Com aposentadoria do Mirage, caça F-5 passa a defender Brasília em 2014

Menos veloz e fabricado nos anos 70, avião foi deslocado do RS para GO.
Piloto do último deslocamento do Mirage diz que foi voo mais difícil da vida.
Caça F-5 assume a defesa do Planalto após a desativação do Mirage (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Caça F-5 assume a defesa do Planalto após a desativação do Mirage (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Tahiane Stochero
Do G1, em Anápolis (GO)
O ano de 2014 começa com uma nova aeronave de combate defendendo a Esplanada dos Ministérios e o Palácio do Planalto. Desde a aposentadoria do caça Mirage 2000, cujo último voo o G1 acompanhou na terça-feira (31), um F-5 assumiu a prontidão na Base Aérea de Anápolis, em Goiás, com a missão de interceptar e até abater qualquer avião suspeito que ameace o espaço aéreo na região central do país.
Fabricado pela norte-american Northrop e tendo sido usado na guerra do Vietnã (1955-1975), o F-5 começou a ser comprado pelo Brasil na década de 70 como um caça tático e passou por um processo de modernização nos últimos anos na Embraer, recebendo novos sistemas de radares e nova tecnologia de aviação.
O Brasil possui 57 unidades de F-5, distribuídos em Manaus (AM), Rio de Janeiro e Canoas (RS). Um dos F-5 foi deslocado no dia 31 do Rio Grande do Sul para Anápolis, recebendo armas e munições assim que o Mirage número 4948 decolou para o museu da Aeronáutica no Rio de Janeiro, às 10h42, deixando assim de fazer parte da proteção do país.
“A noite do réveillon e o primeiro dia de proteção aqui foram tranquilos. Não fomos acionados nenhuma vez”, diz o tenente-coronel Carlos Afonso, de 42 anos, que comanda o esquadrão de F-5 da FAB em Canoas e que foi pessoalmente para Anápolis para assumir a responsabilidade no primeiro dia de ação do caça para defender Brasília.
4 caças Mirage ainda aguardam destinação em Anápolis (Foto: Tahiane Stochero/G1)
4 caças Mirage, que deixaram de ser utilizados pelo Brasil dia 31, ainda aguardam destinação em Anápolis. Eles poderão ter peças aproveitadas (Foto: Tahiane Stochero/G1)
“O F-5 tem uma velocidade operacional inferior em relação ao Mirage. Mas a missão vai ser cumprida da mesma maneira. Garantimos a defesa”, afirma Afonso. Ele é o piloto que está de prontidão nesta quarta-feira (1º).
Adquiridos em 2006 em uma estratégia tampão, diante da indefinição do governo quanto ao novo caça do país, os Mirage foram comprados já usados da França: o modelo que fez o último voo no dia 31 tinha 6.100 horas de voo.
Ao contrário do F-5, que atinge até 1,9 vez a velocidade do som, o Mirage atinge até 2,2 vezes a velocidade do som. Enquanto o Mirage chegaria a Brasília em 5 minutos, partindo de Anápolis, o F-5 demora cerca de 7 minutos.
Os F-5 ficarão em Anápolis até que comecem a chegar os Gripen N/G, o caça sueco escolhido pela presidente Dilma Rousseff como a nova aeronave de combate da Aeronáutica. Serão compradas 36 unidades por US$ 4,5 bilhões. A ideia da Aeronáutica é pegar emprestado com a Suécia 12 aviões Gripen de uma versão anterior a que ainda será fabricada, que podem chegar já em 2015.
Segundo o coronel Afonso, foi solucionado o problema que havia em algumas unidades de F-5 da FAB e provocava a queda do canopi (a capa que protege o cockpit, onde o piloto fica). “Foi um caso pontual, de ajuste. Já foi sanado e não tivemos mais problemas”, afirma ele.
Desativação do Mirage
A Aeronáutica possuía 12 Mirages, que deveriam ter sido aposentados já em 2011 devido à situação de sucateamento e à falta de armamento. Para estender a vida útil até o ano passado, 6 deles foram “decepados” (tiveram peças tiradas) para que os outros 6 continuassem operando. Em Anápolis, no dia 31, apenas 5 ainda “existiam”. Um deles foi para o museu da FAB. Os outros quatro ainda aguardam destinação no hangar.
“Ainda não sabemos o que será feito deles. Será conversado com a França, que é a fabricante. Algumas peças poderão ser reutilizadas”, afirma o coronel Sérgio Bastos, comandante da base aérea de Anápolis. Segundo a FAB, não há previsão de que os aviões sejam revendidos.
O capitão Augusto Ramalho, de 33 anos, fez no dia 31 a última hora de voo do Mirage, do avião que desde 2006 protegia o espaço aéreo do país, em especial, as fronteiras da Amazônia, do Centro Oeste e do o Planalto. Ele partiu às 10h42 para o Rio. Para ele, foi o voo mais difícil da vida. “Realmente, foi muito difícil. Não devido ao voo em si, que foi tranquilo. Mas pela emoção. Por ser o último, ficamos todos tocados”, desabafou.
O sargento Edmar Divino de Souza fez a remoção dos últimos cartuchos de munição do Mirage 4948 antes da decolagem para o museu no Rio de Janeiro. “É um ciclo que se encerra. Estou há 12 anos trabalhando aqui, o Mirage já faz parte da nossa família. Agora começa um novo ano, novos aprendizados serão necessários para a nova aeronave”, diz ele.
mirage (Foto: Tahiane Stochero/G1)
Sargento Edmar retira as munições do último Mirage que estava de prontidão para defender o Planalto; o avião seguiu para o museu da FAB, no Rio. (Foto: Tahiane Stochero/G1)
G1/montedo.com

4 respostas

  1. Me expliquem uma coisa: por que defender só Brasília? Se invadirem o Amazonas tomando as bases de Manaus, Boa Vista e Porto Velho, o Brasil perde a floresta inteira. Até que os caças cheguem lá com reabastecimento em vôo, já será tarde. E a base de lançamento de Alcântara no Maranhão, quem defende? A base mais próxima é Belém, onde, pelo que eu sei, só há alguns helicópteros novos, bandeirante patrulhas e avião velho como monumento. A força toda está no nordeste e sudeste. Salve-se quem puder!!!

  2. Apesar dos baixos salários, é de dar orgulho a todo e qualquer Sargento, ver o companheiro, 1º Sargento Edmar desmuniciando o Mirage.

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