Não é guerra ‘oficiais x praças’. É democracia, é exercício de cidadania!

Ricardo Montedo

 

 A postagem O general e
a esposa do QE não cabem no mesmo ‘santinho’ tem gerado uma discussão interessante na área de
comentários, sobre as diferenças entre oficiais e praças nas Forças Armadas,
carreira, subordinação, discriminação, etc.

  Infelizmente,
como já escrevi ao responder a um comentário, a visão da cúpula militar  em relação às praças – não hegemônica, mas  majoritária –  faz com que um guri recém saído de um NPOR
seja mais valorizado que um subtenente com mais de vinte anos de serviço, no
comportamento Excepcional e vasta experiência. Não conheço a realidade
da Marinha e Aeronáutica, mas creio que não deva ser muito diferente do que
acontece no Exército.
  Ao
contrário do que parecem pensar alguns comentaristas, não pretendo estimular,
muito menos incitar ‘guerra’ alguma. Estou entre aqueles que, mais do que
torcer, têm certeza que as carreiras de oficiais e sargentos podem e devem ser harmônicas,
aliás, como se espera tratando-se de militares profissionais. Tive a felicidade
de viver uma experiência em minha carreira que fortaleceu essa convicção. Antes,
entretanto, é necessário mudar a mentalidade arcaica que impera hoje, herança
de lusitanos e franceses. Coisa para uma geração inteira. Porém, isso é assunto
para outro momento. Voltemos ao ponto.
  O
Coronel José Gobbo Ferreira diz, em seu comentário: “Fui signatário daquele
documento [o manifesto Alerta à Nação] e tenho
certeza que nossos companheiros da ativa e as praças de uma maneira geral foram
excluídos dele para preservá-los de qualquer consequência negativa,
risco
que estávamos correndo naquele instante. Não houve qualquer espírito de
discriminação, com o qual jamais concordaria. Se, agindo ao arrepio da Lei o governo resolvesse por alguma
retaliação, nós, oficiais não desejaríamos que nossos irmãos de armas na ativa,
ou praças, fossem atingidos por elas.
  Bem,
quanto à exclusão dos militares da ativa, concordamos, pois as adesões eram
manifestamente ilegais e sua manutenção poderia, aí sim, gerar consequências
jurídicas e disciplinares. Afinal, o norte ético para qualquer cidadão de bem
deve ser a Lei de seu País.
  No
que se refere à retirada do apoio das praças da reserva, o argumento serve
apenas para comprovar o que afirmo. Senão, vejamos: pelo visto, o coronel crê,
sinceramente, que homens maduros, profissionais militares – tanto quanto ele –
precisam de tutores para decidir qual o risco que podem ou devem correr. De sua
argumentação, deduzo que esses militares não teriam a necessária independência
intelectual para decidir quais responsabilidades assumir. Constituiriam, assim,
a classe dos inimputáveis fardados, a esperar que alguém decida por eles.
  O
fato é que um general com mandato não irá abrir mão da maneira de pensar que o
acompanhou durante uma vida toda. Essa mentalidade, positiva em muitos aspectos
– diga-se – é altamente prejudicial quando se trata das demandas da família
militar. A estrutura rigorosamente hierarquizada distancia cada vez mais o
oficial em ascensão das necessidades reais da tropa, a qual ele um dia
pertenceu.

Um exemplo
  A
nefasta MP do Mal foi gestada com a anuência – para dizer o mínimo – do Alto
Comando das Forças Armadas. Sem aviso ou regras de transição, de uma vez só
foram por água abaixo Licença Especial, promoção ao posto acima na reserva, pensão
para as filhas e anuênio (este, só foi extinto para as Forças Armadas). Milhares
de militares perderam benefícios por um mês, uma semana ou mesmo um dia. Coincidência ou não, nenhum – soletro: n-e-n-h-u-m! – general ou coronel, na ativa em
dezembro de 2000, teve qualquer direito prejudicado. Por quatorze anos, a
malfadada MP – que está na origem da atual defasagem salarial dos militares – tem
passeado por escaninhos e gavetas diversos, sem que nossos generais movam uma
palha sequer para que ela seja votada.

