Com o passar dos anos e de tropas estrangeiras, os haitianos transformaram-se, por necessidade, em poliglotas
Hey, you. Chocolate! Claudio Vaz/RBS
Foto: Claudio Vaz / RBS
Se em algum dia, você estiver pelas ruas haitianas e crianças e adolescentes gritarem: “Hey, you. Chocolate!”, elas não estão lhe oferecendo um pedaço de chocolate. Para elas é como se fosse uma saudação.
Quando enxergam estrangeiros e os militares, elas começam a gritar, algumas até a cantar, “Hey, you. Chocolate! Hey, you. Chocolate!”. Repetidamente. A maioria delas, talvez, nem saiba a origem dessa frase. Em 1994, quando tropas dos Estados Unidos desembarcaram em Porto Príncipe em uma das primeiras missões de ordem e paz no Haiti, eles usavam diversas estratégias de aproximação do povo. Oferecendo chocolate, conquistaram a confiança de muitas pessoas.
Francês e creoule são as línguas oficiais no país. Mas com o passar dos anos e de tropas estrangeiras, os haitianos aprenderam a falar em inglês, espanhol, português. Transformaram-se, por necessidade, em poliglotas.
O resultado dessa troca de culturas não se restringe apenas ao idioma. Existem haitianos arrastando o “R” e o “S” graças à convivência com o sotaque dos cariocas. Até um “piriguete” já se ouviu de uma criança. A cada seis meses, quando trocam as tropas da Minustah, novos dialetos do nosso Brasil são ensinados a eles. Agora, estão em alta o “chimarrão” e o “bá” gaúchos.
A série
O repórter Bernardo Bortolotto da RBS TV e o cinegrafista e fotógrafo, do Diário de Santa Maria, Claudio Vaz estão em Porto Príncipe, no Haiti, para acompanhar os militares brasileiros que fazem parte da Missão das Nações Unidas para estabilização e manutenção da paz (Minustah).
Atualmente, o 21º Batalhão de Infantaria (Brabat) é formado por 1,2 mil homens. Cerca de 800 são gaúchos e mais de 500 são dos quartéis de Santa Maria. Eles embarcaram rumo ao país caribenho em novembro de 2014 e podem desmobilizar parte do batalhão e retornar para o Rio Grande do Sul em março.
A equipe acompanha o dia-a-dia dos militares e registra fatos que chamam a atenção durante os cinco dias que permanecerem na capital haitiana.
Zero Hora/montedo.com

Uma resposta

  1. Isso é muito comum em países com extremas necessidades como Angola, por exemplo. "brasileiro! bolacha!, lembro desta matéria em uma revista verde oliva lá pelo ano de 1996/97. Se pudesses reproduzi-la no blog MONTEDO, seriam boas lembranças.

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