Desde o início dos anos 1990, estado contou com apoio das forças federais para conter crime organizado; veja linha do tempoCamila Zarur, Italo Nogueira
RIO DE JANEIRO – O trem e os 35 ônibus queimados e o caos instalado na zona oeste do Rio de Janeiro após a morte de um miliciano da região adicionaram mais um capítulo às sucessivas crises na segurança pública do estado.
Especialistas apontam que, ao longo dos últimos 30 anos, o estado variou diferentes políticas de combate ao crime de forma ineficaz, num movimento pendular do policiamento comunitário sem estrutura às operações letais com graves efeitos colaterais.
Ao longo das sucessivas crises, o governo federal ofereceu reforço com as Forças Armadas e a Força Nacional de Segurança sem atacar as raízes que levam o Rio de Janeiro à constante iminência de crise. O governo Lula inicia nesta semana mais uma tentativa de apoio ao governo local, com agentes da Força Nacional e da Polícia Federal.
RELEMBRE AÇÕES MARCANTES CONTRA A VIOLÊNCIA NO RIO
Junho de 1992 — Forças Armadas reforçam segurança para a Eco-92
Julho de 1993 — Oito jovens são mortos por policiais militares de folga no centro do Rio. Caso ficou conhecido como Chacina da Candelária
Agosto de 1993 — Em Vigário Geral, na zona norte do Rio, 21 pessoas são mortas em uma chacina feita por grupo de extermínio, formado em sua maioria por policiais militares
Outubro de 1994 — Em uma nova chacina, ação das polícias Militar e Civil deixa 13 mortos em comunidade do Complexo do Alemão, na zona norte. Episódio ficou marcado como Chacina de Nova Brasília 1
Outubro de 1994 — Início da Operação Rio, pelas Forças Armadas. Então governador do estado, Nilo Batista, passa responsabilidade do combate ao crime para o governo federal e promete “faxina na polícia”
Maio de 1995 — Novamente uma ação das polícias Militar e Civil deixa 13 mortos em Nova Brasília, no Complexo do Alemão. Os dois casos são levados à Corte Interamericana de Direitos Humanos e se tornaram exemplo de letalidade policial
Novembro de 1995 — Gestão Marcello Alencar institui a “gratificação faroeste”, estimulando a letalidade policial
Dezembro de 1998 — Exército apoia segurança do 15ª Reunião do Mercosul, no Rio
Junho de 1999 — Exército apoia segurança do encontro de 49 chefes de estado no Rio
Dezembro de 1999 — Governo do Rio cria o ISP (Instituto de Segurança Pública), que produz e analisa dados da violência no estado
Julho de 2000 — Gestão Anthony Garotinho institui o Gpae (Grupamento de Policiamento em Áreas Especiais), com a política de policiamento comunitário
Janeiro de 2001 — Exército é mobilizado para atuar em apoio aos órgãos de segurança contra crime organizado
Fevereiro de 2003 — Marinha e Exército são mobilizados para atuar em apoio aos órgãos de segurança contra crime organizado
Dezembro de 2004 — Forças Armadas ajudam na segurança da 18ª reunião do Grupo do Rio, colegiado formado por chanceleres de países da América Latina e Caribe para debater políticas públicas para a região.
Março de 2005 — Trinta pessoas são baleadas em diversos pontos da Baixada Fluminense, na região metropolitana. Apenas uma pessoa sobreviveu. Suspeita é de que caso, conhecido como Chacina da Baixada, tenho sido uma represália de policiais a trocas de comando na corporação
Dezembro de 2006 — Facções criminosas fazem ataques com 18 mortes e 32 feridos; Palácio Guanabara e cabines da PM são atacados.
Janeiro de 2007 — Lula, no início de seu segundo mandato, envia Força Nacional para reforço na segurança após escalada de violência
Janeiro de 2007 — Exército apoia segurança do encontro da cúpula do Mercosul, no Rio
Novembro de 2008 — Início do projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora). Primeira base é instalada no morro Santa Marta, em Botafogo
Novembro de 2010 — Ocupação da Vila Cruzeiro e Alemão com apoio das Forças Armadas, que ficam por dois anos nas comunidades até instalação das UPPs. Militares passam a apoiar ocupações prévias às UPPs
Julho de 2011 — Forças Armadas reforçam segurança nas áreas do Jogos Mundiais Militares
Junho de 2012 — Forças Armadas reforçam segurança da Rio+20
Junho de 2013 — Forças Armadas contribuem com a segurança na Copa das Confederações, Jornada Mundial da Juventude e visita do papa Francisco. Começam as manifestações com críticas às três instâncias de governo.
Janeiro de 2014 — Início da operação Lapa Presente, que, anos mais tarde, se torna o programa Segurança Presente. Na época, iniciativa era tocada em parceria entre governo federal, estadual e associações de comércio
Abril de 2014 — Ocupação do Complexo da Maré pelo Exército. Forças Armadas ficam na região por um ano.
Julho de 2016 — Forças Armadas reforçam segurança durante a Olimpíada de 2016.
Julho de 2017 — Michel Temer, como presidente, autoriza uso das Forças Armadas e Força Nacional na segurança pública do Rio de Janeiro
Fevereiro de 2018 — Início da Intervenção federal no Rio de Janeiro, que dura um ano.
Janeiro de 2019 — Wilson Witzel toma posse como governador e extingue a Secretaria de Segurança. Junto com a pasta, também é extinta a Corregedoria-Geral Unificada das Polícias.
Junho de 2020 — O ministro do STF Edson Fachin restringe operações policiais durante pandemia para diminuir letalidade policial (ADPF das Favelas)
Maio de 2021 — Operação mais letal da história do RJ na favela do Jacarezinho termina com 28 mortos, entre eles um policial
2 respostas
De 1992 a 2010 o Exército praticamente não atuou em conjunto com as demais forças de segurança em combate diretamente ao crime organizado, mas sim em reuniões e encontros de chefes de Estado, ou na chegada do PAPa ppr exemplo, no dia a dia quem sofre com a violência desenfreada e tem que ir para matar ou morrer é a PM. E as ações são violentas sim, basta lembrar que na ” pacificação de 2018, tivemos a perda de 6 jovens militares, que estavam atuando em apoio aos demais órgãos de segurança pública. Com essas perdas em tão pouco tempo, de membros de um contigente tão grande em terreno, faz ter uma Ideia real do que as polícias passam no dia a dia no RJ ( estando entregues a própria sorte, entre a cruz e a espada), atualmente ser um PM honesto no RJ, já podem ser considerados os futuros pracinhas de guerra…
Pracinha lutou por 2 ou 3 anos ( todo mérito) e voltou pra casa. O PM volta pra casa quase todo dia por 35 anos. Dorme do lado do inimigo. Vai em restaurante do lado do inimigo. Tem filhos na escola, etc… Na guerra vc é mortou ou capturado. O PM vai ter sorte se sua morte for súbita em missão ao invés de ir pra um microondas da vida. Triste. Respeitem o PM antigão que já passou por tudo isso