As conexões por trás do maior roubo de armas da história do Exército

ARMAMENTO APREENDIDO NO RIO

O crime deu origem a uma investigação sem precedentes nas Forças Armadas
Bruno Caniato
O inacreditável episódio do roubo de um quartel do Exército em São Paulo de 21 armas, entre metralhadoras e fuzis, algumas delas capazes até de derrubar helicópteros, que veio à tona no último dia 16, teve outro componente aterrador: o indício forte de que uma parte das Forças Armadas tem conexões com os bandidos, incluindo as milícias do Rio de Janeiro. No curso das investigações que resultaram na recuperação de dezesseis peças do arsenal até quinta passada, 26, descobriu-se que parte dele havia ido parar rapidamente na Gardênia Azul, área da Zona Oeste da capital fluminense dominada por milícias ligadas ao Comando Vermelho (CV). Oito peças estavam no porta-­malas de um carro na região. Segundo a Polícia Civil do Rio de Janeiro, os bandidos teriam recusado a mercadoria pelo fato de as armas não estarem em boas condições.

Além de representar o maior roubo de armas da história do Exército, o crime deu origem a uma investigação sem precedentes nas Forças Armadas — quando o caso veio à tona, 480 militares foram “aquartelados” na cida­de de Barueri, local do roubo. As apurações chegaram ao número final de 27 suspeitos, que já foram libertados — sete devem ser indiciados à Justiça Militar por participação direta no caso e os demais enfrentarão processos administrativos por “negligência”, de acordo com o chefe do Estado-Mai­or do Comando Militar do Sudeste, general de brigada Maurício Vieira Gama. Dezessete militares já começaram a cumprir vinte dias de prisão administrativa por “falha de conduta e/ou erro de procedimento nos processos de fiscalização e controle de armamento”. O crime levou ainda à exoneração do diretor do Arsenal de Guerra de São Paulo, tenente-coronel Rivelino Barata de Sousa Batista — não há indícios de que o oficial tenha participado, mas ele se tornou alvo de forte pressão devido à repercussão negativa do incidente. É o mínimo a ser feito diante de uma situação tão preocupante.

veja

10 respostas

  1. Há alguma coisa no regulamento em “ser discreto em suas palavras e atitudes”, ou havia, não sei mais.
    Ocorre que se há essa orientação, há muito deixou de ser respeitada. Dezenas, centenas, senão milhares se expõe nas redes sociais, são os militares digital influencers. Ficou muito mais fácil saber informações que podem ser usadas para cooptar, pela sedução ou pela violência, os militares.

    1. A própria Instituição se expõe sem necessidade alguma.

      Há recentemente exisitiam vídeos do próprio EB em suas mídias sociais ensinando desmontagem e manutenção de metralhadora “ponto cinquenta”.

      Atualmente quase todas as OM tem o seu “instagram”.

      A própria Instituição dá o exemplo.

      Como dizem: falta de uma guerra.

  2. Não faltou gente com rancor para dizer do envolvimento de Oficiais (das Armas). Os que disseram não se submetersm aos 4 anos de forja no Berço de Heróis que é nossa Academia Militar.
    Agora as investigações policiais confirmam, nenhum Oficial das Armas envolvido, como se esperava, e nem mesmo de Quadros/Serviços.
    A formação do nosso caráter é o que de mais precioso a Academia nos deu.

  3. “Na ação, Lamarca, que tinha ingressado na VPR (Vanguarda Popular Revolucionária) -grupo de esquerda adepto da luta armada e de atos terroristas contra a ditadura- deixou Quitaúna com 63 fuzis, dez metralhadoras e munição.”
    ou seja, o maior roubo da história do EB não foi o mencionado na reportagem.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo