A fragata F-45 União, da Marinha do Brasil, está na zona de guerra, no Mediterrâneo, no eixo marítimo do provável escoamento clandestino de armas para o grupo radical Hezbollah – mas não apenas. Segundo o consultor das Forças Navais Libanesas, Ismail Sharif, “há uma grande preocupação com o contrabando endereçado ao conflito civil sírio”.
O navio brasileiro é o líder da Força Interina das Nações Unidas no Líbano (Unifil). A frota tem sete unidades, além da F-45 União: duas da Alemanha, duas de Bangladesh, uma da Indonésia, uma da Turquia e uma da Grécia.
Há 269 militares brasileiros, 208 dos quais são tripulantes da Armada, a bordo da fragata – os demais são especialistas, como os 14 do Destacamento Aéreo, os 19 fuzileiros navais, os 15 oficiais do Estado-Maior, os quatro do Corpo de Saúde e os nove Mergulhadores de Combate, os homens da força especial treinada com referência no time americano Seal, responsável por façanhas – como a que resultou na morte do líder Osama bin Laden, da Al-Qaeda.
A missão prioritária da União é rastrear, identificar e interrogar navios em trânsito na área. Esta é a segunda vez que a F-45 atua na região. Ela foi a primeira capitânia do Brasil da FT-Unifil em 2011. Outras unidades nacionais da classe assumiram a tarefa depois, a intervalos de aproximadamente seis meses.
Desde o começo da participação da Marinha no processo, foram realizadas 19.250 interrogações e cerca de 1.550 inspeções. Essa etapa do procedimento é executada exclusivamente por equipes das forças libanesas.
Tensão
Não é um trabalho burocrático. Talvez 100 disparos reais, porém de advertência, foram realizados para intimidar e constranger embarcações geralmente mercantes, que se recusam a obedecer à norma de verificação estabelecida no mandato da ONU.
Ismail Sharif garante que “em várias ocasiões o radar de vigilância indicou a presença de drones, os veículos aéreos não tripulados, cruzando o espaço a grande altitude em clara função de observação sobre o mar”.
Nada se compara, porém, à tensão causada pelo sobrevoo de caças de Israel. Um oficial, ex-integrante do grupamento brasileiro conta que, quase todos os dias, os jatos supersônicos Falcon F-16I invadem o limite do Líbano e cruzam o corredor marítimo utilizado pelos contrabandistas de armas.
“Por esse mesmo motivo, também estamos nessas coordenadas”, explica o comandante. E é aí que os pilotos israelenses testam os limites: ativam seus radares e esperam o sinal de detecção do sistema do navio, medindo, assim, o tempo de resposta. “É um jogo pesado de alto risco: uma informação mal interpretada pode ter consequências muito sérias, dramáticas”, pondera o militar brasileiro.
A F-45 União, comandada pelo capitão Gustavo Calero Garriga (o comandante da FT é o contra-almirante Joése de Andrade Bandeira) é a mais nova das seis fragatas compradas, há 40 anos, na Grã-Bretanha durante o governo de Ernesto Geisel. As últimas três foram construídas no Rio. Entre 1997 e 2003, todas passaram por um programa de revitalização, ganhando novos radares, recursos eletrônicos sofisticados e armas avançadas.
Celso Amorim, ministro da Defesa, afirmou sexta-feira que o Brasil é “um país provedor da paz”, no Instituto Rio Branco, onde são formados diplomatas. O ministro explicou que política externa e política de defesa se complementam na tarefa, tanto no conjunto regional como no sistema internacional, contexto em que se situam as missões pacificadoras como a da Unifil.
Estadão, via Armamento e Defesa/montedo.com
5 respostas
Enquanto isso…!!!
…Celso Amorim, ministro da Defesa ( ainda não acredito que temos um ministro que não sabe o que é um coturno…), afirmou sexta-feira que o Brasil é "um país provedor da paz"… – O Brasil na verdade é a Casa da mãe joana isso sim, país omisso, que aceita tudo e todos, entram e saem de nosso país a hora que bem entendem, por isso a paz, sendo omisso, não entra em conflito, pra não se estressar e tal, aí é fácil, começando pelos comandantes das forças, omissão é sinônimo de complascência…
Rosseau
é uma das mais novas comprada a 40 anos… ou seja outra banheira q flutua.
País provedor da paz e formador de diplomatas, mas não é pelo fato do Brasil ser um provedor da paz que os militares das Forças Armadas terão que morrer de fome por não participarem de uma guerra!
Me lembro, quando na década de 70, mais precisamente em dezembro de 75, quando eu cheguei no RJ para ficar quase 30 anos da Marinha, existiam 14 navios classe "Contratorpedeiros", da época da II Guerra, mas todos operavam, mesmo velhos. Saíamos para o mar num GT formado por mais de 20 navios. Será que ainda se vê isso hoje? Até hoje ainda tem navio daquela época, e já estavam aqui bem antes de 75, como o NT Marajó, de 1968 e as Corvetas antigas, Imperial Marinheiro e Caboclo, que são de 1955, e em operação até hoje.