Dilma determinou, e Força forma grupos de trabalho para se adaptar e incluir segmento feminino nas academias e na tropa convencional. Ainda existe resistência interna
Raphael Gomide
Arquivo pessoal
Clara Luz, aluna do IME, em exercício em West Point, academia militar dos EUA, onde há alunas combatentes
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O Exército Brasileiro se prepara para receber mulheres combatentes. Uma lei sancionada pela presidenta Dilma Rousseff em agosto dá à Força prazo de até cinco anos para se preparar para integrar alunas à EsPCEx (Escola Preparatória de Cadetes do Exército), à Aman (Academia Militar das Agulhas Negras, escola de oficiais), em Resende (RJ), e praças profissionais à Escola de Sargentos das Armas (ESA), em Três Corações (MG).
Com a mudança, as mulheres poderão passar a entrar efetivamente em combate, portando fuzis, integrando patrulhas e missões reais de confronto e de Paz, como parte das sete Armas do Exército.
Poderão rastejar e combater a pé em qualquer terreno pela Infantaria, embarcar em um carro de combate da Cavalaria no front, disparar um obus da retaguarda na Artilharia, fazer contato ou guerra eletrônica com o equipamento das Comunicações, reparar ou destruir pontes na Engenharia, dar o apoio logístico do Material Bélico ou fazer o planejamento dos suprimentos, na Intendência.
O Exército já tem mulheres, mas apenas no quadro complementar, em áreas como Saúde (médicas, dentistas, enfermeiras, técnicas de enfermagem e psicólogas, por exemplo) e em carreiras técnicas do IME (Instituto Militar de Engenharia).
Com desempenho acadêmico destacado, a cadete do IME Clara Luz foi enviada para estágio de um ano em West Point, academia militar dos Estados Unidos. Ao lado de cadetes mulheres combatentes, ela também ficou em primeiro lugar lá.
Embora haja mulheres combatentes em polícias militares pelo País , no Exército o segmento feminino se restringe a 6.700 de seus 200 mil integrantes, representando apenas 3,35% do total. Trata-se de uma carreira, portanto, esmagadoramente masculina. Como comparação, o Exército dos Estados Unidos, por exemplo, tem 14% de mulheres, o quádruplo, proporcionalmente.
As mulheres são apenas 3,4% no Exército, e atuam em atividades auxiliares, como na Veterinária
Resistência interna
As mulheres são apenas 3,4% no Exército, e atuam em atividades auxiliares, como na Veterinária (Divulgação) |
Apesar de não declarado oficialmente, ainda persistem resistências internas e muitas incertezas na Força em relação à mudança – determinada por lei.
A intenção inicial da presidenta Dilma era implantar o plano imediatamente, mas a ideia deixou o oficialato em polvorosa. O Comando argumentou que seria necessário algum tempo para adaptação, e conseguiu o prazo de até cinco anos – os militares argumentam que pode acontecer antes.
O Exército alega que precisa de tempo para estudar as adaptações necessárias, tanto no aspecto curricular quanto estrutural, de instalações (alojamentos, banheiros, etc.). “Os desafios são mais culturais. Na Aeronáutica já há mulheres, mas também é recente, a exemplo de outros exércitos”, diz o da Seção de Informações Públicas do Exército, coronel Campos. Ele, entretanto, acredita que a adaptação não será tão “traumática”, porque já há mulheres na Força. Segundo ele, grupos de trabalho estão sendo formados para estudar o plano de disciplinas.
Exército tem cinco anos para se adaptar ao ingresso feminino às academias |
O Exército também ainda não sabe quantas vagas nem quando serão criadas para as mulheres nem quando. Tampouco se decidiu ainda se elas vão entrar em todas as sete Armas do Exército ou se haverá período de transição.
“Não tem trauma, o Exército já aceitou. Precisa se adequar e cumprir o prazo”, afirmou o coronel Campo, que admite ainda haver muitas questões indefinidas.
Dois artigos incluídos pelos militares na lei foram vetados pela presidenta Dilma. Um que impedia a entrada de mulheres casadas, com união estável ou dependentes, e outro que impedia candidatas com tatuagens que, por “suas dimensões ou natureza, prejudiquem a camuflagem e comprometam as operações militares”.
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Forças Armadas têm prazo de cinco anos para formar mulheres combatentes
Mulher nas Forças Armadas brasileiras
Divulgação do Departamento de Defesa dos EUA
Nos EUA, as mulheres são 14% da tropa do
exército e testam coletes adaptados a elas
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Nos EUA, as mulheres são 14% da tropa do exército e testam coletes adaptados a elas
Em outras Forças Armadas, as mulheres participam ativamente há mais tempo, como nos Estados Unidos, onde estão cada vez mais em operações desde as guerras do Afeganistão e do Iraque.
O país já desenvolveu até coletes balísticos especiais para mulheres (mais curtos e desenhados para o corpo feminino).