Outro exemplo
  A
justa e merecida promoção dos integrantes do Quadro Especial a segundo sargento
poderia ter sido viabilizada administrativamente há muitos anos pelo Exército. Ao
invés disso, só ocorreu depois que um punhado de bravos militares de Santa
Maria teve a coragem de procurar um deputado federal e apresentar sua
reivindicação. Foram tratados como insubordinados por praticarem um ato de
cidadania plena, por exercerem um direito constitucional inalienável. ‘Deram a
cara à tapa’ e seguiram em frente, desencadeando um movimento de apoio político
que levou a questão para dentro do Congresso Nacional e deste para o Executivo.
Confrontado com o fato prestes a ser consumado, o Comando do Exército não teve alternativa
a não ser apresentar proposta regulamentando as promoções. Não há como negar
que a ‘causa QE’ serviu de palanque para oportunistas de plantão, entretanto,
não fosse a ação dos milicos gaúchos, nada teria acontecido.

Para encerrar

  A
eleição de representantes que levem para a Câmara dos Deputados as demandas dos
militares e suas famílias e não as da cúpula das Forças Armadas é altamente
salutar e vem na esteira de um amadurecimento de relações, fruto de avanços numa
área na qual os militares, via de regra, não transitam com desenvoltura: o
exercício da cidadania, que lhes é de direito.

31 respostas

  1. Muito boa esta matéria! Parabéns para quem a escreveu! Os praças precisam ser valorizados. Foram o retrogrado pensamento dos oficiais. Poder não é para ser utilizado para rebaixar os seus subordinados e sim para fazer algo de bom por eles. Isso vai em contramão dos lideres da iniciativa privada e do atual momento que vivemos!

    1. Uma das maiores virtudes desses ditos meritocratas e o massacre as praças. São seres humanos iguais, mas de mentalidade diferentes por serem detentores de poder reduzido. Se acham ser supremo e atropelam quem está abaixo deles. Se dizem inteligentes só para atrapalhar a vida das praças. Chegar ao ponto de dizer que somos analfabetos e entramos pela janela demonstram falta de conhecimento de suas sabedorias. Se fossem sábios, teriam por muitas oportunidades mudado o regulamento para beneficiar aqueles que a anos ajudaram em seus conceitos a chegarem onde chegaram. Sem as praças não teriam chegado. O pior que quando precisaram estávamos lá para ajudá-los, muitos anos convivendo juntos, é o que ganhamos deles o despreso. Sou ciente da existência de muitos generais e oficiais bons, mas infelizmente esses ditos meritocratas, fizeram as praças mudarem de idéia. Eu nunca mais na minha vida votarei em.um, ainda farei campanha contra. O pior desgosto de uma pessoa é o desprezo e a falta de reconhecimento.

  2. O falecido General Mourão Filho, nos idos dos anos 60, declarou que a Escola de Sargento das Armas, seria um núcleo de formação de subversivos, idealizadores de "luta de classes", e que o bom sargento é aquele formado em corpo de tropa, com orgulho de ostentar as divisas no braço e ser incapaz de se meter em política (Arruda, João Rodrigues, O Uso Político das FFAA e outras questões militares, ed. Mauad X, 2007, SP).
    Tal consideração feita pelo General responsável pela consolidação do golpe de 31 de março de 1964, enquanto Comandante das Forças Terrestres em Juiz de Fora – MG, não soa muito bem com a afirmativa de que não houve golpe, mas revolução popular, invocada pelo povo.
    O número de Praças que possuem nível superior no Exército, chega a superar o dobro do efetivo de oficiais formados pela AMAN, e isso aponta um contato com a sociedade civil mais extenso que a oficialidade que se mantém em regime de internato em sua formação acadêmica.
    Conhecer novas mentalidades e pensamentos, de fato atrai o amor ao discurso e uma defesa mais lógica de direitos e prerrogativas, o que de certa forma não é admitido pela oficialidade.
    O Praça que questiona a legalidade de uma conduta de um oficial, pode significar o fim de sua carreira, assim como o início de perseguições que somente terão combatividade efetiva quando levadas ao conhecimento do Poder Judiciário.
    Tradicionalmente a figura do Pater familiae é atribuído a oficialidade, que, equivocadamente, detém melhores condições de julgar (ou subjulgar?) um determinado ato, que muitas das vezes inserem-se no campo privado.
    Talvez por isso que várias dicotomias existam entre oficiais e praças tanto no plano factual como no mundo jurídico.
    Para se ter uma melhor idéia da diferença entre os universos de uma carreira tão idêntica (militares), a oficialidade goza de algumas prerrogativas e direitos que não são extensivos as Praças, dentre ela o direito de ser julgado por seus pares na Justiça Militar, inserindo na composição dos Conselhos Permanente de Justiça as Praças; Regime jurídico de promoções e carreira previsto em lei federal, enquanto as Praças é pela via do decreto; Conselho de Justificação previsto em Lei, enquanto o Conselho de Disciplina é previsto em Decreto.
    Sem falar nos Clubes Militares, que funcionam como verdadeiros sindicatos da oficialidade, enquanto as praças que se reúnem em associações para buscar a efetividade dos direitos constitucionais é rotulada de subversiva….e perseguida incessantemente.
    Motivos não faltam para uma nova revolta da chibata.
    Afinal, o Pau que dá em Chico, não dá em Francisco, quando Chico é Praça e Francisco é oficial.

