O general se movimenta

PONTE O comandante do Exército, general Paulo Sérgio, tranquilizou o presidente do STF, Luiz Fux, sobre intenções dos militares (Crédito: Divulgação)

Sem fazer alarde, o comandante do Exército, Paulo Sérgio Nogueira, montou agenda para tentar recuperar o diálogo com outros Poderes, rompido após ataques golpistas de Bolsonaro no Sete de Setembro

Ricardo Chapola
Pouco mais de um mês após Bolsonaro fazer ataques ao Judiciário no Sete de Setembro, o comandante do Exército, general Paulo Sérgio Nogueira, começou a marcar uma série de reuniões com autoridades importantes para afirmar que o Exército não apoia a ideia de golpe, como defende o chefe do Executivo. O militar tem garantido que trabalhará para garantir o Estado Democrático de Direito. É uma notícia positiva. Até recentemente havia dúvidas sobre a posição dos fardados em relação às investidas do presidente. Bolsonaro sempre tentou envolver os militares nas crises institucionais que cria. Chama a corporação de “meu Exército” e chegou a fazer um discurso golpista montado em uma caçamba de caminhão, em frente ao QG do Exército em Brasília, o Forte Apache. Em outra ocasião, levou o então ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, para sobrevoar uma manifestação de helicóptero. O ex-titular da Defesa mostrou descontentamento com a tentativa de associá-lo às palavras de ordem antidemocráticas. Alguns meses depois, foi demitido por Bolsonaro, que se queixava de falta de adesão ao seu projeto. A exoneração de Azevedo e Silva, seguida da demissão sob protestos dos comandantes das três Forças, virou a maior crise militar da redemocratização.
A tentativa de cooptação das Forças Armadas parece não ter surtido efeito. O general Paulo Sérgio vem tentando se desvencilhar do saudosismo ditatorial. Na tentativa de reduzir o estresse institucional, ele se encontrou congressistas e ministros do STF — inclusive o presidente da Corte, Luiz Fux, que foi convidado pelo comandante para um almoço no Quartel-General do Exército, em Brasília, na semana passada. Pessoas próximas a Fux relataram que o almoço tinha a intenção de acabar com os conflitos recentes provocados pela escalada golpista. Antes de se encontrar com o magistrado, o general também visitou outros dois ministros: Alexandre de Moraes, no dia 4 de outubro, e Nunes Marques, em 20 de setembro. Moraes foi um dos alvos centrais dos ataques proferidos por Bolsonaro nos atos de Sete de Setembro.
O périplo do comandante pelo STF foi visto como uma forma de reconstruir pontes entre os militares e o Supremo. Pontes essas que, na avaliação dos ministros, começaram a ruir após a chegada de Walter Braga Netto, general da reserva, no Ministério da Defesa. “A relação com a caserna era melhor quando o ministro era o Fernando Azevedo”, disse Fux a um interlocutor. Oficialmente, o Exército tem tratado as reuniões do general Paulo Sérgio como agenda institucional.
Reservadamente, no entanto, o que se diz é que o gesto é “simbólico”. “O motivo do almoço foi basicamente dizer para Fux não envolver o Exército no mau relacionamento entre o presidente, o ministro da Defesa e o STF”, contou um oficial de alta patente, aliado do comandante. “Braga Netto é um general que ocupa uma função política. E ele nada tem a ver com o relacionamento e com o comprometimento das Forças Armadas com os outros Poderes.”
A relação dos militares com o Judiciário piorou por conta de atitudes tomadas pelo presidente, que costuma usar o nome das Forças Armadas para chancelar seus planos. Mesmo sem apoio da cúpula da caserna, o mandatário tem mantido essa atitude, a ponto de ter mandado até tanques de guerra da Marinha desfilarem pela Esplanada no dia em a Câmara derrotou a PEC do voto impresso, em agosto. O evento intimidatório foi criticado pelas principais lideranças políticas. O Alto Comando das Forças Armadas considerou um constrangimento. Não foi à toa que Nogueira aproveitou para tentar descolar a imagem do Exército da escalada autoritária. Amigos de Nogueira ressaltam até mesmo a atuação discreta do comandante em redes sociais, tamanha sua objeção a politizar as Forças Armadas. “Não é do feitio do comandante. E ele não deve parar por aí. Em breve, também deve visitar outras autoridades, como o presidente do Senado e o da Câmara”, afirmou outra pessoa do seu entorno.
Um dos pontos que aproxima Fux e o comandante do Exército é a mesma visão sobre a disseminação de notícias falsas. Dez dias depois das manifestações do Sete de Setembro, Nogueira, que ainda não tinha se manifestado, garantiu que a Força continuava “firme no cumprimento de suas missões constitucionais” e pediu para que soldados tomassem cuidado com as informações que recebiam nas redes socias – um recado claro a apoiadores de Bolsonaro.
Nogueira dedicou os últimos dois meses a realizar uma série de reuniões longe dos holofotes. Teve encontros com lideranças da bancada do Nordeste – muitas delas filiadas a partidos de oposição a Bolsonaro. O comandante abriu ainda espaço na agenda para receber banqueiros, como o presidente do Banco de Brasília, Paulo Henrique Costa. O banco concedeu empréstimo de R$ 3,1 milhões para que o senador Flávio Bolsonaro, o 01, financiasse a mansão onde mora em Brasília. Em setembro, Nogueira também recebeu o Grão Mestre Geral da Maçonaria, Múcio Bonifácio Guimarães.
ISTO É/montedo.com

