Militares estão na linha de frente na campanha de Bolsonaro pela reeleição

O ministro da Defesa, Paulo Sergio Nogueira | Foto: Divulgação

Integrantes das Forças Armadas, para tentar reeleger Bolsonaro, até fazem coro às teorias conspiratórias do presidente

Luana Patriolino – Correio Braziliense
O presidente Jair Bolsonaro (PL) nunca escondeu o alinhamento ideológico com as Forças Armadas. Desde a época em que era deputado, o chefe do Executivo afirmava ter como objetivo priorizar as pautas militares. Ao concorrer pela primeira vez ao Planalto, escolheu o general Hamilton Mourão (Republicanos) como vice. Agora, na disputa pela reeleição, terá outro general da reserva como postulante a vice, Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil.

Num eventual segundo mandato de Bolsonaro, a tendência é de que os militares continuem em posições-chaves no governo. Além de escolher novamente um militar como vice, o presidente tem confiado à classe missões importantes para tentar garantir a continuidade da gestão.
O Poder Executivo passou a ter mais militares ocupando cargos na administração pública federal com o início do mandato de Bolsonaro. Um relatório do Tribunal de Contas da União (TCU), do ano passado, mostrou que no governo federal mais que dobrou a presença de militares em cargos até então ocupados por civis.
De acordo com o TCU, no último ano da gestão do então presidente Michel Temer, 2.765 militares ocupavam funções no Executivo federal. Em 2019, no primeiro ano do governo Bolsonaro, o número estava em 3,5 mil. Já o levantamento mais recente da Corte de contas, relativo a 2020 e divulgado em 2021, mostrou a presença de 6.175 integrantes das Forças Armadas na administração pública.
O fenômeno já havia sido criticado pelo ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O magistrado citou a “militarização” do governo federal.
O cientista político André César, da Hold Assessoria Legislativa, destacou o alinhamento político-ideológico do presidente com os militares, baseado, principalmente, nas pautas conservadoras, além da própria formação militar do chefe do Executivo. “Captaram setores das Forças Armadas que tendem a apoiar uma agenda conservadora, como ele (Bolsonaro) apresenta”, afirmou.
Para o especialista, o presidente continuará alinhado com a classe. “Setores da sociedade compram esse discurso de que os militares têm a melhor agenda para o país. E ele consegue vender isso. Quando coloca Mourão e, quatro anos depois, Braga Netto como vice, é porque deu certo, e dobrou a aposta. Na minha avaliação, entre os dois, Braga Netto é muito mais radical do que o atual”, observou.

Negativo
Marcelo Pimentel — oficial do Exército na reserva e mestre em ciências militares pela Escola de Comando e Estado-Maior do Exército — ressaltou que o protagonismo dos militares no governo federal é negativo e vem refletindo nas pesquisas de intenção de voto para as eleições de outubro.
“É péssimo sob qualquer ótica que se possa observar. Isso não é o meu achar. Basta ver o protagonismo muito claro no governo pela quantidade de militares, pela projeção política. A aprovação do governo é baixíssima”, frisou. “Considerando, também, comparar os demais presidentes que concorreram a mandatos, em nenhum caso o presidente em exercício tinha uma posição desvantajosa em relação ao desafiante”, acrescentou, numa referência ao fato de o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aparecer na lideranças das pesquisas, com Bolsonaro em segundo lugar.
O cientista político Leandro Gabiati apontou o histórico de interferência dos militares em temas da administração pública. “As Forças Armadas têm autonomia e opinam, dão palpite e se manifestam em assuntos que deveriam estar limitados à sociedade civil”, disse. “É uma particularidade da nossa democracia. A gente teve o regime militar, que se estabeleceu por 29 anos e que ainda administrou o próprio regime democrático. Essa é uma característica do nosso regime político.”