  3. Parabéns pelos textos Montedo e Willian, sempre acompanho o blog e vejo que é o único canal onde assuntos considerados tabus dentro do EB podem ser discutidos de maneira ampla e irrestrita.

  4. Montedo.
    Não poderia deixar de comentar como leitor assíduo do seu Blog, TC do EB e filho de Sargento do EB.
    Trabalho no EB, nunca usei o termo carreira, Uso o termo trabalho ou anos de trabalho, ou anos de serviço.
    Sou meio de turma, na região do 2º terço. Não fiz a ECEME por convicção. E é aí que eu quero entrar… a ECEME. Vários de meus companheiros de turma fizeram. Muitos deles tinham um discurso igual ao meu antes da conclusão da ECEME… depois mudaram o discurso. E é lógico que qualquer curso que fazemos, seja ele militar ou civil, influencia de forma maior ou menor a nossa maneira de pensar… mas confesso a você e a seus leitores, que poucos, mas muito poucos mesmo não perderam a maneira de pensar pós ECEME.
    E esse é um detalhe que pode parecer desprezível, mas não é… Os nossos Of Gen são assessorados por militares com ECEME… passa longe deles um Of do QSG quando o assunto é a Força, ou os problemas da Força… os QSG, que em geral estudam Administração, Contabilidade, Direito, dão aulas na faculdade e tem como seus colegas muitos Praças não despacham com Gen… despacham somente assuntos de pagamento, BI, Fisc Adm… “bombas”! Estou mentindo? Acho que não. Também não quero aqui promover qualquer tipo de cisão, mas existe a diferença de raciocínio SIM, entre QSG e QEMA. E aí que te digo e te abraço. Muitos dos oficiais do EB, principalmente aqueles que são filhos de Praça, que tem o exemplo das dificuldades em casa, coadunam com ideias muito semelhantes aos dos Praças. Afirmo isso com tranquilidade, até porque os nossos anseios não estão ligados a certas vaidades que muitos buscam com titulações e funções… queremos apenas um EB mais profissional e com um bom canal de comunicação entre os profissionais que trabalham no mesmo ambiente… Portanto, Montedo, para não ser prolixo, quero dizer que os nossos Srs Gen e seus assessores diretos, esses sim devem sair do seu PC e conversar com a tropa. E não apenas conversar. Devem promover grupos de trabalho, com a participação das Praças, paraque certos anseios comuns sejam atendidos e aqui enumero alguns:
    – PNR para todos, igual, com a mesma planta.
    – retorno do Tp de Sv ao contracheque.
    – pagamento de indenização de representação para quem está de Sv na OM.
    – Mesmo auxílio uniforme e de natalidade.
    – Uma legislação de remuneração que permita que o ST, por exemplo, receba proventos maiores que um Tenente recém saído da escola.
    – Benefícios para os militares concludentes de cursos de graduação e de pós graduação (R$), dentre outras…
    Amigos do EB. Quem promove os estudos, assina essas mudanças e leva ao Executivo, Congresso, Políticos, etc., é um Gen, que passou pela ECEME, do QEMA. Falei alguma coisa impossível. Creio que não. Minha visão de Of do QSG e de outros colegas é essa… e tenham a certeza, superiores e subordinados, que eu já falei isso, incluindo uns 2 Of Gen da ativa com quem tive a oportunidade de conversar… Antes de mais nada, nos mantenhamos unidos e com novas ideias. Está faltando APENAS AQUELES que têm que levar as ideias para frente FAZEREM ISSO. Um bom dia. TC Realista.

