Tiro virtual economiza dinheiro e melhora pontaria da Marinha e do Exército

Simulador permite treinamento mais eficiente e barato, em especial para munições mais custosas, como as de lançadores de foguetes

Raphael Gomide
Raphael Gomide

Capitão Schittler dispara com AT-4 em simulador
Um disparo do lançador de foguetes anticarro AT-4, descartável após o tiro, custa cerca de R$ 10 mil no Brasil. Assim, é praticamente impossível uma turma inteira de militares treinar seu disparo na prática. O que se costuma fazer é a instrução formal ser ministrada a todos e apenas um ou dois alunos dispararem.
É nessas situações que os simuladores de tiros se tornam mais eficientes e valiosos. Com equipamentos como o software da norte-americana Meggitt, que adapta a arma real ao sistema virtual, a turma toda atira e aprimora a pontaria quantas vezes quiser, antes de ir a campo. “Pode-se disparar centenas de vezes. Quanto mais caro é o projétil, mais compensa”, explica o diretor de vendas, Eric Perez.
As Forças Armadas Brasileiras já usam o equipamento em unidades de elite e de treinamento. O Exército adestra sua Brigada de Operações Especiais – elite –, em Goiânia, e os cadetes da Aman (Academia Militar das Agulhas Negras), com o sistema; o Corpo de Fuzileiros Navais, da Marinha, também o utiliza, desde 2009. Em 2011, o Cecopab (Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil), do Ministério da Defesa, também adotou a tecnologia. É usado também pelos Marines, os Fuzileiros Navais norte-americanos, e o FBI, segundo a Meggit.
Para o capitão Schittler, 36 anos, que já serviu na Brigada de Operações Especiais e conhece o equipamento, o simulador tem grandes vantagens. “Empenha-se pouca gente, e o êxito do treinamento é muito maior. O material permite ao atirador corrigir falhas antes de disparar com munição real. Não é só a economia do custo da munição. Quando se faz um treinamento do gênero, toda uma estrutura é mobilizada, como médicos, equipe de apoio”, afirmou.
Todas as armas são reais, com peso real e contagem de munição, adaptadas para a simulação. No momento do tiro, têm até recuo, embora reduzido a 50% do “coice” de um tiro de verdade. Como usa os princípios de balística, e não de laser, o software permite que se faça o “traço de tiro”, para identificar eventual erro de pontaria, de respiração ou a “gatilhada” – puxada do gatilho demasiado forte –, que atrapalhe o acerto no alvo.
O sistema é destinado a forças armadas e policiais. Para quem gostaria de tê-lo como videogame, a brincadeira sairia cara demais: US$ 120 mil, mais de US$ 10 mil a US$ 40 mil de adaptação, dependendo do armamento usado.
iG/montedo.com

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