EM OITO ANOS, MAIS DE 600 ARMAS FORAM ROUBADAS DE QUARTÉIS, APONTA RELATÓRIO

Quadrilhas roubaram mais de 600 armas de quartéis em oito anos
ITALO NOGUEIRA
As forças de segurança do país perderam em oito anos mais de 600 armas para quadrilhas, indica relatório do deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS). O alvo dos criminosos são armas de grosso calibre.
Na mira dos bandidos estão principalmente batalhões de polícias militares e quartéis do Exército. O relatório, porém, aponta que também ocorrem furtos em instalações da Marinha, Aeronáutica, polícias civis e guardas municipais.
De acordo com especialistas, criminosos buscam armas pesadas nos arsenais para uso em atividades criminosas.
“Ninguém vai no quartel para roubar um 32 ou um 38. São organizações criminosas que atuam com o objetivo claro de buscar armas para suas ações”, disse Pimenta, que foi relator das CPIs de Tráfico de Armas e da Violência Urbana, já concluídas.
O relatório aponta o roubo de 643 armas em 64 ações contra unidades das forças de segurança. Do total, foram ao menos 115 fuzis e 16 metralhadoras e submetralhadoras, além de pistolas e granadas.
O cientista político, especializado em segurança pública, Guaracy Mingardi afirmou que boa parte dos roubos em unidades de forças de segurança ocorrem com a participação de seus integrantes.
“Na maioria das vezes o arsenal é guardado de forma adequada. Mas muitas vezes um recruta, com baixo salário, é seduzido a desviar armas”, disse Mingardi.
O relatório do deputado Paulo Pimenta aponta que esse foi o motivo do furto ao 5º Grupo de Artilharia de Campanha Autopropulsado (GAC/AP) em Boqueirão (PR). Um militar, diz o documento, participou do furto de um fuzil 7.62.
Há casos também de envolvimento de policiais militares nos crimes. Três PMs são suspeitos de participar do roubo de um fuzil 13ª Companhia de Depósito de Armamento e Munição em Itaara (RS).
O Comando do Exército afirmou, em nota, que a recuperação das armas roubadas chega a 80%. Disse ainda que “mantém um severo controle do material sob sua responsabilidade por meio de registros, frequentemente atualizados, conferências diárias do armamento, restrição de acesso a depósitos e rigorosa apuração quando da verificação de faltas, entre outras medidas”.
“O desvio de armamento, dentro da Força, tem ocorrido de forma pontual e isolada. Sempre que há denúncias, a Instituição se empenha em averiguar e dar condições para que a Justiça Militar, a quem cabe julgar e aplicar penas, punir exemplarmente os responsáveis”, diz a nota.
Pimenta afirma que falta integrar os dois bancos de dados de armas do país. Enquanto as armas de civis são registradas no Sinarm (Sistema Nacional de Armas), as das forças de segurança estão no Sigma (Sistema de Gerenciamento Militar de Armas), sob administração do Exército, o que dificulta a identificação de armas apreendidas.

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