  5. Parabéns aos companheiros de caserna que apresentam aqui argumentos e ideias coerentes e realistas. Não se quer cisão, racha ou revolta. Queremos FFAA com profissionais valorizados e RESPEITADOS. Mas um respeito que extrapole aquele obrigatório, imposto pelo regulamento. Um respeito que surja da convivência harmônica e do mérito individual, independente da insígnia que use no uniforme.
    Que esse pensamento prospere cada vez mais para que as próximas gerações sirvam a forças armadas mais humanas.

  6. Caro Montedo, perfeita a sua dissertação sobre o assunto. Qualquer um que tenha o mínimo de compreensão lógica, entenderia que a postagem "O GENERAL E A ESPOSA DO SGT QE NÃO CABEM NO MESMO SANTINHO" NÃO É um incentivo a guerra de classes, e sim vc explicou a diferença de perfis entre os candidatos.

  7. Concordo que não deva existir disputa entre Oficiais e Praças (não Oficiais).
    Mas convenhamos, aqueles que não acham que existem problemas, não existe discriminação não repararam que até no nome "PRAÇA" existe um aspecto pejorativo? Ora bolas, vejam a etimologia da palavra para designar a graduação militar dos que não possuíam títulos.
    Contra os fatos que vemos no dia a dia não há argumentos. Os próprios Praças que são promovidos a Oficial dizem que são mundos diferentes: no mundo dos Oficiais a comida melhora, não é preciso ter horário rigoroso para tirar falta e retornar do almoço (p.ex. na minha antiga OM os Oficias ficavam jogando sinuca de 30 a 40min após o término do horário do almoço, enquanto as Praça estavam em forma comandadas por um Subtenente 30 ou 40min antes), não existe burocracia para os Oficiais fazerem manutenção em seus veículos particulares dentro do quartel, os oficiais Superiores conseguem guardar vaga para consultas e exames nos hospitais com mais facilidade do que as Praças, e por aí vai as vantagens.
    Mas o ideal seria que a única diferença fosse a remuneração e o grau de responsabilidades e todo o resto fosse igual, de modo que as prerrogativas e direitos fossem UNIFORMES/PADRÃO de modo a realmente seus integrantes terem a sensação de UNIDADE DE CORPO e não de grupos com privilégios e grupos sem privilégios.
    Além do mais, aqueles que acham que não existe nada de errado não conseguiram perceber que teria que existir uma grande neurose coletiva entre as Praças para que todos tivessem a mesma opinião em relação aos Oficiais hoje, não acham?
    Acham que os vários comentários criticando o MODUS OPERANDI dos Oficiais com a manutenção dos STATUS QUO é fruto de uma loucura coletiva das Praças?
    Seria muita ingenuidade ou falta de percepção da parte de vcs!!!!!!!

  8. Na minha unidade tem uma copa. Nessa copa trabalha um taifeiro. Esse taifeiro vende salgadinhos nessa copa. E pra acompanhar os salgadinhos, ele serve um suco que ele mesmo faz. O consumo na copa é registrado numa folha e todo mês é cobrado dos militares da unidade. Todos pagam, oficiais e graduados. No entanto, o taifeiro serve o suco em copo de plástico para graduados e em copo de vidro para oficiais. Tudo no mesmo ambiente, ao mesmo tempo. Vejam só, que interessante. E depois querem negar…

  9. Na minha unidade, por motivo de obra, os oficiais e sargentos passaram a fazer as refeições no rancho de cabos e soldados. Foi estabelecido um número de mesas para oficiais, outro para Subtenentes e sargentos. No refeitório de oficiais as mesas tem toalhas, no refeitório dos sargentos não. No refeitório de oficiais existem taças, no dos sargentos existem copos velhos e trincados. Pequenos detalhes que mostram a diferença de tratamento para profissionais de uma mesma força.

  10. Parabenizo a vitória dos QE e a inteligência de procurar políticos e conquistarem a vitória.

    Se dependesse do EB, nada sairia.

