Bolsonaro sugere ‘sombra da suspeição’ sobre eleições e volta a pedir participação das Forças Armadas

bolsonaro no CMB

Presidente também atacou Judiciárioe afirmou passar ‘mais da metade do tempo’ se defendendo de ‘interferências indevidas’

Bernardo Mello
RIO – O presidente Jair Bolsonaro afirmou, em discurso durante o Congresso Mercado Global de Carbono nesta quinta-feira no Rio, que as sugestões das Forças Armadas ao processo eleitoral “não vão ser jogadas no lixo”, e sugeriu que haveria uma “sombra de suspeição” sobre as eleições. Bolsonaro, que tem atacado as urnas eletrônicas sem apresentar evidências, também voltou a criticar o Poder Judiciário, e disse passar “mais da metade do tempo” se defendendo do que chamou de “interferências indevidas” em seu governo.
Bolsonaro e aliados têm alegado que o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) não acatou sugestões de militares a respeito da contagem e totalização dos votos. O TSE, no entanto, respondeu e rebateu os supostos erros apontados em documento assinado pelo general Heber Garcia Portella, que participa da Comissão de Transparência das eleições. Uma das afirmações rebatida pela Justiça Eleitoral é a de que existiria uma “sala escura” de apuração, o que não procede, e vem sendo um argumento citado por bolsonaristas para questionar a lisura da contagem de votos.
Nesta quinta-feira, o vice-presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) Alexandre de Moraes afirmou que a Justiça Eleitoral tem “vontade de democracia e coragem” para combater quem é contrário aos ideais constitucionais e republicanos. A fala aconteceu durante o evento de comemoração dos 90 anos da Justiça Eleitoral, em Brasília.
No Rio, Bolsonaro afirmou ainda que os votos precisam ser “contados publicamente e auditados”.
— As Forças Armadas foram convidadas a participar do processo eleitoral, e não vão ser jogadas no lixo suas sugestões e observações. Quem porventura votar no outro lado, queremos que seja respeitado, e quem votar do lado de cá também. Não podemos enfrentar um sistema eleitoral (sobre o qual) paire a sombra da suspeição — disse o presidente.
O discurso foi feito ao lado dos ministros Joaquim Leite (Meio Ambiente) e Ciro Nogueira (Casa Civil), durante visita de Bolsonaro ao congresso, realizado no Jardim Botânico, no Rio. Depois de sua fala, Bolsonaro deixou o parque para almoçar em um restaurante no outro lado da rua. Entre os integrantes da comitiva de Bolsonaro estão militares da reserva, como o ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello — pré-candidato a deputado federal pelo PL no Rio — e o ex-ministro da Defesa, Walter Braga Netto, cotado como vice de Bolsonaro este ano.
— O voto é a alma da democracia, e por isso tem que ser contado publicamente e auditado. Não vão ser duas ou três pessoas que vão bater no peito, dizer que vai ser desse jeito, e que vão cassar registro e prender quem agir diferente — afirmou Bolsonaro.
O presidente alegou que “joga nas quatro linhas” da Constituição e argumentou que “geralmente o que acontece é o chefe do Executivo conspirar para se perpetuar no poder”, mas que, no Brasil, estaria ocorrendo o “o contrário”. Bolsonaro acusou o Judiciário, sem citar nomes, de interferência “explícita” e “indevida”. Na quarta-feira, Bolsonaro acionou a Procuradoria-Geral da República após o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli negar um pedido do presidente para investigar o também ministro Alexandre de Moraes.
— Muitos dos meus ministros sofrem com interferências explícitas do Judiciário, o que é muito lamentável. Mais da metade do tempo passo me defendendo de interferências indevidas — disse o presidente.
O Globo/montedo.com

5 respostas

  1. Sou da antiga e garanto que na época em que o voto era impresso havia muita roubalheira nos resultados, desconfiança generalizada (perguntem quem foi o macaco Tião) e um processo burocrático que envolvia milhares de pessoas de cada partido como fiscais na apuração. Isso nos grandes centros, já nos pequenos, os “coronéis” “ganhavam” sempre as eleições. Não dá aturar isso, só porque alguém quer fugir da prisão se perder as eleições.
    Bolsonaro não se limita em trazer de volta o aumento da pobreza e a fome para a nossa população, ele quer, agora, tirar a nossa suada democracia.
    Alguém sensato, e que tem orgulho por sua carreira, não pode deixar essa anunciada aventura golpista prosperar.

  2. É lógico! Estas urnas só computam voto para o PT. Essas pesquisas são todas compradas. Esses dias fiz uma pesquisa rápida aqui na brigada, e deu Bolsonaro 2022 no 1° turno. Eu só não entendi ainda como este programa (das urnas) não funciona para governadores e legislativo. 🙁

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