MG: família usava pensão militar de R$ 8 mil de mulher escravizada

Madalena Gordiano, 46, viveu sob regime análogo à escravidão por 38 anos

MG: família usava pensão de R$ 8 mil de mulher escravizada, dizem auditores

Thiago Rabelo
Colaboração para o UOL, em Patos de Minas (MG)

A pensão recebida por Madalena Gordiano, mantida em condição análoga à escravidão por 38 anos em Minas Gerais, financiou curso de medicina e a vida da família Milagres Rigueira durante 17 anos, segundo informações prestadas por auditores fiscais do caso.
Madalena tem uma renda de R$ 8,4 mil oriunda de um casamento com um ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, mas jamais teve controle do dinheiro, que era administrado por Maria das Graças Milagres Rigueira e o filho, Dalton César Milagres Rigueira, segundo apontam as investigações.
Advogado da família Milagres Rigueira, Brian Epstein Campos disse em nota que ainda não teve acesso aos autos do processo. O defensor também disse que os familiares “estão abalados pelo acontecimento e preferem se manter em silêncio”.
Casada em 2001 com Marino Lopes da Costa, – tio de Valdirene Lopes da Costa, esposa de Dalton -, Madalena recebe duas pensões desde 2003, quando o marido morreu aos 80 anos de idade.
O matrimônio foi alvo de denúncia em 2008, porém o processo foi encerrado em 2015 por falta de provas, apesar de “fortes indícios de ocultação do fato”.
Já ciente da saúde debilitada do tio de Valdirene por conta da idade, Maria das Graças teria organizado o casamento de Madalena para que o dinheiro da pensão pudesse pagar a faculdade da filha Vanessa Maria Milagres Rigueira, formada em 2007 pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, no Rio de Janeiro.
Quando Vanessa estava praticamente formada, Dalton passou a administrar o dinheiro de Madalena e se mudou ao receber uma proposta para dar aula em uma universidade de Patos de Minas (MG) em dezembro de 2006.
No depoimento dado ao MPT (Ministério Público do Trabalho) obtido pelo UOL, Dalton declarou ter uma renda de R$ 10 mil como professor universitário e mais R$ 1,3 mil do aluguel de dois imóveis. Ele ainda fez dois empréstimos consignados no nome de Madalena, com dívida restante de R$ 18,5 mil no Banco do Brasil, segundo apurou a reportagem.
De acordo com o MPT, a renda da família, sem a pensão de Madalena, é incompatível para quem tem um imóvel de quatro quartos financiado na área mais nobre de Patos, com parcelas de R$ 1,7 mil, e paga faculdade para duas filhas, uma delas estudante de medicina em Uberaba, com mensalidade de R$ 6,8 mil.
Dalton se defendeu das acusações e disse que a irmã Vanessa ajuda a pagar a mensalidade de Raíssa, que, segundo colegas de sala, era frequentemente vista nos melhores restaurantes da cidade e gostava de mostrar o padrão de vida nas redes sociais.
Em São Miguel do Anta, a família Milagres é vista como uma das mais tradicionais, status que gera desconforto em muitas pessoas ao serem questionadas sobre o passado de Madalena e como seus patrões a exploraram. Um dos símbolos da tradição da família é Ildeu Pereira Milagres Fialho, político influente que foi prefeito da cidade na década de 1970.
Mesmo com uma renda superior a R$ 11 mil, a família de Dalton recorreu ao auxílio emergencial e teve três pedidos aceitos pelo governo federal. Valdirene e as filhas Bianca e Raíssa receberam cinco parcelas de R$ 600 e uma de R$ 300, totalizando R$ 3,3 mil para cada uma.
O benefício dado contraria aos princípios do programa social, que não prevê liberação a quem tenha renda familiar superior a três salários mínimos (R$ 3,135 mil).
UOL/montedo.com

8 respostas

  1. É por esses pensionistas ilegais e pela ganância dos estamentos superiores que os inferiores estão em situação de penúria. Assim como o FUSEX está quebrado pelo tratamento privilegiado dado aos superiores , enquanto QAOs , Sgts e seus familiares tem péssimo atendimento nas OMS. Forças Armadas que recebem salario-familia mensal de R$ 0,16 e que em 04 de janeiro ainda não receberam o salário do ano anterior são reflexos de seus Cmts.

    1. Nada a ver. Quer reclamar pegue carona em outro caso.
      Houve, sim, uma exploração privada de uma mulher, quase escrava, com a utilização de recursos públicos.
      O problema não foi a pensão, o problema foi a ganância da exploração do homem pelo homem.
      As FFAA foram vítimas, assim como essa pobre mulher e ,portanto, não faz sentido culpar as FFAA, só porque se quer. Não existe uma relação causal do problema oficiais x praças, ou de de salário família ou de FUSEX.
      Acho que se perde a razão porque a louca necessidade de se vitimizar contamina uma reivindicação, por vezes, justa.

      1. SÃO CRIMINOSOS E EXPLORADORES, ESSE SENHORA FOI VITIMA DESSE BANDO DE CRÁPULAS, QUE SURRUPIARAM SUA PENSÃO. TEM QUE SEREM PRESOS E DEVOLVER TUDO DE DIREITO À ESSA MULHER.

  2. Poucas vezes eu senti nojo em minha vida ao ler histórias de crime. Essa entra no top 10. E como conhecemos a justiça do nobre Brasil se essa família tiver bons advogados é capaz de sair apenas com alguma multa.

  3. “Já ciente da saúde debilitada do tio de Valdirene por conta da idade, Maria das Graças teria organizado o casamento de Madalena para que o dinheiro da pensão pudesse pagar a faculdade da filha Vanessa Maria Milagres Rigueira, formada em 2007 pela Faculdade de Medicina de Petrópolis, no Rio de Janeiro.”

    Pela narrativa, tudo indica que foi um combinado que depois de muitos anos, deu ruim.

  4. Esse caso me lembra o de um general viúvo, na reserva a idade chegando e o filho único morando com o pai em Ipanema só queria praia e vida boa. Nada de estudar e nem de trabalhar. O que fez o general em idade avançada para garantir a vida boa do filho, casou com a namorada do filho. Convenhamos se procurar irão achar inúmeros outros casos semelhantes.

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