    Quero lembrar aqui algo que ocorreu com os Sgt Corneteiros que morriam 3º Sgt, ai por ação de um Sgt chamado Gilberto do 1º RCGd nos idos de 1992 ( não tenho certeza )agiu junto a um Gen na época e conseguiu a promoção a 2º Sgt de toda a QM.

    Pois bem ! Nos anos seguintes, os familiares desses Sgt Corneteiros começaram a lutar para a promoção a S Ten ( isonomia com a FAB ou Marinha, não tenho certeza.)

    Lembro que Sra Ester, esposa de um Sgt do BGP, que era Presidente de uma Associação de Esposas de Militares, tomou frente, brigou, foi a audiências e o EB, fez o quê !!!

    – Extinguiu a QM Corneteiros em 1999. Alguém lembra disso ?

    Isso aconteceu, porque NÃO agiram junto aos politicos, como fizeram os QE.

    Estou lembrando disso, porque muitas melhorias, podem ser tomadas dentro da Força, mas para o bem e NÃO para o mal.

    EXEMPLOS:
    – Desde Dez 1994, as indenizações de bagagem, Auto e Moto não são atualizadas ( 20 anos );
    – a etapa alimentação e diárias demoraram uns 10 anos para ser atualizadas;
    – A PF, PRF, etc … numa mesma ação com o EB, ganha diárias e os nossos chefes querem pagar 2% de representação;
    – situações que podem pagar ajudas de custo, pagam diárias;
    – em 28 Dez 2000, perdemos um posto acima. Ai, em 2001, o EB aumentou os intersticios. O STen entrava no QA com 36 meses e passou para 50 meses ( 4 anos e meio para entrar no QA ). Oras ! era para diminuir e não aumentar, para compensar a saca da MP do Mal;
    – Tem GU, que nos últimos 40 anos, não houve um PNR para ST/Sgt construido. Ai a OM tem 120 ST/Sgt e apenas 10 ou 15 PNR.
    – Lins, Guarujá, Praia Grande, Itú, etc …

    Enfim, salvo melhor juízo, muita coisa boa poderia ser feito dentro da Força e não depender de fora.

    Mas penso, TODOS são prejudicados. Não entro nessa de A X B.

    BANCADA MILITAR JÁ.

  11. Concordo…vivemos em um Exército com tradições colonialistas, onde existe uma redoma que separa a elite da plebe, felizmente muitos oficiais já perceberam isso e tentam mudar as coisas, porém o processo vai ser lento porque abrange desde o Código Penal até as Leis e Regulamentos que regem o nosso militarismo… O exemplo mais crítico que vejo hoje é a carreira dos praças…enquanto um sargento de 98 é 2º sargento, os aspirantes de 98 já são majores. Mais a resposta é aquela… Não tá contente pede pra ir embora.

  12. Estamos todos no mesmo barco, só que uns vão no convés tomando vinho do porto e outros vão no porão remando e levando chicotada no lombo. Preciso descrever quem são "uns" e "outros"? Obrigado.

  13. Todas a mazelas que atingem principalmente as praças (falta de PNR, salário incompatível com as atribuições atuais,interstício, atendimento médico hospitalar, refeitórios, alimentação diferenciada, etc), tem origem dentro da força, não depende de ações do governo.
    Não adianta pregar moral de cuecas para a tropa.

  14. Complementando o comentário das 17:17…
    Os praças antigões que volta e meia ficam criticando os "novinhos" dizendo que só ficam refugando de missão e estudando não perceberam que eles ainda morderam alguma 'carne' no sistema, pois os 2º e 1º Sgt em 1998(quando eu era lobinho recém egresso da EsSA) hoje já são Tenentes e Capitães QAO, ao passo que eu ainda sou 2º Sgt (ganhei apenas uma promoção). Assim como Capitães em 1998 já são Ten Cel hoje. Nesse ínterim quem se beneficiou mais e quem roeu osso (não comeu a carne) ?
    Logo, realmente eu não dou o mesmo gás que aqueles que colheram mais benefícios do que eu no Exército. E o pior de tudo é que a geração que mais foi beneficiada foi a menos cobrada intelectualmente para chegar ao Oficialato, e hoje numa época em que a maioria dos 'lobinhos' está cursando ou já terminou o curso superior estão exigindo um curso de especialização "feito nas coxas" (CHQAO) para que estes venham a se tornar oficiais, assim como também aumentaram imensamente o interstício entre as graduações.
    Resumindo, as novas gerações estão SIFU nas promoções e na remuneração em relação ao pessoal mais antigo.
    Mas como dizem os sábios da caserna: NÃO ESTÁ SATISFEITO, PEDE PRA IR EMBORA!!!

