Cúpula militar vê candidatura de Moro com simpatia e desconfiança

general santos cruz

Aliança de ex-juiz com Santos Cruz tem pouco impacto entre os oficiais-generais da ativa

Igor Gielow
SÃO PAULO

Desde que Sergio Moro emergiu das sombras norte-americanas para chacoalhar o noticiário da sucessão presidencial, sinais públicos foram dados aos militares que embarcaram na aventura Jair Bolsonaro em 2018.
Em seu discurso de filiação ao Podemos, o ex-juiz símbolo da Operação Lava Jato tocou violino para o generalato ao dizer que defendia as Forças Armadas como instituição de Estado. Na plateia, estava Carlos Alberto dos Santos Cruz.
O general da reserva sempre foi uma noiva da vez nos meios da chamada terceira via, tendo boa interlocução de João Doria (PSDB) a Ciro Gomes (PDT). Militar com algo raro, experiência de combate real, ele foi um dos primeiros aliados de Bolsonaro a serem degolados pelo chefe, ainda em 2019.
Sua filiação ao mesmo partido de Moro, consumada nesta quinta (25), levanta imediatas especulações sobre uma continuidade em 2022 da importância dos militares, atores políticos que voltaram ao centro do palco no governo do antes desprezado capitão de Exército reformado.
Ocorre que, principalmente no influente Alto-Comando do Exército, Santos Cruz não é exatamente visto como um igual. Ele nunca chegou ao topo da hierarquia, indo à reserva no posto anterior a ela, como general de divisão. Como em todo clube em que os sócios escolhem os novos membros, foi uma decisão política.
O general, em que pese sua sensatez nas falas públicas acerca dos danos que a proximidade entre militares e Bolsonaro causa às Forças Armadas e no debate sobre o papel dos fardados, não é um interlocutor com a cúpula do serviço ativo.
Se Moro quer lançar sinais a ela, e isso é algo que tem de ser feito de forma cautelosa, o caminho são os próceres fardados da reserva, generais de quatro estrelas do quilate de Fernando Azevedo (ex-ministro da Defesa de Bolsonaro) e Sérgio Etchegoyen (ex-chefe do Gabinete de Segurança Institucional de Michel Temer).
Uma alternativa hipotética especulada na praça é a de que Santos Cruz, apesar da distância da ativa, joga combinado com ela. Neste caso, sua aproximação com Moro seria apenas um primeiro passo.
Pois simpatia à candidatura do ex-juiz existe nas Forças Armadas. Ele ainda encarna para muitos oficiais-generais aquilo que mais aproximou a classe de Bolsonaro, a rejeição ao PT e o discurso anticorrupção. Se o presidente ainda pode se mostrar como antípoda de Lula, seu casamento com o centrão matou qualquer ilusão em relação à moralidade pública.
Mas Moro também inspira alguma desconfiança acerca de suas potencialidades eleitorais. Há uma leitura segundo a qual ele não teria força, após tantas derrotas judiciais, para de fato ser competitivo contra o ex-presidente em 2022.
Por ora, Bolsonaro segue sendo o preferido no corpo militar em geral, como admitem alguns generais e almirantes ouvidos. Eis um paradoxo: o arrefecimento da crise institucional aguda, que quase levou a uma ruptura no hoje distante 7 de Setembro, só se deu por causa da aliança do presidente com aqueles que os militares chamam de “vagabundos” para baixo.
Mas o presidente é visto como mais capaz de derrotar Lula no ano que vem nas fileiras fardadas. Não se espera, contudo, nenhum tipo de ingerência ao estilo de 2018, quando o então comandante do Exército, Eduardo Villas-Bôas, pressionou o Supremo Tribunal Federal a não conceder um habeas corpus que livraria o petista da cadeia.
O serviço ativo hoje celebra ter saído dos holofotes a que se deixou arrastar, obra do apoio de nomes expressivos da reserva e mesmo em atividade a Bolsonaro. A formação do governo militarizado do capitão reformado também gerou benesses, como a reforma previdenciária e de carreira.
Apesar de haver uma óbvia cunha entre os militares de farda e os de terno no governo, a percepção política e popular é a de um único organismo, que ainda vive em simbiose com o bolsonarismo.
Concorre para isso o fato de que vários valores da seita presidencial são, de origem, militares: as queixas com o relativismo cultural, com a chamada ideologia de gênero, com o que veem como ameaças à Amazônia no ativismo ambiental.
Moro ainda não disse a que veio, mas o fato de ter sido ministro de Bolsonaro e de balbuciar ideias próximas dessa faixa de frequência ideológica em tese o colocaria como uma opção mais civilizada aos militares, na palavra de um oficial da Força Aérea, se não já não for o escolhido.
Se isso irá ou não ocorrer, é algo a ver. Se Moro por acaso se viabilizar, a patente de Santos Cruz deixará de ser um problema para os mais estrelados —assim como a muito mais inferior ostentada por um soldado indisciplinado como Bolsonaro não foi lá atrás.
Por outro lado, depois do trauma que a associação com Bolsonaro provocou, muitos oficiais-generais defendem o máximo de distanciamento de candidatos, particularmente com a grande chance de Lula voltar ao poder.
FOLHA/montedo.com

29 respostas

  1. Não faço parte da cúpula. “Eu sou do povo. Eu sou um Zé ninguém.”
    Mas, o meu voto. Tem o mesmo peso… E digo: que nenhum Praça deveria votar em Of.
    Eu nunca mais voto em militar nenhum.

