Tráfico ainda existe e ataques ao Exército no Alemão são frequentes, admite general

Para comandante da pacificação, que já foi alvejado por tijolo, disparos ocorrem em fuga. Força apreendeu 7.000 papelotes de cocaína, cinco armas e quatro réplicas de fuzil

Raphael Gomide
Foto: Marcelo Piu/ Agência O Globo
Segundo o general Tomás, ataques à 
tropa têm sido frequentes no Alemão
Episódios como o ataque a tiros à Força de Pacificação no Complexo do Alemão, ocorrido neste sábado – antes da visita do príncipe Harry – têm acontecido com frequência na região, afirmou ao iG o comandante da tropa, general Tomás Miné Ribeiro Paiva.
O oficial reconhece que o tráfico continua a existir no local e a tropa ainda enfrenta hostilidades da população, 15 meses após a ocupação e mesmo com a ação permanente dos 1.800 homens do Exército na região, com 94.684 moradores. Neste domingo, a situação é tranquila no local. Na madrugada, as patrulhas também não enfrentaram problemas.
Na maioria dos casos, os disparos contra a tropa são feitos em fuga de criminosos flagrados em bocas de fumo em becos pelos militares do Exército, durante patrulhas. Muitos estojos (cápsulas) dessas munições deflagradas, a maioria de pistola e revólver, foram recolhidos, após os ataques.
“Isso normalmente acontece quando surpreendemos uma boca de fumo em beco. Houve um aumento com a intensificação da ação da tropa. Atiram para fugir, lançam rojões, pedras, principalmente na área da Penha. Eu tinha a expectativa de que isso fosse aumentar com nossa entrada constante em becos, mas não é nada fora de controle”, afirmou o general, explicando que os episódios acontecem principalmente na Vila Cruzeiro e na Chatuba.


General vê represália intensificação de patrulhas em becos e às UPPs anunciada
Para o general Tomás, os ataques cresceram à medida que militares passaram a ocupar becos antes menos visitados pela tropa e como represália ao anúncio recém-feito da implantação de duas UPPs já neste mês na região.

Foto: Marcelo Piu/ Agência O Globo
Príncipe Harry é cercado por militares 
do Exército no Alemão, após tiroteio

Em outras ocasiões, a hostilidade se manifesta de outra maneira: são lançadas pedras e garrafas contra a tropa, muitas vezes por crianças. Até o próprio general Tomás já foi alvejado – mas não atingido – por um tijolo, numa patrulha noturna.

Militares apreenderam cocaína, cinco armas e quatro réplicas de fuzis só em fevereiro
Segundo o general, com o aumento das patrulhas, aumentaram consideravelmente as apreensões de drogas e armas. Apenas em fevereiro, o Exército recolheu 7.000 papelotes de cocaína, cinco armas curtas (pistolas e revólveres), quatro simulacros de fuzis (feitos de madeira) e 16 rádios-transmissores usados por traficantes para comunicação, além de um carregador de fuzil com 18 cartuchos e um saco com cerca de 40 munições da arma longa.
O general afirma que não viu, mas acredita que haja fuzis ainda na região, onde foram apreendidos ao menos 135 armas longas (entre fuzis, 11 metralhadoras .30 e uma .50) após a ocupação.
“Está muito melhor do que estava, mas ainda precisa melhorar muito. Não se pode ter a ilusão de que se resolve num passe de mágica, porque não é assim. O problema é muito mais complexo e ainda vai demorar. É preciso haver uma política antidrogas, a atuação do Conselho Tutelar e muitas outras iniciativas sociais”, afirmou o general.

Como exemplo dos problemas, o comandante conta que, durante uma patrulha de madrugada, os militares abordaram dois meninos de cerca de 10 anos que tinham jogado pedras contra a tropa, no Beco da Rainha. Em seguida apareceu um outro menino, que gritou: “Nós somos o bonde do FB (Fabiano Atanazio da Silva, ex-chefe do tráfico no Complexo do Alemão, preso em janeiro, em Campos do Jordão)! Solta o cara!”

iG/montedo.com

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