  15. Os Oficiais das Forças Armadas brasileiras agem como se estivessem eternamente curtindo o Último Baile da Ilha Fiscal (RJ), o último baile da Monarquia antes da Proclamação da República.

  16. Caros colegas de Armas, boa tarde a todos! Sei que vou "chover no molhado", mas peço desculpas para fazer o meu desabafo. Concordo com todos os comentários anteriores. A nossa profissão não deveria possuir diferenças em TODOS os aspectos. Já existem a hierarquia, os postos e graduações, as funções, cargos, autoridades definidas, quem manda e quem executa. Porém, o EB sempre ligado às "tradições" do império, insiste em manter diferenças de tratamento que não somam em nada na atividade fim (atividade típica de um Exército Nacional) e que nos remetem ao período escravocrata: onde o oficial (da Aman, excluídos os demais) representa o senhor de engenho e as praças tratadas como os escravos que fizeram essa terra progredir naquela época. Esse sentimento de privilégios e de pertencimento a castas não mudará por decreto ou portaria do próprio EB. O Poder Executivo é quem pode mudar essa situação reformulando toda a carreira militar e criando, por exemplo, duas carreiras distintas: uma para oficial e outra para praça (não oficial ou oficial não comissionado, como nos EUA). Dessa forma, não existiria a absurda situação de um subtenente perceber vencimentos menores que um jovem temporário (ou mesmo de carreira). E, para os oficiais que não admitem isso, aqui vai alguns esclarecimentos:

    1. Não se pode permitir uma hierarquia da remuneração; somente se houvesse a possibilidade, por exemplo, de um subtenente chegar a coronel. Como o limite é o posto de capitão demonstra cabalmente que existem na prática duas carreiras, porém com um único sistema de remuneração (pesquisem outros exércitos e entenderão o que estou afirmando);

    2. Um subtenente (ainda como referência) percebendo uma remuneração maior que um aspirante ou tenente, continuaria subordinado a estes últimos. Somente na cabeça de militares latino-americanos existe essa mania de achar que subordinado, para ser subordinado, deve ganhar menos!!! Ressalta-se que o tenente, em sua carreira, vai atingir o posto de coronel, ganhando muito mais, enquanto o "sub" no máximo chegará a capitão;

    3. Nenhum militar escolheu a profissão das armas para enriquecer. Isto é fato. Porém, para nos dedicarmos a essa profissão, com os seus inúmeros riscos inerentes, devemos oferecer um conforto aos nossos familiares. Dessa forma, todos estaríamos focados na missão e não preocupados com dívidas, aumento de aluguel e outras despesas. Como pensar em ideias para melhoria no quartel com essas aflições familiares?(meu último comandante dizia para que todos os militares ficassem pensando em ideias para o quartel, mesmo se estivessem na praça, no shopping, no banco, no mercado, etc);

    4. Militar, oficial e praça, é formado pelo mesmo material biológico. Possuem a mesma substância sanguínea, necessitam dos mesmos gêneros alimentícios e, em muitíssimos casos, vieram da mesma rua, bairro, cidade ou idêntica condição sócio-econômica. Portanto, senhores oficiais, sem essa de achar que o ser humano por ser praça do EB deve passar fome, ou não possuir um automóvel, ou não deve colocar os filhos em escola particular, ou só deve beber água em copo descartável, ou que seus filhos recém-nascidos devem usar apenas fraldas descartáveis de qualidade inferior, etc, etc.

    Desculpem-me a extensão do desabafo. Estamos em pleno século XXI, na Era do Conhecimento e ainda existem "profissionais" que se consideram possuidores de sangue de cor azul!!!

    Abraços.

    P.S.: precisamos mudar essa mentalidade e buscar a união. E união não significa promiscuidade ou indisciplina, senhores generais.

