O analista de controle externo Carlos Leandro dos Santos denunciou que foi vítima do crime por conta do cabelo. Suspeito é o coronel da reserva remunerada Herácles Zillo.
Guilherme Peixoto, Márcia Brasil, RJ1
A Justiça do Rio aceitou a denúncia de racismo contra um coronel da reserva do Exército, que tem um cargo de chefia no Tribunal de Contas do Estado (TCE). O chefe comparou um auditor do órgão a um macaco. A decisão é da 16ª Vara Criminal que tornou réu o coronel Herácles Zillo, coordenador de transportes do órgão.
A vítima é um funcionário de carreira do órgão que tem 11 anos no local e tem o trabalho reconhecido no combate à corrupção. Carlos Leandro dos Santos é analista de controle externo.
Segundo a denúncia, o auditor ouviu falas preconceituosas no setor de transporte do tribunal. Ele teria ido ao local pedir um carro para um compromisso institucional, e reclamar de um aplicativo que não estava funcionando.
Lá, Carlos disse que ouviu do coordenador do transporte, o coronel Herácles Zillo, que “viatura para ele, só depois de cortar o cabelo”.
Ainda de acordo com o analista de controle, o militar estava com outro homem, e ouviu quando um deles o comparou com um “macaco-prego”. O analista não teve o pedido de carro atendido.
O advogado de Carlos afirmou que pretende pedir uma acareação.
“O que eu ouvi do Leandro num primeiro momento foi muito choro. Um choro de uma pessoa intelectual, estudiosa, que sequer conseguia se expressar dada a gravidade daquele ato. Se tratando de um homem negro que teve seu cabelo questionado é evidente que teve um crime de racismo”, destaca Djeff Amadeus.
Herácles Zillo tem 62 anos e é da reserva remunerada do Exército. Ele se graduou na Academia Militar das Agulhas Negras (Aman), em Resende, no Sul Fluminense. O coronel tem cargo no TCE desde 2021.
Em nota, a defesa alega que Héracles “com perplexidade, que tomou ciência da decisão de recebimento da denúncia através da imprensa”, que se defende em procedimento disciplinar e que vai provar que não praticou racismo (veja a íntegra da nota no fim da reportagem).
Além do Ministério Público do Estado (MPRJ), a corregedoria do TCE também abriu investigação.
Depois de denunciar que foi vítima de racismo, o auditor Carlos Leandro pediu transferência para o Ministério Público de Contas. Ele aceitou uma redução salarial na nova função para se afastar do TCE.
Já o coronel Herácles Zillo, agora réu na justiça, continua na função. Ele deve entregar defesa por escrito à justiça. Depois disso, será marcada a primeira audiência do caso.
“[É preciso] Fazer com que outras pessoas entendam a gravidade desse ato. Situações como essas não podem mais ser admitidas. É inaceitável o que ocorreu e nós vamos buscar justiça a todo custo”, diz o advogado da vítima.
O que dizem os citados
Veja a nota da defesa de Herácles Zillo: “A defesa do Sr. Héracles Zillo declara, com perplexidade, que tomou ciência da decisão de recebimento da denúncia através da imprensa. O Sr. Zillo se defende em procedimento disciplinar perante a Corregedoria do TCE/RJ, bem como em inquérito perante a Delegacia de Crimes Raciais, tendo demonstrado todas as razões para o arquivamento dos feitos, uma vez que não praticou qualquer ato de racismo, como corroboram todas as testemunhas ouvidas. Chama a atenção o fato de que o Ministério Público ofereceu denúncia sem sequer ter intimado o Sr. Zillo para prestar esclarecimentos. A defesa está certa de que irá demonstrar ao Poder Judiciário os fundamentos para a rejeição da denúncia, por razões de justiça”, diz o texto assinado pelo advogado Taiguara Libano Soares.
O Tribunal de Contas do Estado afirmou que repudia qualquer tipo de discriminação e que, a comissão criada para investigar o caso ouviu os envolvidos e as testemunhas e encaminhou o processo administrativo para a Procuradoria-Geral do TCE. Ainda segundo o órgão, após a análise da procuradoria, a Corregedoria-Geral deve adotar as medidas necessárias.
A Polícia Civil explicou que a Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) investiga o caso e que ouviu testemunhas.
7 respostas
Isso sim é inveja! Enquanto a vítima e servidor de carreira, obtida mediante concurso de provas e títulos, o outro entrou por indicação, em cargo de indicação demissível ad nutun, o que deve acontecer por conta da sentença ou por conta do Chefe da Instituição.
O suprassumo da inveja falando em sua especialidade.
Risível
Obrigado!
Ad nutum
O que esses senhores não fazem por uma boquinha na Reserva.
Coronel chefe de garagem!
Depois se acham “semi-deuses” quando na Ativa.
Vai estudar pra virar auditor coronel.
Seu concurso é de nivel medio, cobrava matematica e geografia na prova. Vai ver a concorrencia e o edital para auditor do TCE.
parece que o coronel foi absolvido sem julgamento