Planalto articula para adiar a recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos e modular uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC)
Bernardo Mello
Na esteira da CPI do 8 de Janeiro, que terminou com pedidos de indiciamento de militares de alta patente, o governo Lula age para mitigar outras possíveis frentes de atrito com as Forças Armadas. Auxiliares do Palácio do Planalto articulam para adiar a recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, que depende de um decreto presidencial cuja minuta está em análise na Casa Civil. Em outra frente, governistas atuam para modular uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC) em tramitação no Senado que busca restringir a entrada de militares da ativa na política.
Relator da PEC na Comissão de Constituição e Justiça, o senador Jorge Kajuru (PSB-GO) promete incluir uma exigência de que militares se afastem em definitivo da caserna caso assumam posto de ministro ou de secretário-executivo. O texto apresentado pelo líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), apenas obrigava a passagem à reserva para os que se candidatassem em eleições. Pela regra atual, a depender da patente, o militar candidato pode voltar à ativa.
A base do governo articula, porém, para que a versão mais enxuta prevaleça antes da votação em plenário. Ao GLOBO, Wagner reiterou ontem que considera a restrição em ministérios prejudicial aos militares, por se tratar de algo distinto de uma candidatura, “que só depende” do próprio militar.
— Entendemos, em um debate feito a muitas mãos, que a questão do ministério é uma prerrogativa do presidente. É importante agir com razoabilidade nessa matéria — afirmou Wagner.
Kajuru, por outro lado, afirma já ter levado a Wagner seus argumentos para incluir o veto em ministérios, e chamou para si a responsabilidade da decisão. Embora faça parte da base do governo, o senador tem perfil considerado mais “independente”.
— Essa era a única discórdia, mas minha decisão (de incluir a vedação em ministérios) está tomada e creio que temos votos, mesmo que algumas vozes eventualmente discordem — disse Kajuru.
O senador deve se reunir hoje com o ministro da Defesa, José Múcio, antes de emitir seu relatório. A PEC apresentada no Senado foi gestada no Ministério da Defesa, em interlocução com os comandantes das Forças Armadas, e previa tanto o veto eleitoral quanto ao cargo de ministro.
Parte dos interlocutores de Lula teme que o bloqueio aos ministérios seja mal recebido na caserna. Wagner apresentou a PEC em setembro sem esse trecho, atendendo a um pedido do senador Otto Alencar (PSD-BA), seu aliado, que chegou a ser cotado como relator. Múcio, por sua vez, sinaliza para uma pacificação.
— Não causa nenhum atrito (com as Forças), a ideia original da PEC já era vedar a participação em ministérios. Alguns senadores entenderam que, retirando isto, a tramitação seria mais fácil. Isso é parte da dinâmica do Parlamento — minimizou o ministro.
Sem “revanchismo”
Já a proposta de recriação da Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, extinta em dezembro de 2022, é um tema mais sensível para interlocutores do Planalto. O Ministério dos Direitos Humanos, sob a gestão de Silvio Almeida, formulou uma minuta de decreto presidencial para reativar o colegiado. A Casa Civil pediu pareceres ao Ministério da Justiça — a pasta, chefiada por Flávio Dino, se disse favorável— e à Defesa, que ainda não se manifestou formalmente.
Segundo interlocutores do ministro José Múcio, ele vem conversando com Almeida sobre a importância de aguardar um momento menos “turbulento” para tratar da retomada da comissão, que historicamente causa incômodo a militares. Aliados do governo Lula no Congresso também avaliam que é preciso cautela para evitar uma imagem de “revanchismo”.
A Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos foi criada em 1995 para identificar vítimas da ditadura e indenizar familiares. O governo Bolsonaro mudou a composição do colegiado, com sete membros, e formou maioria para encerrar as atividades. Auxiliares de Lula anteveem desgaste com a recriação.
Desde o início do ano, quando estremecimentos na relação entre Lula e as Forças Armadas após o 8 de Janeiro levaram à troca do comando do Exército, auxiliares do Planalto tentam distensionar a relação. Episódios recentes exigiram mais movimentos diplomáticos de interlocutores de Lula para apaziguar possíveis tensões. Além do relatório final da CPI dos Ataques Golpistas, apresentado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) com pedidos de indiciamento de 31 militares ou ex-militares, incluindo dois ex-comandantes do Exército e da Marinha e outros sete generais, outro episódio foi a prisão e a delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, investigado por fraudes em cartão de vacinação e por atos antidemocráticos.
11 respostas
Um reajuste no soldo em 2025 iria cumprir esse objetivo
Enquanto isso….Lula e o PT seguem arrochando o salário dos Praças…já os civis se articulam para receber vantajosos Reajustes de dois Dígitos percentuais!!!
Quem segue “pagando o pato” é a tropa que possui salários baixíssimos…
Mais do que nunca, a influência Bolsonarista seguirá firme na Caserna….infelizmente Lula, por revanchismo e Rancor, não tem interesse em valorizar o “pessoal do chão de fábrica”!!
A Lei Magna é para todos os brasileiros, sem distinção.
Se der 5% de aumento pra “nóis” pagá as dívida nóis passa a apoiar o PT
Assinado: QE tosco e Sub endividado (que não consegue passar Na Prova Do CHACAL )
Obs. Contém Ironia
Si eles dérem 5% de reaguste agente fazemos ate campanhia Pro Lula.
Deve ter oficiais generais nesse meio, porque se fossem só praças graduados, não estariam dando tanta importância!
“Nois si” vende pro Lula por 5% de “almentu” em 5X.
Assinado: QE que que nem de carreira é!!!
Obs: CONTEM IRONIA.
Anaufabeto, você gosta mesmo de fazer pacto com o Diabo
Sabi de uma coiza, você tá serto, se eu si vede pro lula vou acabar pecando contra ais forsas do beim.
Apaziguar??? Como assim???
Quem supostamente pratica crime, deve responder conforme suas ações e omissões conforme previsão legal. Estamos em uma República, não na casa da mãe Joana…
Apaziguar…essa é boa.
Se os Sgt QE sair STEN o lula vai ganhar 5 mil cabos eleitorais em 2026, vai ganhar a reeleição com 99,99% dos votos se as urnas estiverem em QAP. Kkkkk