Na delegacia, homem contou ter visto Renato Couto ser baleado três vezes antes de ser colocado em viatura, na Praça da Bandeira
Paolla Serra — Rio de Janeiro
Uma testemunha que flagrou o momento que o perito papiloscopista Renato Couto, de 41 anos, foi baleado e capturado, em uma viatura da Marinha, contou detalhes à Polícia Civil de como o crime ocorreu. Em depoimento prestado na 18ª DP (Praça da Bandeira), um homem contou estar passando pela região, próximo ao prédio do INSS, por volta de 14h30 da última sexta-feira, quando se deparou com uma “confusão”. O rapaz, que trabalha em uma farmácia na região, relatou ter visto uma van cinza e quatro homens tentando conter um quinto e ter ouvido um deles gritar “Deita no chão, deita no chão!”.
Na confusão, a testemunha disse ter presenciado ainda os homens segurando e aplicando uma gravata no policial civil. Na 18ª DP, ele disse ter ouvido um deles gritar: “Aplica logo esse cara” e visto o primeiro disparo na direção da perna ou dos pés do perito papiloscopista. Ele reconheceu Bruno, que estava com a arma de fogo, seu pai, Lourival, e os dois outros militares, Manoel Daris. Durante toda a ação, Renato Couto teria repetido diversas vezes “Eu não fiz nada”.
Quatro pessoas – entre as quais dois sargentos e um cabo do 1º Distrito Naval – foram presas, na madrugada deste domingo, dia 15, por sequestrarem, matarem e esconderem o corpo de um policial civil do Rio. De acordo com as investigações da 18ª DP (Praça da Bandeira), o perito foi capturado, em uma viatura da Marinha, após procurar o empresário Lourival Ferreira de Lima, pai do militar Bruno Santos de Lima, dono de um ferro-velho na região, para checar se materiais de uma obra tinham sido furtados por usuários de crack e levados para o estabelecimento.
Levados para a delegacia, Bruno Santos de Lima, Lourival Ferreira de Lima, Manoel Vitor Silva Soares e Daris Fidelis Motta foram reconhecidos por testemunhas, confessaram o crime e foram presos em flagrante por homicídio triplamente qualificado e ocultação de cadáver. Algemados, os militares deixaram a delegacia com capacetes e coletes à prova de balas. Um deles, de cabeça baixa levava uma bíblia nas mãos. O corpo do policial civil ainda não foi localizado.
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Militares da Marinha deixam a 18ª DP (Praça da Bandeira) — Foto: Domingos Peixoto — Foto: Reprodução
A testemunha que flagrou a cena narrou no depoimento que, mesmo após atingida, a vítima continuava a se debater, o que levou Bruno a atirar novamente, dessa vez na altura de seu tronco. Momentos depois, Renato Couto começou a “desfalecer”, o que foi percebido pelos criminosos, que disseram: “Ele vai cair!”
O homem relatou ainda ter visto uma algema no braço direito do policial civil, “que, por lutar por sua vida, impediu que seus algozes conseguissem o algemassem completamente”. O homem relatou ainda que, após o segundo disparo, a vítima caiu, mas ainda tentando se levantar, e então Lourival recolheu as cápsulas e deferiu diversos golpes contra ela, e Bruno efetuou o terceiro disparo. Neste momento, os militares colocaram o perito dentro da van da Marinha.
Na última sexta-feira, Renato Couto teria conseguido recuperar parte dos objetos furtados em outro ferro-velho próximo ao Morro da Mangueira. Em seguida, ele encontrou uma esquadria de alumínio e outras peças da obra na loja de Lourival. Após uma discussão, o empresário prometeu que devolveria o valor do restante dos produtos receptados e ligou para Bruno, supervisor do Setor de Transportes do 1º Distrito Naval.
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Perito papiloscopista Renato Couto, de 41 anos, foi capturado, em uma viatura da Marinha, após procurar o empresário Lourival Ferreira de Lima — Foto: Arquivo Pessoal
Ao chegar no local com uma Fiat Ducato da Marinha, no fim da tarde de sexta-feira, Bruno deu uma mata-leão e efetuou disparos contra policial civil e o jogou no carro. Ele estava acompanhado dos militares Manoel Vitor Silva Soares e Daris Fidelis Motta. Por volta de 17h, após serem acionados por transeuntes, policiais militares do 6º BPM (Tijuca) estiveram na 18ª DP para registrar que um homem foi baleado e colocado em uma van, na Avenida Radial Oeste.
Ainda segundo as investigações, a viatura descaracterizada, com os três militares e Renato Couto, seguiu para a Baixada Fluminense, pelo Arco Metropolitano. No carro, o policial civil levou pelo menos mais um tiro na barriga. Após jogarem o corpo dele no Rio Guandu, na altura de Japeri, eles pararam em um lava-jato, em Nova Iguaçu, e limparam o veículo com cloro também dentro do quartel da Marinha, na Praça Mauá.
Uma perícia do Instituto de Criminalística Carlos Éboli (ICCE), no entanto, identificou resíduos de sangue dentro da viatura e ainda na mureta próxima ao Rio Guandu.