27 respostas

  1. Anota aí, essa não ficará barato:
    1) “Barroso envia à PGR pedido de apuração de ‘live’ de Bolsonaro com mentira sobre vacina e Aids”.
    2) “Se não tiver base científica, ele vai pagar’, diz Lira sobre fala inverídica de Bolsonaro que associa vacina a HIV”.
    3) “YouTube remove live de Bolsonaro com mentira sobre vacina da Covid e Aids”.

    Mais uma pra conta do ex-capitão desajustado.
    Não há general (Cmt do Exército), General-marechal de campo (Duque de Caxias), Patronos das Armas (Sampaio ou Osório), Centrão militar ou político que pode, tem o poder de:
    – sustentar tantas sandices;
    – abonar tantas falácias;
    – garantir sua sustentabilidade no Poder diante de tantas bizarrices;
    – segurar tantas aberrações e fanfarronices por tanto tempo;
    – tutelar tantas estupidezes, selvajarias, bestialidades e animalidades diárias e indefensáveis indefinidamente.
    Penso que esta associação de ‘Covid e Aids’ seja o maior extremismo radical em apologia a ignorância.
    De negar a realidade como forma de escapar de uma verdade desconfortável.
    Excessivamente criminoso.
    Mediocridade extrema e vergonha permanente, nunca estanca ou cessa.
    Nem o mais medíocre e fanático ‘esquerdopata’, imaginaria um politico e ex-militar dessa extirpe.
    PQP! Mil vezes.
    Binómio de Bolsonaro: ‘Covid e Aids’.
    De novo, ‘mediocridade extrema’.

    1. Se vc contar uma bizarrice dessa em qualquer lugar da constelação, ninguém acreditaria.
      Tome vacine e leve de bônus o vírus da AIDS.
      Como dizem os cearenses:
      – como faço pra desouvir isso.
      Camisa de força e inquérito nesse capitão.
      Quanta ignorância.

  2. Enquanto isto, o osso do boi que era distribuído nos açougued aos pobres aqui em Mossoró, agora passa a ser vendido a R$ 5,00 o quilo.
    Espero que a Venezuela não feche a fronteira para impedir a entrada de brrasileiros famintos.
    Já os que estão aboletados nas estatais recebem salários de até 3 milhões de reais por ano. Sem contar outros privilégios.
    É muita desigualdade.
    É muita injustiça social.

      1. Amigo, uma dúzia de ovos está de 7 a 10 R$!! Passou da hora de vcs acordarem para a vida real! Mas se preferir ficar no mundo imaginário dos grupos do WhatsApp e telegram tudo bem, mas não venha exportar aquele mundo fictício destes grupos para o mundo real não, canalhice antes tinha limites, hj parece q não!!

      2. Você já comeu ovos todos os dias? COma e veja quantos dias aguenta comer ovo.
        O osso é usado para fazer sopa.
        Falar de fome para quem vive de barriga cheia é difícil.
        Cuidado…
        A classe média está em processo de extinção.
        O dia de amanhã pode nos reservar surpresas inimagináveis.

        1. O CHQAO nada ttem a ver com seu mecias. E outra coisa, as provinhas de tres anos atrás era como tomar doce de criança.
          Quero ver se o Sr seria aprovado nas duas ultimas.
          Pra finalizar, é impressionante o seu egoismo. Só pralembrar, seu soldo é pago pelo suor do trabalhador brasileiro que amarga com a alta do preço dos alimentos. O sr deveria se sentir mal ao comer sua picanha enquanto tem gente passando fome.