No Brasil, a primeira participação de uma mulher em combate ocorreu em 1823, quando Maria Quitéria de Jesus – considerada a primeira mulher a assentar praça em unidade militar – lutou pela manutenção da independência. Só em 1943, as mulheres entraram oficialmente no Exército, na 2ª Guerra Mundial, quando a Força enviou 73 enfermeiras voluntárias para servir em quatro diferentes hospitais do exército dos EUA. Ao voltar da guerra, a maioria ganhou a patente de oficial foi condecorada e licenciada do serviço ativo militar.
Em 1992, 49 mulheres integraram a primeira turma da Escola de Administração do Exército. Quatro anos depois, foi criado o Serviço Militar Feminino Voluntário para médicas, dentistas, farmacêuticas, veterinárias e enfermeiras de nível superior – e 290 voluntárias entraram. No ano seguinte, o IME matriculou a primeira turma de dez alunas, no Quadro de Engenheiros Militar e a Escola de Saúde do Exército formou a primeira turma de oficiais de seu quadro.
Em 98, 519 mulheres de áreas que variam de jornalismo a advocacia e administração de empresas entraram no Estágio de Serviço Técnico para profissionais, no Quadro de Oficial Técnico Temporário.
Primeira mulher voou sozinha em avião da FAB em 2003
Divulgação
Tenente Fernanda Göertz foi a primeira
a voar solo em avião de instrução da FAB
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Na Aeronáutica, as mulheres passaram a ser admitidas no quadro de oficiais intendentes da AFA (Academia da Força Aérea) em 1995. Em 2003, a AFA recebeu as primeiras alunas do Curso de Formação de Aviadores; em 2002, a Escola de Especialistas da Aeronáutica teve 56 alunas, do total de 287.
Em 2003, a cadete-aviadora Gisele Oliveira foi a primeira piloto militar a voar sozinha em aeronave da FAB; no ano seguinte, a cadete Fernanda Göertz voou solo em avião de instrução básica. Entre 2002 e 2012, a presença feminina na Aeronautica cresceu 154%, de 3.249 para 8.284 militares. “Com passar dos anos, elas têm destacado, inclusive ocupando cargos de liderança e chefia, em áreas antes tipicamente masculinas”, afirma o site da corporação.
O ingresso da mulher na Marinha começou em julho de 1980, mas, como no Exército, sempre nas áreas do Quadro Complementar de Oficiais ou Corpo Auxiliar de Praças, não como combatentes. Elas atuam em áreas como Medicina, apoio à saúde, Engenharia, Arquitetura, Pedagogia, Direito, História, Comunicação Social, Serviço Social, Psicologia, entre outras.
(Divulgação) Na Aeronáutica, a sargento Pollyana Aredes atira de metralhadora do helicóptero |
iG/montedo.com
14 respostas
A mulher, por sua natureza genética e orgânica, acho que não deveria ingressar nas FFAA como combatente de linha de frente, para ser submetida a duros esforços físicos e emocionais que seguramente se vive em um combate, embora sabemos perfeitamente que ela é competentíssima em tudo o que faz. Têm tantas outra funções mais humanas nas FFAA, para esse ser maravilhoso criado por Deus, chamado MULHER.
Sejam bem vindas senhoritas…não vejo problema em ter companheiras de farda. Agora bem que já poderia ser pro ano que vem, afinal esse papo de sexo fragil é pra quem não gosta da fruta…Companheiro das 09:46, se renda! Homosexuais ja são muitos nas FFAA, qual problema de ter mulher na caserna?
Existe um estudo nos EUA que as mulheres combatentes (experiência em Iraque e Afeganistão), depois de cinco anos, a grande maioria apresenta lesões, problemas hormonais e complicações diversas. As despesas do FUSEX e o número reformas vão aumantar!
Sou favorável a entrada de mulheres na linha combatente do EB, desde que a formação seja exatamente a mesma, pressão psicológica, exigências físicas (dentro da proporcionalidade para o corpo feminino), exigências nos exercícios militares de Operações Especiais, sem "acochambração" como fiquei sabendo que houve em cursos (só para aparecer na TV), e no final, depois de formadas, sem discrimininar nas diversas missões e serviços, para não acontecer de determinadas missões e serviços só homem pegar e outras não, afinal de contas, o salário delas será o mesmo que o nosso, não é???
"Combatentes" até a página nº 2…
Bom eu concordo com o que escreveu o amigo anônimo de 17 outubro as 09:46, servi em unidade composta de grande número de mulheres, e espero que seja bem diferente do que vi, na hora de escalar pra determinadas missões rola protecionismo, quando o pau quebra de verdade é uma choradeira só. Acredito que todas são capazes, sejam bem-vindas, sou totalmente a favor !!!! Agora espero que assim como os direitos sejam iguais os deveres.
se fizer as nove barras, como os homens, as 49 flexas, como os homens, 72 abdm, como os homens, a corrida 2900 em 12 min, como os homens, e fizer todas as marchas previstas como a de 60 km da cavalaria com a mochila com o mesmo peso que as dos homens eu não vejo problema em ser combatente. mas sera que alguma consegue???, ou sera que vai ser infante que não paga flexão não corre, não faz barra nem faz marcha????
