Despedida do Xavante: emoções e lembranças sob o som do guerreiro alado
Depois do pouso de nove aeronaves, começou a solenidade presidida pelo Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro-do-Ar Juniti Saito. Ele foi acompanhado por membros do Alto-Comando da instituição, por antigos comandantes do esquadrão, de um dos heróis brasileiros na Segunda Guerra, Major-Brigadeiro José Meira de Vasconcelos, além de representantes da sociedade civil do Rio Grande do Norte. Todos puderam assistir à chegada da última aeronave que ainda estava nos céus, pilotada pelo comandante do esquadrão, Tenente-Coronel Fernando Mauro Medardoni, na qual voou também o Comandante do Terceira Força Aérea, Major-Brigadeiro Antonio Carlos Moretti Bermudez. A tropa, em posição de sentido, contemplava o momento histórico. “Missão cumprida, guerreiro alado”, disse o oficial-general depois do pouso.
Um monumento alusivo à data da desativação dos AT-26 foi inaugurado pelo Comandante da Aeronáutica. Na homenagem, estão duas placas com as ordens do dia relativas ao evento e o símbolo do Esquadrão Pacau. O Comandante Geral de Operações Aéreas, Tenente-Brigadeiro Gilberto Antonio Saboya Burnier disse: “Hoje é um dia para olhar para os céus, para a história, para nossas próprias razões e emoções de piloto”, e enfatizou ser o Xavante o “glorioso Treinador de várias gerações de caçadores”. Nas palavras do Comandante da Terceira Força Aérea, o Xavante também foi homenageado. “A história deste guerreiro que se despede hoje da sua vida operacional ficará registrada em nossas mentes, no costumaz e inesquecível barulho, no som que atravessou o tempo, deixando imagens vivas em todos aqueles que voaram com ele”. As palavras definiam o estado de espírito.
Um dos primeiros pilotos de AT-26, o Tenente-Brigadeiro Ivan Frota, aos 80 anos, também participou do último voo da aeronave que entra para a história. “É um dos momentos mais importantes da minha vida”. Ele foi a Itália no início da década de 70 para fazer o relatório que indicava o avião para ser montado sob licença no Brasil pela Embraer e assim propiciar mais um grande passo para a indústria aeronáutica no Brasil. O Major-Brigadeiro Lauro Ney Menezes, antigo comandante do Pacau, também enfatizou o valor do momento. “As pessoas e as aeronaves passam. Ficam as atitudes, a experiência e o estado de espírito”, disse.
Nova geração – A solenidade contou ainda com a formatura de novos pilotos de caça do 2º/5º GAV e de helicópteros do 1º/11º GAV e após um ano de especialização com o avião Super Tucano A-29 e da aeronave H-50. “Foi uma solenidade muito especial mesmo porque tivemos tanto a despedida do Xavante como a formatura desses novos pilotos”, disse o Comandante da Aeronáutica em entrevista ao site da FAB. O Comandante ainda acrescentou a importância da transferência do 1º/4º GAV para Manaus.
Ao fim da solenidade, os AT-26 foram sendo retirados, um a um, do estacionamento de aeronaves. Permaneceram os A-29 Super Tucano. Como num encontro de épocas, de histórias fortes e vívidas. A despedida do Xavante em alto estilo teve a companhia do sol, que acabou por secar as lembranças da chuva do início da manhã. O céu se abriu e a alegria tomou conta da saudade.
Fonte: Agência Força Aérea