    1. Eu estou plantando feijão e milho. Oportunidade de ganhar muito dinheiro enquanto esses aí ficam de olho grande no dinheiro dos outros. Dúvida?

  3. Muitos aqui comentam sem conhecer a miséria que existe no Nordeste e no Norte brasileiro.
    Não sabem que nas pequenas cidades do CE, MA, PA e AM não existe saneamento e o abastecimento d’água é feito por carros pipa. Pensam que a miséria se resume a isto? Mais de 30% das casas não possuem vaso sanitário e as pessoas defecam dentro do mato. Isto eu digo e provo. Basta me pegar aqui em Mossoró que eu irei em várias cidades mostrar o Brasil que vocês desconhecem.
    Fico imaginando o governo falar em vale gás para os pobres mostrando que desconhece que os pobres não têm botijão e muito menos fogão a gá. O fogão deles são 4 tijolos onde colocam os gravetos, isto quando há o que cozinhar.
    Sei que isto contado é difícil de acreditar.
    Isto não é do governo Bolsonaro, Dilma, Lula ou FHC. Isto se arrasta há muitos anos por falta de quem tenha coragem de olhar de frente o problema.
    As verbas o governo federal manda. HILUX em porta da casa de prefeito não falta.
    Meu telefone é 84 991397139.
    Na hora que alguém ver a condição miserável de muitos brasileiros eu posso ir mostrar.

    1. Inácio,
      Suas palavras me lembraram a monstruosa ‘Grande Seca’ no nordeste, 1877–1879, que só no Ceará matou 100 mil pessoas, isso mesmo, 100.000 brasileiros.
      Dez anos depois, após o fim da escravidão em 1888, os famintos perambulando com milhares sem destino e empregos, vagando por todo sertão nordestino.
      E, também, Canudos-BA, de 1897 (25.000 mortos).
      Não mudou tanta coisa, muitas famílias na miséria total.
      E a esquerda já se uniu contra MP do Auxílio Brasil no Congresso Nacional.
      Como lá atrás foram contra o Plano Real que dominou a hiperinflação e estabilizou a economia.
      E mais:
      – 1988, Lula e o PT rejeitam o texto final da Constituição Federal.
      – 1989, o partido defende o calote da dívida brasileira com o FMI.
      – 1998, o partido votou contra a privatização da telefonia.
      – 2000, o partido se mobiliza contra a Lei de Responsabilidade Fiscal.
      – 2001, Lula critica o Bolsa Escola e outros programas sociais do governo FHC.
      – 2003, Lula usa esses mesmos programas como parâmetro para implementar o Bolsa Família.
      Os Sabotadores da política suja brasileira.
      E bolsonaro seguindo o mesmo script do PT que o fez chegar a presidência.

  4. Servi nos estados do PI, CE, RN, PE e PA (Itaituba).
    Fui instrutor de um TG do interior do Ceará, sei muito bem do que o companheiro está falando.
    Participei dezenas de vezes da fiscalização do fornecimento de água potável através carro pipa (Op Pipa).
    E distribuição de cestas básicas, através de diversos programas de combate a fome.
    Tudo acima em todos os 4 estados nordestinos, em todos os anos, ininterruptamente.
    A miserabilidade no interior do nordeste e parcela da região norte é real e com a epidemia se agravou.
    Não há imagem tão terrivelmente triste e dolorosa que a fome.
    Temos a Nação entupida nas capitais, sua quase totalidade nunca pisou nessas regiões.
    População essa, ocupada com suas honestas rotinas acadêmicas e empregatícias. Também por total desinteresse cultural, ora por falta de estimulo familiar, ora pelo total descaso da grande mídia (essa “coisa” feia” de miséria e fome não dão audiência).
    Essa realidade é desde da época colonial, a esposa do FHC é a matriarca da ideia, dos Programas governamentais de combate a fome (devido seus livros e carreira acadêmica, ela era mais conhecida na Europa que seu marido até tornar-se presidente).
    Desde sempre houveram programas esporádicos de combate à seca e fome.
    O governo FHC os tornou sistemáticos e permanentes.
    Rolaram uns projetos Rondon no Piauí, jovens universitários das diversas regiões do país testemunharam essa dor, a cara da fome, vi muitas chegarem as lagrimas com esse terror.
    A pandemia potencializou essa cólera, aqui nos semáforos (sinais de transito ou farol) do Recife, ao pararmos somos rodeados por crianças e pais com algumas delas no colo, crianças de colo o dia inteiro debaixo do sol por algumas moedas, alimentos que alguns recifenses já carregam em seus carros para este fim.
    Sr Inácio Augusto de Almeida, com essa inflação galopante, desemprego em alta, efeitos economicos prolongados devido aos enormes gastos com os necessários programas do governo em auxilio a estes brasileiros.
    Essa situação não sofrerá qualquer melhora por muito tempo, infelizmente.
    Brasil o país do abismo das desigualdades sociais extremas.
    As vezes fico a imaginar a situação dos mais distantes municípios e grotões da estado do Piauí ou Maranhão.
    E o verão está chegando para agravar mais ainda a situação, fome e seca.
    Muitos sulistas, brasileiros da região sudeste e centro oeste, conhecem apenas o nordeste/litoral, com suas gigantescas belezas naturais e águas oceânicas mornas, o que não é um demérito, mas está mais que na hora de ‘olharmos’ para o interior, para o sertão.
    Conheço sua cidade, Mossoró-RN, quando no 16° BI Mtz (Natal), o melhor quartel do universo, de todas as galáxias pra se servir, e com sua vila militar dentro do Parque da Dunas, visitei bastante sua bela e importante cidade culturalmente e economicamente falando, quase me casei com uma mossoroense, tão quente como a água que sai das torneiras e chuveiros, rsssss.
    Abraço e fé de dias melhores desta triste realidade regional, pois, é só o que nos resta.

