O secretário de África e Oriente Médico do Ministério das Relações Exteriores do Brasil afirmou que a informação sobre brasileiros entre os reféns ainda não está confirmada.
O Exército de Israel deu informações contraditórias nesta quarta-feira (11) sobre o suposto sequestro de cidadãos brasileiros pelo grupo terrorista Hamas.
A informação veio do porta-voz das Forças de Defesa de Israel, Jonathan Conricus. Ele disse que entre os israelenses que estão sendo mantidos reféns dentro da Faixa de Gaza muitos têm dupla nacionalidade, e citou algumas – inclusive brasileiros.
“O que vimos hoje e mostramos ao mundo são as atrocidades do que o Hamas fez: 1,2 mil israelenses mortos, 2,7 mil feridos. Dezenas de israelenses estão sendo mantidos em cativeiro dentro de Gaza pelo Hamas. Inclusive, muitos com dupla nacionalidade. Então, isso não é só um desafio israelense. É uma preocupação de muitos dos países livres do mundo. Temos americanos, britânicos, franceses, alemães, italianos, brasileiros, pessoas da Argentina, Ucrânia e muitos outros países. Não lembro da lista toda porque é muito longa. Essas são as pessoas, civis, que o Hamas arrastou para Gaza e está mantendo em cativeiro”, afirmou Jonathan Conricus.
Poucas horas depois, em Brasília, o secretário de África e Oriente Médico do Ministério das Relações Exteriores afirmou que a informação sobre brasileiros entre os reféns ainda não está confirmada.
Na tarde desta quarta-feira, o jornal “Folha de S.Paulo” publicou uma reportagem com uma nova declaração do porta-voz das Forças de Defesa de Israel. Ele disse que não está completamente confirmada a informação de que há brasileiros entre os reféns e que informações sobre a possível presença de brasileiros são fruto de relatos de fontes anônimas e do trabalho em campo dos militares. A embaixada de Israel em Brasília confirmou essa versão.
Desde sábado (7), a brasileira Karla Stelzer Mendes, de 41 anos, está desaparecida. Ela estava no festival de música próximo à Faixa de Gaza que foi atacado pelo Hamas – nessa mesma festa, dois outros brasileiros foram mortos. Karla tem cidadania israelense e mora no país com o filho de 19 anos. As autoridades estão procurando por ela.
“Nossa embaixada está em estreito contato com as autoridades locais, buscando as informações disponíveis, mas até o momento não temos nenhuma novidade”, afirma Aloysio Gomide, diretor do Departamento Consular do Itamaraty.
Em outra frente, o governo brasileiro busca viabilizar um plano de retirada de brasileiros que estão na Faixa de Gaza. A saída seria por terra, pela fronteira com o Egito. A representação brasileira na Cisjordânia afirma que 28 pessoas querem voltar ao Brasil; entre elas, há 15 crianças.
O ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, que está em viagem ao sudeste asiático, disse que conversou por telefone com o chanceler do Egito, Sameh Shoukry.
“Conto com o apoio egípcio para isso e creio que será a saída para evacuar os brasileiros que se encontram nessa região conflagrada e correndo risco. Dessa forma, estarão sãos e salvos no território egípcio e estamos trabalhando, portanto, para conseguir informar ao governo egípcio da documentação e do horário, dia e horário em que o ônibus passaria”, diz.
O chefe do escritório do Brasil na Cisjordânia, o embaixador Alessandro Candeas, disse que, nesta quinta-feira (12), 13 brasileiros vão ser hospedados em uma escola católica em Gaza e os outros 15 preferiram aguardar a repatriação em casa.
“Eles estão desesperados e o desespero deles é o desespero nosso, da nossa equipe aqui na Palestina. Nós queremos, o mais rápido possível, retirá-los de lá. Estão começando a passar fome. Sim, não há mais água nem esgoto. Muitas vezes a energia é cortada, o que dificulta, naturalmente, a nossa comunicação com eles; a internet é cortada”, afirma.
Shahed Al-Banna, de 18 anos, vive essa angústia. Ela e a irmã são paulistanas, foram morar em Gaza há um ano e meio. Por causa dos bombardeios, elas buscaram abrigo na casa de uma tia, junto com outras 20 pessoas.
“Todos são inocentes, que não tem culpa. Não temos tempo suficiente para sair, porque temos medo de sermos feridos. Então a gente vai ficar aqui até acabar o ataque”, conta.
Na manhã desta quarta-feira (11), a repórter Luisa Vaz conversava com ela por telefone, exatamente no momento em que uma região perto da casa estava sendo atacada.
“Eu já perdi três primos até agora nessa guerra. Eu já vi pessoas feridas, já vi muito sangue no chão. Eu estou morrendo de medo. Todo mundo aqui está com medo, estamos nervosos”, emocionou-se.
A FAB já está avaliando dois aeroportos do Egito para retirar os brasileiros de lá, depois que o país autorizar a travessia. O Aeroporto de Al Arish, que fica a cerca de 53 km de Rafah, que fica na fronteira com a Faixa de Gaza, e o aeroporto da capital, Cairo, a cerca de 400 km.
“Temos certeza que, apesar da sensibilidade desta missão, o pessoal da Faixa de Gaza e da Cisjordânia, temos certeza que traremos todos, esperando a abertura e o fechamento que acontecem nas fronteiras em situações como essa, para que possamos trazer esses milhares de brasileiros que aguardam nosso apoio. Mostrando que o Brasil é realmente muito grande”, diz o comandante da Aeronáutica, o tenente-brigadeiro do ar Marcelo Kanitz Damasceno.
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parei em Folha de São Paulo.
Na hora do Jornal Nacional de hoje, 12/10/2023