ONU reúne pela primeira vez chefes militares para falar sobre missões de paz

ONU quer mais apoio para forças de paz em reuniões com chefes da Defesa
Secretário-geral fez apelo por mais contribuições de tropas e vontade política dos países; conferência reúne representantes militares de mais de 100 Estados-membros para discutir operações de paz das Nações Unidas no mundo.

Militares de mais de 100 países participam do encontro
na sede da ONU. Foto: ONU/Eskinder Debebe
Edgard Júnior, da Rádio ONU em Nova York.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, pediu esta sexta-feira “união e apoio” na primeira Conferência das Nações Unidas dos Chefes da Defesa.
Militares de mais de 100 países participam do encontro na sede da organização, em Nova York, para discutir as operações de paz. O encontro debate ainda desafios como ameaças a forças de paz, como por exemplo terrorismo, crime organizado, conflitos e até mesmo crises de saúde.
Portugal
Ban fez um apelo por mais contribuições de soldados e vontade política dos países. Segundo o chefe da ONU, “um desempenho eficaz exige um consenso amplo sobre o porquê, onde e como os boinas-azuis cumprem seus mandatos.”
O Chefe do Estado Maior das Forças Armadas de Portugal, general Artur Pina Monteiro, também participa do encontro. Em entrevista à Rádio ONU, em Nova York, Pina Monteiro falou sobre a contribuição portuguesa às missões de paz.
“Portugal participou sempre de missões das Nações Unidas, evoluindo ao longo dos tempos com maior ou menor intensidade. Lembro do papel de Portugal em relação ao Timor-Leste e, também, hoje temos que ter em conta por exemplo a situação da Guiné-Bissau. A Guiné que precisa ser apoiada e estou certo que as Nações Unidas darão seu contributo e Portugal, certamente, não vai ficar atrás nomeadamente porque na reunião dos doadores Portugal marcou bem sua posição.”
Ameaças
Os Chefes da Defesa estão debatendo questões centrais ligadas às tropas de paz como parte de um amplo engajamento dos Estados-membros para expandir a parceria e promover a implementação de suas missões.
Ban disse aos militares que as ameaças às tropas de paz estão aumentando. Segundo ele, “antes de 2000 a ONU perdeu mais de 100 boinas-azuis num ano, em quatro ocasiões. Desde então, esse número já foi alcançado 10 vezes consecutivas”.
O secretário-geral disse que nas últimas duas décadas o Conselho de Segurança deu mandatos cada vez mais desafiadores, como é o caso do Mali e da República Centro-Africana.
Ban afirmou que “até mesmo em missões tradicionalmente estáticas, como a Undof, nas Colinas de Golã, podem ocorrer mudanças repentinas no ambiente operacional”.
Proteção de Civis
O secretário-geral disse que o papel principal das tropas de paz é a proteção dos civis de qualquer tipo de violência.
Além disso, os boinas-azuis ajudam também no processo de estabilização, de extensão da autoridade do Estado e do fortalecimento do Estado de direito, como também lidar com os problemas de igualdade de gêneros e proteger os direitos humanos.
Segundo dados da ONU, mais de 130 mil militares, policiais e civis do mundo inteiro estão servindo em 16 operações de paz. Ban afirmou que “a manutenção da paz é uma responsabilidade global compartilhada que avança com os interesses comuns mundiais”.
ONU/montedo.com

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