    1. Traidor das praças. Cag€¥ em nossas cabeças! Autorizou salários faraônicos para os generais, empurrou 10 anos de 3 sgt, 9 de 2 sgt… logo ele que vivia falando aos berros no plenário sobre a debandada dos militares devido a falta de atrativos… como o mundo da voltas né mito? Aqui em casa é na dos meus pais votamos neste senhor… Hoje? Votaremos até no LULA, mas neste traidor NUNCA MAIS, muito menos em militar, estes pensam apenas na cúpula militar.

      1. A verdade é que todos que tiveram sua formação educacional/profissional a partir de 1979 foram banhados no socialismo/comunismo, não abrem mão de seus “direitos adquiridos” e “direitos presumidos” mas desejam ardentemente salvar os pobres.

  2. Gostaria de ver uma reportagem que explicasse o que levou ao ex Juiz Moro a ter uma posição de conflito com o Presidente. É importante frisar que o atual ministro da Justiça, salvo melhor juízo, Delegado da PF Anderson Torres não tem, pelo menos pela mídia, nenhum atrito com o Presidente e, também, a PF e a PRF entre outris orgãos, vem fazendo seu trabalho com excelência….Graça e Paz…

    1. Prezado ,não vejo como uma posição de conflito ,mas sim colocações de coisas não muito corretas e a interpretação conflitante é de cada um , o Dr Moro tem opinião própria e nem ficou tutelado de quem quer que seja , e como candidato é normal apontar erros e apresentar soluções ,mas respeito o contraditório , na paz .

      1. Procure ler só um pouquinho sobre o seu candidato (o tal “Dr”), porque, depois que votar, não adiantará o argumento de que não sabia.

  3. Ex-juiz Sergio Moro – Presidente.
    general Santos Cruz – vice Presidente.
    A esperança de um país sério, honesto, competente.
    Chega de corrupção, rachadinhas, Centrão, negacionismo e cloroquina.
    Já deu de antas, ex-presidiários e insanos totalitários.
    Uma chance para esse país já tanto saqueado por esses inescrupulosos.

  4. Que seja eleito Senador, Deputado ou vice na chapa de Moro.
    Pois nos representará com honradez, probidade e dignidade.
    Diferentemente do Pazuello, TC Elcio Franco, e todos do Centrão militar que só envergonham as FA.
    O meu voto e de meus familiares lhe estão garantidos.

          1. Na verdade alguns brasileiros não merecem prosperar por falta de informação e incapacidade de se informar. No fim do governo Dilma a Petrobras devia U$S 500 bi. Só aos acionistas dos EUA tiveram que pagar uma multa de U$D 160 bi. Lógico que, se vc quer isso de volta, vote no ladrão ou no agente do mercado dos Antagonistas/Empiricus/BTG.

        1. O nosso camarada é um bobinho mesmo. Um comentário irônico do contraditório vc não é capaz de entender. Foi nisso que deu 40 anos de lavagem cerebral. E ainda pensa que privatizar é só assinar um papel.

  5. Depois que encheram os bolsos ,não tivemos a desconfiança ,mas sim a certeza do que foi feito para beneficiar um pequeno grupo em detrimento da maioria que já carregava e carrega até hoje uma grande defasagem salarial onde muitos encontram dificuldades para cumprir as necessidades básicas suas e de seus familiares .

  6. O dinheiro que os outros estão ganhando não me interessa. Eu quero é mais o meu dinheiro, aumento no soldo! Antagonistas, BTG/Empiricus, JBS/FRIBOI (campeão nacional/mundial), derrubar Michel Temer, operação federal carne podre, Sérgio Moro, que nunca entrará para a politica, aprendendo com Rosa Weber, mercado de capitais auxiliado por mídias no sobe e desce da especulação financeira, país maravilhoso.

    1. Que comentário é esse, “Boca de sabão”, só isso, Boca de sabão?!
      Tu tá fazendo campanha, será candidato a cargo eletivo em 2022.
      Ou já tá mamado, borracho a essa hora, 16:09 horas.
      Começou os trabalhos cedo hein, Boca de sabão.

      1. Começou os trabalhos cedo hein, Boca de sabão.
        Há Há Há Há Há Há Há Há Há
        Há Há Há Há Há Há Há Há Há
        Há Há Há Há Há Há Há Há Há

  7. Cúpula Militar não representa a intenção de votos da tropa, não foi assim em 2018 e não será assim em 2022. O atual Presidente perdeu muito apoio entre a tropa, mas ainda mantém bons números, ainda que acha simpatia por nomes como Moro, Santos Cruz os mesmos também não representariam a intenção de votos da tropa e a cúpula isoladamente não significa intenção de voto. Talvez apareça uma 4ª via pq a via não é única, não temos 2ª e muito menos 3ª via.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo