E SE O EXÉRCITO RESOLVER FAZER GREVE?

Agora, tem-se de lidar com um péssimo exemplo: uma greve inconstitucional, com manifestantes armados, que arrancou do governo, em seis dias, o que professores não conseguiram em 62 dias de movimento.
Plínio Bortolotti*
Fortaleza (CE) – Imaginem se integrantes do Exército Brasileiro resolvessem fazer greve; para potencializar o efeito, iniciariam o movimento em data que, hipoteticamente, as fronteiras do País estivessem ameaçadas. E, armados, passassem a invadir quartéis, retendo e danificando veículos de combate. 
Aqueles que comparam a greve da Polícia Militar com o movimento de uma categoria qualquer estão convidados a pensar sobre o assunto e em suas consequências.
Não por acaso a Constituição de 1988, surgida após a queda da ditadura fardada, proíbe a sindicalização e a greve de militares.
Contraditório é que, a cada vez que se fala em desmilitarização da PM, lobbies acorrem para barrar a medida. Querem manter a condição militar, sem o ônus decorrente da escolha.
Dito isso, é preciso anotar que o Governo do Estado tem sua parcela de responsabilidade na greve da PM, que deixou a população refém do medo. Faltou competência para ver os sinais que se avolumavam. Em dois artigos, que me foram lembrados por seguidores do Twitter, afirmei que o governador Cid Gomes (PSB) estaria arranjando problema para ele mesmo (e para os cearenses) ao achar que a Secretaria da Segurança poderia ser tocada por um “pé-de-boi” (http://migre.me/7pn7G e http://migre.me/7pn9q).

Alguns políticos acham que basta ser “bom gerente”. Toca-se a administração pública com lógica de engenheiro, esquecendo-se que a política (no sentido amplo e restrito) é muito mais complicada do que uma coleção de dados, números e obras.
Agora, tem-se de lidar com um péssimo exemplo: uma greve inconstitucional, com manifestantes armados, que arrancou do governo, em seis dias, o que professores não conseguiram em 62 dias de movimento.
Foi por água abaixo a máxima: “O governo não negocia com categorias em greve”.
Agora, é preciso sinais consistentes de que haverá disposição para conversar abertamente com o funcionalismo. Caso contrário, ficará a impressão de que a violência é o melhor caminho para se arrancar reivindicações do Executivo.
*Diretor Institucional do Grupo de Comunicação O POVO
O POVO/montedo.com

2 respostas

  1. Faltou o egrégio jornalista dizer uma forma dos PM/BM conseguirem o aumento sem terem a necessidade de fazer o motim.
    O Cid Gomes é o mesmo que pagou viagens à Europa para parentes com dinheiro público e disse que isso "era normal"! (detalhe: nada aconteceu com ele, nem mesmo o dinheiro foi devolvido).
    Este mesmo cidadão, cujo único "mérito" político é ser irmão do Ciro Gomes, não queria negociar aumento para os militares. Aí fazer o quê? Ficar quietinho, "disciplinado", e com o prato vazio como os militares das Forças Armadas?
    Na minha modesta opinião há alguma coisa errada:
    1) Ou já passou da hora dos PM/BM deixarem de ser militares e constituírem uma polícia única com a Polícia Civil (inclusive, pudemos ver, neste momento, que a PM e a Polícia Civil do Ceará não se entendem, acho até que não simpatizam uma com a outra); ou
    2) A CF deve ser mudada a fim de ser permitida a greve para militares também (pelo menos em tempo de paz), pq os militares ficam sem um instrumento de pressão para conseguir justas reposições; ou
    3) A CF deve ser mudada OBRIGANDO EXPRESSAMENTE os governos a darem reposições anuais aos militares em índice pré-estabelecido, a fim de que os mesmos não precisem queimar a própria CF, o CPM, os Estatutos e Regulamentos Disciplinares para terem justas reposições.
    Na bíblia, há séculos, já era ensinado: "o pior cego é aquele que não quer ver".
    O Cid se fez de cego e pagou para ver. Deu no que deu.
    A Dilma também está se fazendo de cega…

  2. Fora as falcatruas que esse CID GOMES está envolvido.

    Basta dar uma pesquisa rápida no google para ver que esse governador não tem moral para dizer que não tem dinheiro para dar aumento, pq certamente a grana está escorrendo pelo ralo da corrupção no Ceará.

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