  5. O fim desta miséria tem solução.
    Evitar que qualquer auxílio seja distribuído via prefeitura.
    Usar as Forças Armadas, para num trabalho conhunto com as Cáritas e grupos religiosos, realizar o cadastramento dos miseráveis que estão morrendo de fome.
    Vocês não sabem, mas até o Médico SEM FRONTEIRAS os políticos usam para se promover. As cirurgias para correção dos lábios são marcadas nas secretarias municipais de saúde. E como são apenas 50 cirurgias, a seleção dos que serão operados é feita pelo critéŕio político.
    Os botijões de gás não vão chegar aos que mais necessitam. Eles não têm botijão nem fogão. Este vale gás será distribuído aos eleitores amigos.
    A ABIN de tudo sabe e bem poderia informar ao presidente Bolsonaro o que acontece.
    Até bolsa família é entregue a quem não precisa.
    Fico sem entender os COMANDANTES DAS FORÇAS ARMADAS ainda não terem, junto com o presidente BOLSONARO, montado uma estratégia para desmontar este esquema IMUNDO, troca de auxílio, por votos, montado por políticos corruptos.
    É TÃO FÁCIL ACABAR COM ESTA PATIFARIA.
    É TÃO FÁCIL, COM OS RECURSOS DISPONÍVEIS, ERRADICAR DE VEZ A FOME NO BRASIL.
    Nós somos um país rico!
    Estou ao dispor das autoridades para mostrar como acabar com a fome.
    Por que não me escutam?
    Será que há interesse em que os currais eleitorais sejam mantidos através das verbas sociais?
    Que a ABIM mostre este meu comentário a quem julgar conveniente.
    Inácio AUGUSTO DE ALMEIDA
    Identdade 166.720 M. Aer.
    84 991397139

    1. Apelo ao Montedo para que publique este comentário como matéria.
      Que a REVISTA MILITAR divulgue este comentário.
      Diariamente brasileiros MORREM vitimados por uma praga que envergonha a todos nós.
      FOME!!!

      1. Vocês não tem ideia das condições desumanas que vivem milhões de famílias no sertão nordestino.
        Em particular nos interiores do PI e MA.
        Pobreza extrema.
        A seca virou um problema “secundário”, porque a fome humilha, desestimula e arrasa com as forças deste sofridos brasileiros.
        Perderam totalmente a energia pela sobrevivência, na espera de 400 reais do Estado.
        Com essa fortuna se sustentam por poucas semanas.
        Se não derem mais atenção a essa realidade, poderá haver retirantes em êxodo para as capitais.

  6. Enquanto as verbas sociais enviadas pelo governo federal continuarem sendo ADMINISTRADAS pelos prefeitos a miséria se agigantará mais e mais.
    Já fiz comentário afirmando que a solução existe e é de fácil aplicação.
    Cadê a ABIN que não encaminha o meu comenntário a quem ter o poder de resolver o problema.
    Eu gostaria de ser ouvido e detalhar tudo o que eu vi e apontar soluções para este problema que envergonha a todos os brasileiros.
    84 991 39 71 39

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