Do Globo Online:
Num dossiê mantido em sigilo há quatro décadas, o Exército assume a responsabilidade pela morte do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, considerado o primeiro desaparecido político da ditadura militar, informa reportagem de Bernardo Mello Franco publicada na edição deste domingo do Globo.
O guerrilheiro comandou a ação mais ousada da luta armada contra o regime: o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, de 4 a 7 de setembro de 1969 – que completa 40 anos na próxima sexta-feira. Segundo relatos de presos políticos, Jonas foi morto a pontapés, ao fim de uma longa sessão de tortura feita por militares e civis da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo.
O paradeiro do corpo nunca foi revelado, e as Forças Armadas jamais admitiram o crime oficialmente. O documento obtido pelo GLOBO foi produzido pelo Centro de Informações do Exército (CIE), vinculado ao gabinete do então ministro da Força, general Aurélio de Lyra Tavares. Sua existência comprova que a cúpula da ditadura foi avisada sobre a morte de Jonas nos porões. Mesmo assim, a Justiça Militar o condenou “à revelia” duas vezes, em 1970 e 1977, com base na Lei de Segurança Nacional. Somadas, as penas chegariam a 33 anos de prisão.
O relatório foi redigido em 8 de outubro de 1969, com o título de “Informação n. 2.600” e carimbos de “confidencial”. Jonas foi capturado e morto nove dias antes, em 29 de setembro. No documento, os militares evitam a palavra tortura. Dizem que o guerrilheiro reagiu à prisão e morreu em virtude de “ferimentos recebidos” sob custódia da Oban.
O trecho que elucida o crime ocupa apenas quatro linhas do relatório. Diz o seguinte: “Virgílio Gomes da Silva, vulgo Jonas, vulgo Borges, reagiu violentamente desde o momento de sua prisão, vindo a falecer em consequência dos ferimentos recebidos, antes mesmo de prestar declarações”. Segundo o cabeçalho, o documento circulou na época por dez órgãos militares, incluindo os serviços secretos da Marinha e da Aeronáutica.
Ao fim do dossiê, foram anexadas informações e fotos de 19 militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) presos após o sequestro. Há cópias de três documentos de Jonas (título eleitoral, carteira de habilitação e uma carteirinha de sócio do Jardim Zoológico de São Paulo) e três retratos 3×4, nos quais ele aparece com e sem bigode. E uma anotação, à mão: “Jonas – Morto – Participou do Sequestro”.
Num dossiê mantido em sigilo há quatro décadas, o Exército assume a responsabilidade pela morte do guerrilheiro Virgílio Gomes da Silva, o Jonas, considerado o primeiro desaparecido político da ditadura militar, informa reportagem de Bernardo Mello Franco publicada na edição deste domingo do Globo.
O guerrilheiro comandou a ação mais ousada da luta armada contra o regime: o sequestro do embaixador americano Charles Burke Elbrick, de 4 a 7 de setembro de 1969 – que completa 40 anos na próxima sexta-feira. Segundo relatos de presos políticos, Jonas foi morto a pontapés, ao fim de uma longa sessão de tortura feita por militares e civis da Operação Bandeirante (Oban), em São Paulo.
O paradeiro do corpo nunca foi revelado, e as Forças Armadas jamais admitiram o crime oficialmente. O documento obtido pelo GLOBO foi produzido pelo Centro de Informações do Exército (CIE), vinculado ao gabinete do então ministro da Força, general Aurélio de Lyra Tavares. Sua existência comprova que a cúpula da ditadura foi avisada sobre a morte de Jonas nos porões. Mesmo assim, a Justiça Militar o condenou “à revelia” duas vezes, em 1970 e 1977, com base na Lei de Segurança Nacional. Somadas, as penas chegariam a 33 anos de prisão.
O relatório foi redigido em 8 de outubro de 1969, com o título de “Informação n. 2.600” e carimbos de “confidencial”. Jonas foi capturado e morto nove dias antes, em 29 de setembro. No documento, os militares evitam a palavra tortura. Dizem que o guerrilheiro reagiu à prisão e morreu em virtude de “ferimentos recebidos” sob custódia da Oban.
O trecho que elucida o crime ocupa apenas quatro linhas do relatório. Diz o seguinte: “Virgílio Gomes da Silva, vulgo Jonas, vulgo Borges, reagiu violentamente desde o momento de sua prisão, vindo a falecer em consequência dos ferimentos recebidos, antes mesmo de prestar declarações”. Segundo o cabeçalho, o documento circulou na época por dez órgãos militares, incluindo os serviços secretos da Marinha e da Aeronáutica.
Ao fim do dossiê, foram anexadas informações e fotos de 19 militantes da Ação Libertadora Nacional (ALN) presos após o sequestro. Há cópias de três documentos de Jonas (título eleitoral, carteira de habilitação e uma carteirinha de sócio do Jardim Zoológico de São Paulo) e três retratos 3×4, nos quais ele aparece com e sem bigode. E uma anotação, à mão: “Jonas – Morto – Participou do Sequestro”.