Para o ex-titular da Senasp, o projeto não envolve as principais estruturas do Estado que atuam na fronteira, como os ministérios da Defesa, por meio das Forças Armadas, e o Gabinete de Segurança Institucional (GSI). “Antes de ser uma questão de segurança pública, a divisa é uma questão de segurança nacional”, argumenta Vicente da Silva. Para ele, é um “chute delirante” afirmar que o programa pode reduzir em até 60% a entrada de armas e drogas no país.
O secretário de Segurança Pública do Espírito Santo, delegado federal Rodney Miranda, também se mostrou cético em relação ao Pefron. Embora a iniciativa seja do governo federal, ressalta o secretário, a ação será executada pelas policias estaduais. “Não sei se hoje as policiais estaduais têm pernas para combater a violência urbana e, ao mesmo tempo fechar a fronteira”, justifica o secretário. “Será que há efetivo suficiente para essa tarefa?”, indaga, ao lembrar que será necessário um custeio permanente do projeto.
Produção
O projeto vai “construir uma represa sem fechar as comportas”.
Para Rodney Miranda, no caso do narcotráfico, é fundamental combater a produção de drogas nos países da América do Sul. Do contrário, segundo ele, o projeto vai “construir uma represa sem fechar as comportas”. Dessa forma, avalia Miranda, é preciso fortalecer os acordos de cooperação com esses países para intervir na raiz do tráfico. Segundo o secretário, com base em dados da Agência Antidrogas (DEA), estima-se que somente 10% de toda droga que entra pela fronteira Estados Unidos-México, uma das mais vigiadas do mundo, é apreendida. “Por isso os americanos investem no Plano Colômbia”, afirmou o secretário capixaba, referindo-se ao bilionário plano de combate à produção de cocaína do vizinho sulamericano, maior produtor mundial da droga.
Nas contas do governo capixaba, um dos centros de distribuição de entorpecentes no país, a apreensão de drogas tem crescido muito nos últimos anos.