  17. Sou QE de 1988, faltam 3 anos para mim deixar o EB (infelizmente – queria sair hoje) sempre tive uma regra comigo, oficial e praça não se misturam. Oficial bom nunca passou de cadete.

  18. Nada com assunto do post, mas alguém aí do sul pode confirmar esse fato?
    […] "General de Exército Antônio Hamilton Martins Mourão, aproveitou um comentário no final da ordem do Dia do Comandante do Exército em 25 de agosto (Dia do Soldado), em Porto Alegre, para mandar um recado:

    "Eu não poderia deixar de complementar a Ordem do Dia do Exmo Sr. Gen Peri. Dirijo-me aos meus Oficiais, Subtenentes, Sargentos, Cabos e Soldados, da ativa e da reserva. Ainda temos muitos inimigos internos que impedem o nosso caminho rumo ao progresso e à democracia. Mas se enganam aqueles que nos imaginam desprevenidos ou despreparados. ELES QUE VENHAM!". No que a tropa, devidamente treinada, respondeu de bate pronto: "SERÃO DERROTADOS"[..]

  19. Boa noite Montedo, parabéns pela excelente postagem, sugiro a você postar o comentário do Anônimo Willian Machado – Advogado feito no dia 4 de setembro de 2014 11:06.

    Acho o comentário muito importante para os leitores e ficando na área de comentários não será visualizado por todos.

    Grande abraço e mais uma vez parabéns.

  20. Infelizmente o discurso maniqueísta continua imperando por aqui. De boas intenções o inferno está cheio, não é Montedo? Parece-me que só são relatadas aqui as exceções. Então é o temporário que você viu ser mais valorizado que a praça experiente, mas você disse que foi testemunho de uma harmonia desejável para qualquer ambiente de trabalho em especial considerando a hierarquia e a disciplina. Insisto que a quase totalidade dos chefes preocupam-se com os seus subordinados e as famílias dos mesmos. Novamente, pontos fora da curva existem, mas são minoria e não maioria como querem fazer parecer aqui. Não quero citar exemplos pessoais, mas os teria aos montes para relatar aqui. Quanto à MP da LRM podem crer foi uma surpresa geral. O texto que estava sendo analisado pelas Forças não continha estes dispositivos e a chiadeira foi geral quando saiu deste jeito, inclusive no próprio EME, onde eu então servia, principalmente porque tive subordinados prejudicados, tendo deixado claro que a MP estava dividindo o EB em dois, em função da data de praça de cada um dos integrantes. Passei para a reserva logo depois e não sei o porque de ela nunca ter sido discutida e votada. Tuma senador ficou sentado em cima dela como relator até morrer e agora nem sei a quantas anda. Só sei que se não selecionarmos os pontos de nosso interesse e trabalharmos para revertê-los correremos o risco de perdermos mais ainda. Quanto às promoções, existe, existiu, uma política de pessoal onde as carreiras estão, estavam delineadas. O militar QE sabia as regras do jogo, o QCO sabia as regras do jogo e assim sucessivamente. Passei os dois últimos anos da minha carreira na subchefia responsável pelo assunto e ali assistia as mais diversas demandas e ouvia as mais variadas histórias semelhante a do corneteiro. Data de portaria era questionada porque seria para beneficiar o fulano que era peixe do sicrano e vai por aí afora. Enfim, isto já é história. Acho que já falei demais. Muitos companheiros vão gastar dinheiro e vão cooperar para eleger talvez até inimigos nossos, em função das coligações dos partidos que pertencem. E aí? Contratem ou comprem a assessoria necessária para aprovar o que for do interesse, talvez seja mais rápido e barato.Boa sorte aos candidatos.

