EUA e Argentina retomarão exercícios militares suspensos nos governos Kirchner

Mattis e Aguad: promessa de reaproximação entre EUA e Argentina – MARTIN ACOSTA / REUTERS

Anúncio veio após visita de secretário de Defesa a Buenos Aires; americanos vão auxiliar na segurança do G-20

HENRIQUE GOMES BATISTA, ENVIADO ESPECIAL

BUENOS AIRES E SANTIAGO – A Argentina e os Estados Unidos voltarão a fazer treinamentos militares conjuntos, anunciou nesta quarta-feira James Mattis, secretário de Defesa americano, após sua primeira visita oficial a Buenos Aires. Na capital argentina, Mattis se encontrou com o ministro da Defesa, Oscar Aguad. A retomada das atividades conjuntas representa um giro nas relações militares dos dois países, após anos de afastamento nos governos de Néstor e Cristina Kirchner, de 2003 a 2015.

— Fizemos um acordo, e os treinamentos (militares) vão voltar — disse James Mattis no seu voo de Buenos Aires a Santiago para jornalistas que o acompanham. — Serão os mesmos treinamentos que existiram por 30 anos.

O secretário americano ainda anunciou outras parcerias, como a troca de informações e apoio na segurança da reunião do G-20, que reunirá em dezembro os líderes dos 20 países com maior economia do mundo na Argentina.

Mattis, por sua vez, lembrou da história de cooperação militar entre os dois países, incluindo a ocasião em que a Argentina, na época governada por Carlos Menem, da ala direita do peronismo, enviou duas embarcações para Guerra do Golfo, liderada pelos Estados Unidos para expulsar as tropas do iraquiano Saddam Hussein do Kuwait, entre 1991 e 1992.

O secretário americano não mencionou a Guerra das Malvinas, em 1982, quando os Estados Unidos ficaram do lado do Reino Unido, ocupante das ilhas no Atlântico Sul reivindicadas pela Argentina.

— É um prazer estar hoje neste lindo país que consideramos um parceiro e amigo — disse Mattis. — Como disse o vice-presidente (americano) Mike Pence, a Argentina ter um papel de líder global é bom para o hemisfério.

Aguad disse, ao receber o secretário americano no Edifício Libertador, sede do ministério na capital argentina, que seus conterrâneos nunca se esquecerão da ajuda que receberam dos americanos na tentativa de resgate do submarino ARA San Juan, que desapareceu no mar no ano passado, num episódio em que toda a tripulação morreu. O ministro reconheceu que a relação entre os dois países passava por dificuldades:

— Temos diante de nós um amplo campo para aprofundar nossa relação. Pois se a Argentina havia se afastado durante anos dos seus leais sócios e amigos, estamos voltando ao caminho do qual nunca deveríamos ter saído — disse Aguad, defendendo uma relação de respeito e mútuo benefício.

Ainda na tarde de quarta-feira, Mattis partiu para Santiago e, depois, encerrará sua viagem em Bogotá, Colômbia. Esta é a primeira viagem do chefe do Pentágono do governo Trump à América do Sul.

O Globo/montedo.com

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