Eleições
Bolsonaro também tem usado as Forças Armadas para encampar suas teorias conspiratórias sobre o processo eleitoral. Ele chegou a sugerir que os militares fizessem uma apuração paralela dos votos, e causou mais tensão entre os Poderes.
O ministro da Defesa, Paulo Sérgio Nogueira, tem sido um agente importante nessas ações. Apesar de afirmar que os militares não querem ser protagonistas, mas que participam do tema porque foram convidados pela Justiça Eleitoral, ele endossa os pedidos de Bolsonaro para que as Forças Armadas façam apurações paralelas e auditorias das urnas eletrônicas.
O PowerPoint apresentado por Bolsonaro na reunião com embaixadores estrangeiros, na semana passada, no Palácio da Alvorada, foi elaborado com o auxílio do tenente-coronel Mauro Cid, chefe da Ajudância de Ordens da Presidência. O militar é alvo de uma investigação que tramita no STF por vazamento de dados sigilosos de um inquérito sobre ameaças às urnas eletrônicas.
Para Marcelo Pimentel, o excesso de interferência dos militares no governo tornou o país instável. “O Brasil, que deveria ser o motivo de estabilidade regional, passa a ser visto como um possível foco de instabilidade. Basta ver o evento com os embaixadores, com os representantes dos chefes de Estado. O vexame internacional protagonizado por um capitão do Exército, numa apresentação em PowerPoint feita pelo seu ajudante de ordem”, criticou.
A análise do advogado constitucionalista Guilherme Amorim Campos da Silva é de que os militares estão agindo fora dos limites constitucionais. “Os anteriores convites para seus representantes apresentarem sugestões não os legitimam, em hipótese nenhuma, a questionarem abertamente a confiabilidade do processo eleitoral e o sistema das urnas eletrônicas”, ressaltou. “As Forças Armadas constituem uma instituição de Estado, e não de governo, que estão a serviço do presidente da República para politizar o debate.”
ESTADO DE MINAS/montedo.com

27 respostas

  1. Que saudade de Dirceu, Palocci, Franklin, médicos escravos, inteligência cubana despachando no Planalto, artistas consumidores de narcos e globo mamando milhões….estatais, fundos de pensões, bancos publicos surrupiados. Que saudade né minha filha…

    1. Saudade irão sentir do negacionismo da vacina, das brigas com a China, de bandeiras estrangeiras na subida da rampa do Planalto, das explicações tipo ” é pra comer gente”, dos ministros- um que viu Jesus no pé de goiabeira, o Sargento Garcia, o da educação que não sabia português, o doutor da mentira, dos pastores do ouro de tolo, do vendedor de madeira nobre, do compositor arrependido, do orçamento secreto, do uso dos incautos das seitas e dos militares incautos, da urna agora fraudável, do desrespeito as instituições, do incentivo ao desrespeito com tudo e com todos…é amigo, eu não sinto saudade do presidiário e não sentirei deste também, quem sabe a saudade tenha me abandonado, assim como a esperança. Sou Ciro, por falta de opção.

      1. Sem contar as pescarias em SC em plena pandemia, enquanto o população enfrentava o vírus, muita diversão. E, posteriormente, aquela dancinha de funk na lancha em Guarujá? Ciro também, mesmo motivo.

    2. As Forças Armadas constituem uma instituição de Estado, responsáveis pela soberania nacional. Logo, questionar abertamente a confiabilidade do processo eleitoral e o sistema das urnas eletrônicas é uma questão de honra para garantir nossa soberania, já que o Senado Federal se cala diante do absurdo autoritarismo do STF e TSE. Quem conta os votos é o que conta e os votos não são contados, mas tabulados em algoritmos, fora do pais, porque não há votos para contar, senão dados fornecidos por meios eletrônicos, passiveis de códigos diferenciados para cada etapa do processo.

  2. O praça véi aqui juntamente com a minha família, e pensionistas de outros praça véi, só recebemos muita discriminação e desprezo desse governo de impostores da moralidade, do patriotismo e da honestidade.

