Coronel Fernando Montenegro defendeu tese em relação ao complexo de favelas em entrevista ao DIA
Montenegro, que comandou força-tarefa da pacificação no Alemão, diz que Exército deveria ter a mesma liberdade de atuação que o tráfico (Foto: Banco de imagens)
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JULIANA DAL PIVA
Rio – As declarações do coronel da reserva do Exército Fernando Montenegro foram recebidas com tristeza e perplexidade por moradores dos Complexos do Alemão e da Maré. Montenegro foi comandante em 2010 de uma das duas forças-tarefa da pacificação do Complexo do Alemão e defendeu ontem em entrevista ao DIA que fosse instalada uma espécie de estado de sítio na Maré.
“Como vai garantir o direito do cidadão à liberdade? Onde fica o ser humano vivendo numa favela sitiada?”, questionou Lúcia Cabral, moradora do Alemão e coordenadora do Centro de Referência dos Direitos Humanos do Complexo. Ela diz que ficou em choque ao ler a defesa das ações armadas feita pelo militar. “Achei assustador. O poder público vive dizendo que tem que garantir o direito de ir e vir, mas qual é o direito da favela? Não somos cidadãos?”, critica Lúcia.
O diretor e fundador da Redes da Maré, Edson Diniz, também disse ter ficado preocupado com o olhar do militar sobre o trabalho na comunidade. “É a visão de um exército combativo e uma população inimiga. Na Maré tem trabalhadores que movimentam a economia e a cultura da cidade. Não são um exército inimigo que pode ter suas casas invadidas”, observa Diniz.
Ele ressalta que um dos principais problemas na comunidade é a falta de protocolo no relacionamento com os moradores. “Depende do comando. Quando era preciso fazer alguma reclamação de violações, uns iam apurar. Com outros era difícil até de fazer o registro”, conta Diniz.
Coronel Montenegro: Declaração polêmica
Foto: arquivo pessoal |
O deputado Marcelo Freixo (Psol) acredita que a opinião do coronel demonstra o despreparo do Exército para a atuação na segurança pública. “Ao menos, ele é honesto. É uma opinião que tem que ser debatida, mesmo discordando bastante. Isso só afirma o quanto o Exército não pode exercer o papel de polícia. Não é a sua função constitucional. Eles olham para qualquer conflito para eliminar o inimigo. Isso já custou muito caro nos 21 anos de ditadura”, afirma.
ONGs veem ‘nostalgia da ditadura’
Para Atila Roque, diretor da ONG Anistia Internacional, o coronel expressa uma certa “nostalgia da ditadura”. “O que a gente precisa é de um choque de direitos e de cidadania. Enquanto as pessoas não desfrutam isso, ninguém pode se dizer plenamente cidadão. A fala dele vai contra isso. É assustador ouvir de um alto oficial de Forças Armadas que a liberdade necessária para atuar teria que ser ‘pelo menos similar à de um bandido’. É se colocar no mesmo patamar do crime”, aponta Roque.
A diretora da ONG Justiça Global, Sandra Carvalho, conta que a organização chegou a documentar denúncias de abuso ocorridas na época da ocupação do Exército no Alemão. “Verificamos muitas violações que estão expressas na fala dele, como a entrada nas casas de forma ilegal. E mais: pessoas baleadas, espancamentos, pessoas mantidas em cárcere privado”, conta Sandra. Procurada, a Secretaria de Segurança não quis se manifestar.
O Dia/montedo.com
9 respostas
Exército não é polícia. Mas essa é a maneira do PT desacreditar as FA perante a opinião pública e remetê-la à 50 anos atrás. Uma Juíza de MS anos atrás tinha recomendado estado de sitio em uma cidade pequena por causa dos jovens que saiam à noite para fumar drogas, beber e matar. O pessoal dos direitos humanos não só impediu como desqualificou a Juíza e muitos jovens morreram precocemente. Se tivessem ouvido a Juíza…..
O exército é para entrar no território inimigo e eliminá-lo. Não é polícia. Está sendo usado para uma atividade completamente diferente desta. Sempre vai dar m….!!