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Van onde homem baleado teria sido levado pelos agentes da Marinha. — Foto: Divulgação
Diretor do Departamento Geral de Polícia da Capital, o delegado Antenor Lopes, destaca que, tão logo foi comunicado o desaparecimento do perito, foram iniciadas as diligências por equipes da 18ª DP:
— Trata-se de um crime hediondo, tendo sido vítima um policial civil que foi covardemente sequestrado e assassinado por quatro homens, três deles graduados das forças armadas. Em menos de 24 horas, o crime foi esclarecido, os envolvidos foram identificados e presos, e a arma foi apreendida. Agora, estamos mobilizados na localização do corpo do nosso papiloscopista.
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Polícia encontrou marcas de sangue em uma mureta próxima ao Rio Guandu, na Baixada Fluminense — Foto: Divulgação
Responsável pelo inquérito, o delegado Adriano França, titular da 18ª DP, explica que os quatro presos confessaram participação no crime, fornecendo detalhes do trajeto que fizeram com a viatura da Marinha e do local onde o corpo da vítima foi jogado. Nesta tarde, um helicóptero da Polícia Civil sobrevoa a região na busca pelo cadáver.
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Lourival Ferreira de Lima e Bruno Santos de Lima. — Foto: Divulgação
Nessa manhã, após prestar depoimento também sobre o crime na 18ª DP ( Praça da Bandeira), Bruno Santos de Lima tentou cortar os pulsos com as lentes de um óculos, na sala em que estava com Lourival, Manoel e Daris. Ele foi socorrido para um hospital e, cerca de uma hora depois, retornou a delegacia.
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O militar Bruno Santos foi levado ao hospital, após ter tentando se ferir dentro da 18ª DP ( Praça da Bandeira), onde prestava depoimento sobre o crime — Foto: Domingos Peixoto
Em nota, a Marinha do Brasil informou que tomou conhecimento, na noite deste sábado, sobre uma ocorrência, com vítima, envolvendo militares da ativa do Comando do 1º Distrito Naval, objeto de inquérito policial no âmbito da Justiça comum. “Os militares envolvidos foram presos em flagrante pela polícia e responderão pelos seus atos perante a Justiça”, disse.
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A arma usada por militares da Marinha que sequestraram e mataram perito da Polícia Civil — Foto: Divulgação
“A MB lamenta o ocorrido, se solidariza com os familiares da vítima e reitera seu firme repúdio a condutas e atos ilegais que atentem contra a vida, a honra e os princípios militares”, escreveu.
“A MB reforça, ainda, que não tolera tal comportamento, que está colaborando com os órgãos responsáveis pela investigação e informa que abriu um inquérito policial militar para apurar as circunstâncias da ocorrência”, emendou.
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Lourival Ferreira de Lima levado para 18ª DP (Praça da Bandeira) — Foto: Domingos Peixoto
O Globo/montedo.com
Quantas vidas destruídas em um encadeamento de ilicitudes: drogas, furto, receptação, imprudência, violência e assassinato.
Caíram porque a vítima fatal era polícia. Tudo derrubado em menos de 24 horas. O que esses militares não fariam com um cidadão comum, de bem? E usando veículos da MB.
Meu Rio de Janeiro bateu no fundi do poço e não retornou.
Esta cavoucando e já encontra o inferno.
PESADO.
Que covardia meus Deus, estragaram suas vidas e suas carreiras na marinha, pra que isso, depois andar com á biblia na mão. tinha que andarr com ela antes, dessa covardia, São esses elementos desqualificados, que se acham dono da Verdde, que mancham as Forças Armadas. como Militar Reformado do Exército, fico triste, de ler uma noticia dessa.Cadeia é pouco para esse tipo de crime covarde, Deus Seja Louvado.
Será que está seria a primeira vez? Quando um crime dessa natureza ocorre, alguns pequenos ou até grandes delitos já ocorreram. Então, possa ser que a vida deles tenha se estragado muito antes de serem pegos.
Sem querer isentar ninguém de nada..
mas, o que mesmo um papiloscopista faz?
investiga, faz buscas?
estranho, néhh
Antes de tudo ele era um policial civil, um agente de segurança do estado, possa ter se equivocado por não pedir reforço. Quanto ao material furtado e receptado? Era de sua propriedade.
Como vc sabe que houve material furtado? Foram os repórteres que disseram? Ou os investigadores?
Olha a forma interrogativa. Intérprete antes de afirmar.
Se um viado desse bate no meu pai eu faria a mesma coisa;
Tu ia preso também, simplesmente.
Sou Sgt Reformado do EB, até intão eu não sabia, que aquele policial, tinha dado tapa no rosto do dono do ferro Velho e ainda o ameçou. Li isso agora em outra reportagem, Bem ai o negócio complica, se os Sgt tivesse chegado na hora que o Policial puxou a arma e deu tapa no rosto do idoso, ai é complicado, também não sei qual seria a minha reação vendo meu Pai apanhar, o tristo disso tudo, é que a Familia vai sofrer com à prisão e expulsão dos Sgts do quadro da Marinha, se tiverem i, a esposa a esposa ainda recebe o tempo de Sv deles. e a familia não sofre muito. mas fica um sentimento de tristeza por tudo que aconteceu, Triste não.
De fato reagir a violência contra o pai seria esperado …armado realmente poderia até matar no calor da emoção …agora marcar encontro ….jogar o corpo e a arma no rio …lavar a vtr …etc etc muda tudo juridicamente… lamentável
E vc acredita em tudo o que lê.
Não acredita? Tem video na net.
vou ser PC e meter o pé do EB, caguei. 6% de disponibilidade é foda.