    1. Que militares. Nós praças somos amaioria da tropa 85% E não queremos ver a cara de nenhum oficial na política e não apoiamos o traidor Bolsonaro.

  3. Pois coloca militares? Seria militares que pagam a mídia com o dinheiro que colocaram no bolso em detrimento da pensionistas, veteranos e o pessoal da lacuna? Pois esperamos outubro está e o presidente já disse que não precisa o voto desse pessoal. Lembro aqueles fanáticos. O tempo de terceiros sargentos aumentou para a promoção agora são 10 anos, diminuiu as vagas para a promoção para que o praça chega a capitão , diminuiu os cursos e aí vai. Você que está criticando porque acha que outros não fizeram o curso e uns cursos nem estava disponíveis por falta da regulamentação e hoje que pode fazer o curso ou songa em fazer ou já tem o alto estudos 1,2,3. Que está criando uma diferença enorme dentro dos mesmo círculos hierárquico e. Acha que amanhã você não vai para a reserva que não vai ficar para sempre nas forças armadas que não podem mudar e criar o alto estudos 4,5,6. Aí vai então voto no Mito quem dividiu oiê incrível que pareça foi o presidente e não a esquerda. Mas outubro está logo aí. O tempo vai mostrar quem tem razão. Por isso digo repito. O tempo é o senhor absoluto da razão.

  4. Sou voluntário a ficar em pé de galo em uma seção eleitoral nas eleições de outubro de 2022.
    Obs: Com meus próprios recursos.
    Boca de sabão

    1. Pois é, os Militares apoiando incondicionalmente o Presidente e esse povinho fracassado e reclamåo do Montedo, fazendo campanha para os corruptos da esquerda. Uma hora a máscara caí e a verdade vem a tona…

  5. Vou fazer uma analogia, quem é inteligente entenderá:
    Há cerca de 15 anos meu vizinho se casou com uma moça pobre e financiou uma casa no nome dela. Todos pensaram que ele deu uma casa à ela.
    Foi nas lojas de móveis e mobiliou a casa toda, parcelando a compra em 60 meses no nome da esposa. Todos pensaram que ele mobiliou a casa pra ela.
    Ele ia no mercado e fazia uma farta compra no cartão de crédito da esposa. A mesa e a geladeira estavam sempre cheias. Todos pensaram que ele alimentava ela.
    Ele a levava em viagens caríssimas, parcelando os passeios em boletos no nome dela. Todos pensaram que ele fez “pobre andar de avião”.
    “Nossa, que bom marido!” diziam.
    Um amigo dele certa vez estava precisando comprar um carro, então ele tirou dinheiro da poupança da esposa e deu pro amigo.
    Todos que viam pensavam: “nossa, além de bom marido é um bom amigo!”
    Depois de um certo tempo eles se separaram e a esposa ficou com a dívida da casa, dos móveis, do mercado, do cartão de crédito, das viagens e ainda sem o dinheiro da poupança.
    Após um tempo da separação, descobriram que ele era estelionatário, foi preso e hoje, depois de cumprir uma parte da pena, está solto novamente. Ele quer voltar para a ex-esposa mas os bons amigos dela dizem pra ela não cometer essa loucura, pois a má-fase que ela vive hoje é reflexo direto das más ações e das irresponsabilidades que ele cometeu no passado.
    Os amigos maldosos (ou ignorantes) aconselham ela a voltar pra ele, pois na época que eles estavam juntos havia fartura, geladeira cheia, casa, carro, viagens, etc.
    Pior: ao que tudo indica ela está pensando em aceitá-lo de volta.
    Ela crê que talvez ele não destrua a vida dela novamente.
    Pra bom entendedor…
    Desconheço o autor.

      1. Errou por pouco
        Militares estão na linha de frente da campanha para NÃO reeleição de Lula
        Se existisse uma terceira via viável ( péssimo trocadilho) nem Lula nem Bolsonaro mas pela nao volta do PT tem quem vote ate no capiroto

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