  21. Como se não bastasse o absurdo em si, ensejado por essa bipartição promovida pelos oficiais, ainda temos a tristeza de vermos alguns colegas praças que fomentam essa situação, colocando-se na ridícula posição de lacaios. Em minha unidade existe um Capitão PTTC que usa um sargento de carreira, aperfeiçoado, como seu mandalete pessoal. Limpa sua mesa, serve seu chimarrão, serve chás e café para os convidados à sala do chefe, limpa o chão e puxa o saco descaradamente a fim de ver o patrão feliz. Como se isso fosse pouco, em certa feita, foi escalado a servir capuccino num café para oficiais, tal como um verdadeiro e servil capacho. Quando acossado por algum colega, responde simplesmente que quem não puxa saco, puxa carroça (porém esquece que quem puxa saco, puxa tapete!). Na hora do conceito, seu amado dono agracia o precioso cachorrinho com muitos 'A', enquanto os colegas que desempenham funções que exigem alto grau de conhecimento e especialização amargam um 'C' magro na maioria dos aspectos. Por isso penso que é muito difícil mudar essa mentalidade senhor/escravo no EB. A grande maioria das praças se sente feliz por ser tratada como reles pano de chão, seja por não tomar uma atitude frente aos chefes, seja por não tomar uma atitude com relação a esse tipo de colega, que não passa de um parasita da classe, uma vergonha para todos os sargentos. Tão ridículo quanto ele é o QAO PTTC que o comanda, pois age como o escravo liberto que vira um ferrenho escravocrata e que, no passado, deve ter sido como esse camarada ridículo que o serve, apenas esperando a sua vez de ser o senhor. Como então esperar um tratamento digno de nossos superiores, se dentro de nosso círculo temos eese tipo de comportamento?

  22. Caro Amigo Montedo,
    Na minha cética opinião de milico de 29 anos de serviço, eu estou acostumado a ver muitos e muitos mesmo, leões de fardas que só rugem para baixo! Quando estão na ativa sabem defender os próprios interesses, se acham que conseguem sair oficial general, para os oficiais, ou tenente QAO para as praças, ficam quietos, se acovardam na esperança de poderem eles quem sabe, conseguirem uma "boquinha" no governo da Dilma, ou do FHC, ou quem sabe sobra uma boquinha para poderem continuar trabalhando como auxiliar em algum lugar da administração publica! Exemplo deste que vos fala pois não assino meu comentário para quem sabe ano que vem poder sair promovido! Esta é a nossa vida, temos de manter nossos interesses primeiro e depois o bem comum… Mas depois que eu tiro a farda sim, posso falar e mostrar que eu sou macho… Que eu sei rugir… E rugir para cima!

  23. Oficial eleito só pensará nos oficiais, isto é fato, quem discordar, olhe os exemplos dentro da Força, são mais que suficientes. Não deveria ser assim mas, sempre alguém surgirá se dizendo paladino da justiça e, irá melhorar a situação de todos…balela, quem não faz dentro dos muros não fará fora.

  24. Nos anos 90 comentei com alguns colegas no QG da 9RM, o exercito e o livro "casa grande e senzala" onde os negros que não aceitam serem maltratados são açoitados' e os que querem agradar o senhorzinho da casa grande no máximo vão virar capitão do mato ou feitor, algo muito parecido com oficiais e ST/SGT nos dias atuais.

  25. PARABENS A TODOS AQUELE QUE COMO EU NUNCA, JAMAIS VOTARIAM NUM CANDIDATO GENERAL.

    ESTE AI QUE ESTA CONCORRENDO COM A KELMA COSTA EU CONHEÇO, ADORAVA USAR SUA PATENTE PARA SER ATENDIDOS SEUS CAPRICHOS E DESMANDOS NA ATIVA, IMAGINO O QUE FARÁ COMO DEPUTADO FEDERAL, SO VAI VER SEU UMBIGO E DOS COLEGAS. QUE NADA FIZERAM OU FAZEM EM ANOS E ANOS A FRENTE DO COMANDO.

    KELMA COSTA NELES!!! JÁ!!! URGENTE!!!

    CHEGA DE SOFRER SEM TER A QUEM RECORRER.

    70.64 NELES PESSOAL, DIVULGUEM AOS SEUS FAMILIARES E AMIGOS.

    NÃO SOU AMIGO DE KELMA, NÃO A CONHEÇO PESSOALMENTE, NAO MORO NA MESMA CIDADE QUE ELA, MAS ACOMPANHEI AQUI NO BLOG DO MONTENDO E PELO FACE DELA, A LUTA DELA E DE OUTRAS MULHERES, SIM, MULHERES QUE FORAM EM BRASÍLIA E PELO BRASIL AFORA REIVINDICAR O QUE DEVERIA SER FEITO PELOS CHEFES MILITARES.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Pular para o conteúdo