Não entendo pq o Exército deixou esse Coronel se pronunciar, se fosse para determinar estado de sítio na mare a própria polícia teria cumprido a missão, quer dizer então que o Exército com o seu representante bem preparado(Comandos FE), não consegue cumprir a missão nas mesmas condições que estado de direito estipula para as polícias, quer dizer que com todo o Treinamento de Forças Especiais o EB não consegue cumprir a missão da polícia, por que não te calas Coronel, a solução nunca foi fácil, deixa de embuste milico tu ta vitrine, não ta dentro do quartel onde todos dizem sim senhor mesmo sabendo dos erros, O REI ESTÁ NU, TENHO RIR
Bacana chamar de Força de "Pacificação" uma Força que, em verdade, é de Ocupação. O problema todo está no eufemismo e na hipocrisia. Estudem de modo isento a história de Caxias e terão sérias dúvidas quanto ao caráter "pacificador" do Patrono do Exército. É óbvio que a criminalidade precisa ser combatida, nesta Pátria Educadora que corta absurdamente as verbas essenciais à Educação e que não investe em criação de emprego e renda, pois a esmagadora maioria de nosso políticos só querem se eleger para cuidar de seus próprios interesses e dane-se a massa que o elegeu (mas eles são o espelho de nós que os elegemos, precisamos admitir), entretanto, presumir que todos os barracos das favelas abriguem bandidos é, no mínimo, negar a realidade, porque ali a maioria trabalha para os mais brancos e abastados da Cidade, saem cedo e retornam tarde, sem a menor perspectiva de melhoria de vida. Além disso, essa presunção é desumana e não pode ser sequer considerada. Só pode concordar com o estado de sítio em favela quem achar razoável que a sua própria casa seja invadida sem uma ordem judicial, só porque é vizinho de alguns bandidos. Aliás, pesquisem sobre a origem das favelas e verão que elas nasceram de militares abandonados pelo Estado, que se abrigaram com caixotes no Morro da Providência, após "pacificarem" Antônio Conselheiro e seus seguidores. Desnecessário dizer que aqueles militares e primeiros favelados eram de baixa patente e em sua maioria negros, bem diferentes dos chefes – quantos generais negros nós temos, mesmo? "Pacificar" preto e pobre cuja maioria não é de bandidos, isso as nossas polícias já fazem cotidianamente, basta ver as estatísticas dessa "pacificação" brasileira. Mas onde está o "me culpa" dos comandantes militares que, para limpar o RJ para a Copa, fizeram uma operação cinematográfica no Complexo do Alemão, jogaram para a imprensa, etc…Sabidamente, todos com curso de ECEME, Ciências Militares, Ocultas, etc, mas que se esqueceram daquela liçãozinha básica de combate: Se a operação tem martelo, precisa ter bigorna e efetivo de bloqueio, para evitar que o inimigo se evada, se reorganize e contra-ataque, como está acontecendo nas demais favelas do RJ. Todos vimos a bandidagem bater em retirada, entretanto, não previram um efetivo de cerco e captura. Vamos lá, "senhores doutrinadores da guerra"…Aguardo as explicações, já que nada justifica a conduta adotada. Fosse aluno e não previsse esse efetivo, estaria na água ou desligado do curso, mas…nossos generais e os pirus de generalato são os caras…
Acredito que lugar de vagabundo é na vala, porém o coronel foi infeliz em suas declarações, no local existem também brasileiros honestos, que são ameaçados diuturnamente pelo tráfico.
Comparar a liberdade de ação do tráfico com o das Forças de segurança é simplesmente loucura, tráfico não possui liberdade de ação,age através do crime, da ilegalidade, da covardia e da barbárie.
Essas operações são para inglês ver, não possuem eficácia alguma.
Infelizmente falta de tudo, de inteligência operacional a vontade política.
O coronel está com saudosismo, como falei anteriormente se pensar como ele fica fácil, pede fogo de artilharia para o local, e depois desentoca os elementos de casa a casa, ou seja, não estamos no Iraque, e temos que pensar antes de falar, já que os assaltantes de banco e terroristas de ontem, hoje são nossos governantes, ou seja, tudo para inglês ver, não existe eficácia alguma nas operações.
Enquanto isso nossos "chefes" estão todos comprados.
O Coronel está certíssimo, é o único jeito de, realmente, se fazer o que precisa ser feito.
Viviam dizendo "é só colocar o exercito lá que tudo será resolvido".
Se é para o EB fazer o que tem que ser feito, é assim mesmo que resolveria 90% da situação. Talvez não virasse um paraíso,mas não existe jeito de controlar aquele "formigueiro" de gente e vielas sem cercar tudo. É o que acho. O povo reclama demais e na hora de colaborar com as autoridades, se escondem. Preferem colaborar com os bandidos, com as milícias, pois tem medo de retaliação, e dessa forma aumentam a insegurança e domínio dos bandos. As FA não fazem milagres. São treinadas para destruir o inimigo. Se as comunidades gostam, deixem a PM, milícias e traficantes com estão e tirem as FA de lá.
Quanta balela, palhaçada…essas acusações contra o Exército sempre existirão.
As Forças Armadas nunca deveriam ter metido o bedelho na política, e jamais deveriam ter ficado tanto tempo no governo, agora o que herdamos daqueles tempos? Críticas e mais criticas de um bando de vagabundos que nos cobrem de inverdades e historietas…
Rosseau