CPI analisa e-mails de Mauro Cid negociando venda de Rolex recebido em viagem oficial por R$ 300 mil

Em troca de mensagens, interlocutora pergunta quanto Cid espera receber por peça. Defesa de ex-ajudante de ordens diz que não teve acesso às mensagens do militar

Camila Turtelli, Lauriberto Pompeu e Eduardo Gonçalves

Brasília – A Comissão Parlamentar de Inquérito Mista (CPMI) do 8 de janeiro analisa e-mails do tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, negociando um relógio da marca Rolex recebido em uma viagem oficial.

CPI do 8 de Janeiro: colegiado aprova quebra de sigilo bancário e telefônico de Mauro Cid e Anderson Torres
R$ 3,2 milhões: Senador pede à PF abertura de inquérito contra Mauro Cid por após Coaf apontar movimentação atípica

O que é abordado nos e-mails de Mauro Cid?
De acordo com o material em posse da comissão, em 6 de junho de 2022, Cid recebeu um e-mail em inglês de uma interlocutora. “Obrigado pelo interesse em vender seu rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui”, disse ela. “Quanto você espera receber por ele? O mercado de rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”, escreveu.

“Oi, Mauro. Obrigado pelo interesse em vender seu rolex. Tentei falar por telefone, mas não consegui. Você pode, por favor, me dizer se tem a garantia original ou certificado deste relógio. Quanto você espera receber por ele? O mercado de rolex usados está em baixa, especialmente para os relógios cravejados de platina e diamante, já que o valor é tão alto. Eu só quero ter certeza que estamos na mesma linha antes de fazermos tanta pesquisa”, disse a interlocutora.
Em resposta, Mauro Cid disse que não possuía o certificado do Rolex, pois “foi um presente recebido durante uma viagem oficial”, e que pretendia vender a peça por US$ 60 mil (cerca de R$ 300 mil, em cotação atual). Os e-mails não detalham o contexto do recebimento do relógio.

“Oi, nós não temos o certificado deste relógio, pois foi um presente recebido em uma viagem oficial de negócios. O que nós temos é um selo verde do certificado que acompanha o relógio. Eu também posso garantir que o relógio nunca foi usado. Eu espero conseguir por ele um montante em torno de US$ 60.000,00”, responde Cid.

Joias de Bolsonaro

Divulgação/Defesa Bolsonaro

Em outubro de 2019, durante uma visita à Arábia Saudita, o então presidente Jair Bolsonaro recebeu um conjunto de joias, composto por um Rolex, um anel, uma caneta e um rosário islâmico, do rei Salman bin Abdulaziz Al Saud.

Em 6 de junho de 2022, mesma data do e-mail em que Mauro Cid negocia um relógio, o Rolex recebido por Bolsonaro foi encaminhado para o gabinete da Presidência da República, segundo documentos que estão em posse da CPI. O Gabinete Adjunto de Documentação Histórica da Presidência, que cuida do acervo, recebeu o relógio em 27/03/2020.

O item de luxo foi devolvido pela defesa de Bolsonaro em abril deste ano, após a Polícia Federal instaurar uma investigação para apurar outro conjunto de joias da Arábia Saudita, avaliado em R$ 5 milhões, retido pela Receita Federal no aeroporto internacional de Guarulhos (SP), conforme revelou o jornal O Estado de S. Paulo. O ex-presidente nega qualquer irregularidade.

Como ajudante de ordens, Cid tentou reaver o conjunto de joias em posse do Fisco no fim do ano passado, antes de Bolsonaro deixar o poder e embarcar para os Estados Unidos. Procurada, a defesa de Cid disse que não teve acesso aos e-mails em posse da CPMI de 8 de janeiro.

Com o objetivo de investigar os atos golpistas do 8 de janeiro, a comissão parlamentar de inquérito pediu à Presidência os e-mails enviados e recebidos por funcionários da Ajudância de Ordens na gestão de Bolsonaro.

Mauro Cid está preso desde maio e é investigado pela Polícia Federal por participar de um esquema de supostas fraudes no cartão de vacina e por manter conversas de teor golpista.

A CPMI também está apurando transações realizadas por Cid. Como o GLOBO revelou, relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), órgão de combate à lavagem de dinheiro, apontou que o militar movimentou R$ 3,2 milhões em seis meses e que operação é incompatível com o patrimônio dele, que recebe R$ 26 mil por mês como oficial do Exército.

O Globo

18 respostas

  1. Defesa de Mauro Cid quer acesso aos relatórios de transações do Coaf…

    Imagina a preocupação…o que eles sabem???

