Tenente-coronel foi conselheiro de ex-presidente e virou alvo de investigações
Daniel Gullino — Brasília
O tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, presta depoimento nesta terça-feira à CPI do 8 de Janeiro, no Congresso. Um dos auxiliares mais próximos de Bolsonaro, Cid foi envolvido em diversas investigações, desde a suposta fraude no cartão de vacina até a tentativa de reaver joias entregues pelo governo da Arábia Saudita.
Filho de general e conselheiro
Mauro Cid é filho do general da reserva Mauro Cesar Lourena Cid, que foi colega de Bolsonaro nas turmas de cadetes da Academia Militar de Agulhas Negras (Aman), em Resende, no sudoeste do Rio, nos anos 1970. No início do governo Bolsonaro, ele foi designado como um dos quatro ajudantes de ordens aos quais o presidente tem direito.
Durante o governo, Cid ganhou a confiança de Bolsonaro e passou a atuar como uma espécie de conselheiro. Ex-integrantes do governo afirmam que ele tinha uma influência negativa e induzia o então presidente a adotar posicionamentos radicais. Essa proximidade, no entanto, levou o militar a ser alvo de diversas investigações.
Cartão de vacina
Cid está preso preventivamente desde o início de maio, por determinação do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele é apontado como um dos integrantes de um esquema de fraude de cartões de vacina. Foram fraudados os cartões de sua esposa, de outros ex-funcionários da Presidência e do próprio Bolsonaro.
Indiciamentos
O ex-ajudante de ordens já foi indiciado duas vezes pela Polícia Federal (PF) por participação em transmissões ao vivo de Bolsonaro. A PF acusa Cid de fornecer informações falsas sobre a pandemia de Covid-19 divulgadas por Bolsonaro — a falsa relação entre a vacina e Aids e a ineficácia de máscaras — e de ajudar o ex-presidente a vazar um inquérito da própria PF sobre um ataque hacker ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Joias
Cid também fez parte das tentativas de reaver um conjunto de joias entregue pelo governo da Arábia Saudita e que foram apreendidas pela Receite Federal. No dia 29 de dezembro de 2022, a dois dias do fim do mandato de Bolsonaro, ele enviou o primeiro-sargento da Marinha Jairo Moreira da Silva, um funcionário da Presidência, para Guarulhos, para tentar liberar as joias. Entretanto, não houve sucesso.
Mensagens golpistas
A PF encontrou no celular de Cid a minuta de um decreto de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) e alguns “estudos” que eram destinados a dar suporte a um eventual golpe de estado. Além disso, ele fazia parte de um grupo de WhatsApp com militares da ativa em que foi defendido um golpe de Estado.