As condições do alojamento dos alunos serão investigadas, e o quartel onde há cursos será desratizado
NATINHO RODRIGUES/LINA MOSCOSO
Foi confirmada, ontem, a contaminação por leptospirose dos cerca de 40 militares que fizeram o Curso de Formação de Sargentos (CFS) do 23º Batalhão de Caçadores (BC), em Maranguape. O resultado dos exames realizados, na última sexta-feira, pelo Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen), em dez dos alunos foi positivo.
Contudo, de acordo com o coordenador de Promoção e Proteção à Saúde da Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), Manuel Fonseca, provavelmente os outros 30 que apresentaram os mesmos sintomas (dores musculares, cefaleia, náuseas e vômitos) estão também com a doença. Em um deles foi detectada icterícia (síndrome caracterizada pela coloração amarelada de pele e mucosas) no exame físico. Os testes foram negativos para outras doenças, como hepatite A.
De acordo com Manoel Fonseca, os militares a situação está sob controle. “Eles já foram tratados, receberam a prescrição correta de medicamentos e foram liberados”, afirmou.
O coordenador conta que o próximo procedimento será o de investigar as condições do local onde ficam alojados os alunos. “Deve ter sido contaminação do ambiente ao qual eles tiveram contato. Talvez a água contaminada que eles mergulharam durante os testes previstos pelo curso”, acredita. O médico explica que, para que haja a contaminação, é preciso o contato da urina do rato com a pele.
O próximo passo a ser tomado é a desratização do quartel onde acontecem os cursos e evitar que treinamentos sejam realizados no local, segundo recomenda Manoel Fonseca.
De acordo com a Sessão de Comunicação do Comando da 10ª Região Militar, que é responsável por todas as unidades militares do Ceará, ontem, o Lacen comunicou à direção do Hospital Geral de Fortaleza (HGF), via telefone, que das dez amostras de sangue coletadas de pacientes mais sintomáticos, apenas oito confirmaram a presença de leptospirose.
Ainda segundo a 10ª Região, os primeiros sintomas da doença podem aparecer de um a 30 dias depois do contato com a água. Na maior parte dos casos, aparece de sete a 14 dias após. “As atividades de campo do CFS/23º BC ocorreram na semana de 11 a 15 de julho. Os primeiros sintomas começaram em 21 de julho e as internações começaram no dia 22”.
Além disso, o Comando afirmou que os casos ficaram restritos aos alunos do CFS/23º BC. “Nenhum outro militar que participou do campo ou de outro setor do batalhão apresentou ou apresenta algum sintoma de doença”, declarou.
Conforme a Sessão de Comunicação, o Campo de Instrução de Maranguape está localizado numa área de mata silvestre com a presença de várias espécimes de animais.
Como medidas providenciais, o Comando da 10ª Região Militar determinou, desde as primeiras internações, a interdição do Campo de Instrução de Maranguape para apuração do ocorrido. Fora isso, uma equipe médica do HGF foi destacada para tratar especialmente do caso. Outra ação da 10ª Região foi o início do tratamento antibiótico imediato para todos os casos internados e sintomáticos, além de hidratação por via intravenosa, medicações para controle e alívio dos sintomas.
Leia também:QUARENTA ALUNOS DE CURSO DE SARGENTOS ESTÃO COM SUSPEITA DE LEPTOSPIROSE NO CEARÁ
DIÁRIO DO NORDESTE