    Outra que está com a corda no pescoço é a Zambeli, a caminho da gaiola.

    Ainda tem outros que já não dormem, mas continuam fazendo de conta que não é com eles. E o nome daqueles que foram avisados pela ABIN? Bora chamar no vácuo essa gente.

    Só poderemos recomeçar do zero depois de limpar a casa.

  2. A cada dia aparece mais coisa com um baú sem fundo. A pergunta que não quer calar, quando o EB vai fazer seu dever de ofício e abrir Conselho de Justificacao para esse “cidadão”?

    1. Não vai…com tudo que já apareceu na mídia e o fato dele estar preso, da indícios de crimes graves.

      Acontece que o Cid sabe demais…sabe coisa de muitos Generais e o alto escalão está em uma defesa ferrenha, com todos os meios possíveis para livrá-lo da cadeia.

      Se o Cid abre a boca, fecha o forte apache e abre um balão no lugar.

      Onde estão os outros militares golpistas, uns eleitos , outros não???

  3. Estão esperando o quê para expulsar este cara. Vocês não tem um pingo de vergonha na cara, se fosse praça já teria sido massacrado há muito tempo.

  4. Em 2016, Lula havia devolvido só 9 de 568 presentes de chefes de Estado, indicou TCU…

    O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) recebeu 9.037 itens nos seus primeiros 2 mandatos (2003-2010). Tudo foi retirado em 11 contêineres, armazenados por 5 anos com o custo de R$ 1,3 milhão pago pela empreiteira OAS. O TCU analisou em 2016 parte deste acervo, composto por 568 itens recebidos nos seus 2 primeiros mandatos apenas em visitas oficiais de chefes de Estado (2003-2006 e 2007-2010)….

    Leia mais no texto original: (https://www.poder360.com.br/governo/lula-incorporou-559-de-568-presentes-ao-acervo-pessoal-indica-tcu/)
    © 2023 Todos os direitos são reservados ao Poder360, conforme a Lei nº 9.610/98. A publicação, redistribuição, transmissão e reescrita sem autorização prévia são proibidas.

    1. Sim, é verdade, porém não se está contando toda a história.
      Dos 568 recebidos pelo Lula de 2003-2010, 559 foram colocados no acervo pessoal do Lula e apenas 9 no acervo da União. Ok.
      Em 2019, o TCU determinou a devolução de tudo que Lula recebeu. Ok. Não foram localizados 8 itens, avaliados no valor de R$ 11.748,40, segue abaixo a relação:

      Uma cuia e bomba para tomar chimarrão trabalhadas em prata e bronze;

      Peça com grupo de músicos (adultos e crianças) ao redor de uma mesa de madeira;

      Quadro (14,4×19,3 cm) tipo porta-retratos, emoldurando selo em ouro, com rosto de homem; duas esculturas em madeira, em forma de pássaro (39×18 cm e 41×16 cm);

      Cartaz (84,5×56 cm) com fotografia impressa do Santo Sudário;

      Garrafa (21 cm) para licor, em cristal, com tampa e gargalo em prata;

      Espada (112 cm) com punho e bainha confeccionados em madeira escura, e ornada com peças metálicas; e

      Uma escultura (14x13x4 cm) confeccionada em bronze, fixada em base retangular representando mulher segurando buquê de flores vermelhas, apoiada em uma bicicleta.

      Lula pagou, fim da historia. Má fé?

    2. Tá querendo justificar essa sujeira? Só falta ser o cidinho com seu celular postando suas defesas no blog. Vai saber, com toda mordomia que tem na sua “cadeia”.

      1. até 2016 (quando já tinha acabado os governos Lula e Dilma) o entendimento era através do Decreto 4344/2002 e dizia ” … que apenas objetos “entregues em cerimônia oficial de troca de presentes” seriam patrimônio da União. Com isso, bens que não haviam sido dados por governos estrangeiros em cerimônias oficiais eram, costumeiramente, incorporados aos acervos privados…” (Estadão do dia 20/04/2023).
        Lula fez o que estava previsto no Decreto vigente, nada na surdina, cumpriu a regra.
        Porém, em 2016, o TCU mudou a interpretação desse decreto e disse que tudo deveria ser devolvido…e assim foi feito.
        Pergunto, agora, qual a sua justificativa para falar de sujeira?

  5. Ainda há fundo nesse poço?

    Qual a mensagem que o glorioso EB passa para a sociedade em não expulsar este senhor de suas fileiras?

    1. Agora como uma rachadinha teríamos o T.Cel Rolex e o Cid diamante. Que coisa mais grotesca, não acha? Vergonha para o EB manter esse cidadão.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo