses se apresentam para o serviço militar. Usuários também apontaram o detalhe em respostas à publicação feita no X pelo jornal, em 2017.

Em Israel, o serviço militar é obrigatório para os cidadãos com mais de 18 anos, com algumas exceções. Os homens devem servir por um período de pouco mais de dois anos e meio, e as mulheres, por no mínimo dois anos. Gadot serviu nas Forças de Defesa de Israel (IDF, na sigla em inglês) de 2005 a 2007 (1, 2, 3, 4).

Em 2006, a atriz integrou as forças armadas do país na guerra contra o Líbano, razão pela qual anos depois “Mulher Maravilha” foi proibido de ser exibido no país, como foi noticiado por vários meios de comunicação à época (1, 2, 3).

Desde o início do conflito em 2023 a atriz tem publicamente demonstrado apoio a Israel. No dia 8 de novembro, Gadot também ajudou a organizar a exibição de um filme sobre o ataque do Hamas (1, 2). No entanto, não há notícias de que Gadot tenha se alistado novamente.

O AFP Checamos também tentou contato com a assessoria de imprensa da atriz, mas não obteve resposta até a publicação desta checagem.

Referências
Publicação de 2017 no X do jornal Yediot Ahronot
Reportagens sobre o serviço militar de Gal Gadot (1, 2)

AFP Brasil

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