A responsabilidade pelo ato “de um brigadeiro” não pode ser imposta ao comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, cuja “lealdade e integridade são inquestionáveis”.
Para Planalto, compra de Rafale é questão fechada
Referências favoráveis a caças rivais no segundo relatório serão descartadas
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O governo Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que o caça Rafale-C, da companhia francesa Dassault, se encaixa em um projeto maior de defesa e, portanto, deve ser o escolhido do programa F-X2, para aquisição de 36 aviões para a aviação de combate. A palavra final depende dos últimos acertos sobre o preço desse lote, estimado em R$ 10 bilhões. Com base nessa escolha já consolidada, o Palácio do Planalto decidiu descartar qualquer referência favorável aos outros dois caças concorrentes que constar do segundo relatório do Comando da Aeronáutica, entregue na quarta-feira ao ministro da Defesa, Nelson Jobim. O documento não estabelece ordem de preferência.
Como contrapartida para a Aeronáutica, que terá seu trabalho de análise relativizado na escolha final, o Planalto afasta a hipótese de punição ao comando da Força pelo recente vazamento do texto preliminar do relatório F-X2, de caráter confidencial e datado de setembro de 2009. Segundo um colaborador direto do presidente Lula, a atitude foi “deliberada”, “grave” e nociva à segurança nacional. Mas, ponderou ele, a responsabilidade pelo ato “de um brigadeiro” não pode ser imposta ao comandante da Aeronáutica, Juniti Saito, cuja “lealdade e integridade são inquestionáveis”.
Em entrevista a um canal de TV francês, o assessor para Assuntos Internacionais, Marco Aurélio Garcia, ironizou a crise. “Com essa polêmica, os preços dos caças tendem a cair.”
Para o Planalto, o dado mais relevante dos relatórios é a inexistência de veto aos três concorrentes. Desde o início do F-X2, outros três caças foram riscados pela FAB. O argumento definitivo, do ponto de vista da Presidência, não está presente na análise técnico-militar, mas na avaliação de políticas estratégica e industrial. Nesse quesito, o Rafale não teria rival.
Segundo o mesmo colaborador de Lula, o F-X2 está inserido em um projeto mais amplo do governo para a área de defesa, que contempla a padronização de toda a frota de caças do País, inclusive uma versão embarcada para guarnecer um futuro porta-aviões a ser construído em parceria com a França.Leia mais.
Quanto aos Rafale, daqui há alguns anos, quando alguns caças estiverem sendo “canibalizados” no chão para que outros estejam no ar, ninguém mais lembrará do que a FAB escreveu e depois apagou do relatório:
“É O GRIPEN, ESTÚPIDO!