Vai ser uma piada… quem viver verá…
Eu gostaria muito de ver as mulheres combatentes na Bda Inf Pqdt, saltando na ZL de Itaguai-RJ com um P2B aquele pacote gigante! Eu serei o primeiro a ajudar essas combatentes a juntar os cacos, depois tenho que levar minha mochila de grande capacidade a mochila dela + o pacote dela etc. Que venham logo essas combatentes, sou a favor o Blt fica + lindo.
…entrar efetivamente em combate, portando fuzis, integrando patrulhas e missões "reais" de confronto e de Paz, como parte das sete Armas do Exército.
Poderão rastejar e combater a pé em qualquer terreno pela Infantaria, embarcar em um carro de combate da Cavalaria no front, disparar um obus da retaguarda na Artilharia, fazer contato ou "guerra eletrônica" com o equipamento das Comunicações, reparar ou destruir pontes na Engenharia, dar o apoio logístico do Material Bélico ou fazer o planejamento dos suprimentos, na Intendência…? EM QUAL EXÉRCITO? POR CERTO NÃO SERÁ NO EB, VISTO QUE ESTAMOS QUASE FALIDOS…
SEJAM BEM VINDAS A PENÚRIA
Mulher em força auxiliar tudo bem, visto que elas interagem com o público civil feminino em revistas e afins…mas no EB a situação muda de figura. É fato que a estrutura fisiológica da mulher não foi programada para anos de exercícios físicos contínuos e carga de estresse emocional similar. Será que com 5 anos de TSCMM as mulheres continuarão em plenas condições de cumprirem suas atividades funcionais (marchas, exercícios no terreno, EDLs..etc) ou serão mais um peso ao nosso congestionado, ineficiente (exceto qdo vc é oficial) e caro sistema de saúde (FUSEX), com passagens prematuras para a reserva remunerada por invalidez e reformas por deformidades na coluna membros inferiores, e problemas diversos. Imaginem também se todas resolverem ficar grávidas às vésperas de um conflito…se o EB fosse composto grande parte pelo segmento femino, então a saída seria bandeira branca. A presidente também fala em direitos iguais, mas será que na prática os deveres tb são iguais?? Será que a mulher têm perfil psicológico para comandar sua fração em uma situação de combate, ou suportar longos deslocamentos carregando peso, passando fome, dias sem tomar banho…nos filmes holiwoodianos elas têm sim, mas quero na vida real…
Não sou machista, e espero que meu comentário tbm não seja, conheci mulheres em estágios de OTT, STT, algumas se sairam muito bem, mas não aguentam muito tempo não, digo porque fiquei no campo somente 5 dias com eles e elas. Servi tbm em OM que tinha mulheres e existia protecionismo sim, tinha missão final de semana, de chefe de viatura para missões mil, e elas não eram escaladas, tudo isto tem que ser visto. A parte intelectual não tenho dúvida nenhuma, mas quanto a carcaça tenho certeza, as mulheres vão para o Haiti, VÃO, mas nenhuma aguenta ficar fazendo cerco e patrulha a pé por 5 ou 6 horas direto com tudão no lombo, estive no Haiti com mulheres no Batalhão, elas só colocavam o colete e o capacete, 1 hora já estavam em frangalhos, joga ai mais 5 carregadores de fal, um fuzil, uma pistola e mais um pesinho, não aguenta, uma ou outra pode aguentar, mas a maioria não, não é machismo, é realidade.
Bela mine gun do black da FAB, o EB poderia ter tbm.
Não vejo problemas, haja vista que as nossas Forças Armadas são altamente burocráticas e só fazem guerra contra o mosquito da dengue e contra o vírus da febre aftosa. Além do mais existem muitos homens combatentes, acho que a maioria, que está fora dos padrões físicos adequados para ser um combatente. Logo, ver uma mulher, mesmo que gordinha, num quartel não será muito diferentes dos militares atuais. Quem achar que não estou falando a verdade é só ficar parado num vila militar observando os militares fazendo TFM e verão a quantidade de combatentes balofos existente na máquina de Guerra Militar brasileira. Mulheres, sejam bem-vindas, mas não queiram protecionismo na hora de cumprir missões. Se querem os mesmos direitos, terão que cumprir os mesmo deveres, sem exceção.
O KADHAFF DA LÍBIA SE FERROU PORQUE TINHA UMA FORÇA ESPECIAL FEMININA PARA LHE PROTEGER. NO HCE AS SARGENTOS SÃO UMA CHORADEIRA SÓ QUANDO SURGEM AS MISSÕES EXTRAS.