Militar se rende após manter mulher e filhos reféns por quase 14 horas em Cascadura
Gustavo Goulart e Letícia Gasparini
O tenente-coronel do Exército que mantinha a mulher, Luciana Arminda, e os dois filhos gêmeos de 11 anos reféns no apartamento da família, em Cascadura, se entregou, após quase 14 horas. O porta-voz da Polícia Militar, coronel Mauro Fliess, informou que ele foi levado para a 29ª DP (Madureira). O processo de negociação foi tenso, segundo Fliess. Equipes de médicos, psicólogos e policiais treinados em negociações de conflitos participaram da negociação, assim como equipes do Exército, à paisana. A rua foi tomada por policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e atiradores de elite. O tenente-coronel André Luiz seria integrante do Serviço de Inteligência do Exército.
O Batalhão de Operações Policiais Especiais assumiu a ocorrência na noite desta terça-feira. Fliess explicou que todos os protocolos foram seguidos e os reféns ficaram “sob controle, na medida do possível”. Fliess explicou que as negociações envolveram tempo. O casal mora no Residencial Califórnia Park, na Rua Cerqueira Daltro.
Segundo Fliess, o militar mostrou descontrole diante de um problema familiar:
– É tenente-coronel da ativa do Exército Brasileiro. Ele demonstrou um descontrole diante de um problema familiar. É uma questão pessoal dele, que será abordada pelo Exército.
Em nota, o Comando Militar do Leste informou que transmitiu à Políicia dados que pudessem ser úteis ao processo de negociação. Após ele se entregar, a mulher e os filhos receberam atendimento de profissionais de saúde e estão na companhia de parentes próximos. Depois de prestar depoimento, o militar será encaminhado ao Hospital do Exército, permanecendo preso à disposição do Poder Judiciário.
O fornecimento de energia elétrica para o apartamento da família foi interrompido por medida de segurança. A Rua Cerqueira Daltro foi interditada ao trânsito de veículos. Uma faixa foi colocada em frente ao Largo do Cascadura, que fica diante do condomínio. A calçada em frente ao prédio foi bloqueada.
Pouco antes das 7h desta quarta, um casal entrou no prédio após conversar com policiais. Durante a madrugada desta quarta-feira, uma psicóloga e uma major da PM também participaram da negociação. Uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi deslocada para o local.
Um vizinho que preferiu não se identificar disse que, horas antes da movimentação dos policiais no local, a mulher gritava por ajuda enquanto era agredida.
— Ele sacou uma arma e ameaçou a mulher e os filhos. Ele já tem histórico aqui no prédio de brigar com a esposa. Vizinhos já o viram agredindo a mulher — disse.
Outra testemunha contou que, ao ouvir os gritos, por volta das 20h, moradores procuraram a portaria do prédio, que acionou a polícia.
— Ela começou a gritar. Depois disso, uma vizinha ligou para a portaria, que acionou a polícia — contou o homem, que também não quis se identificar.
Vizinho de andar da família, o estudante de Farmácia Carlos Orlando Malheiros, de 33 anos, ficou assustado:
– A gente não tem muito contato, embora moremos no mesmo andar do prédio. É uma coisa que a gente nunca imagina que vá acontecer. A gente acha que está seguro. Mas nem dentro de casa – afirmou. Ele acrescentou que ninguém pôde usar o corredor do andar e só o elevador de serviço foi liberado.
Ameaças há pelo menos um ano
A professora Cintia da Costa, amiga de Luciana, disse que o militar ameaçava a mulher há pelo menos um ano.
— Ela tem muito medo dele. Luciana já vinha reclamando que ele já brigava com ela há muito tempo. Ele era truculento. Ameaçava. Não a deixava sair sozinha com os dois filhos, apenas com um deles, para evitar que ela fugisse de casa. Ele era um lobo na pele de um cordeiro — contou Cintia.
Cintia disse ainda que Luciana, que é professora de educação especial em uma escola do município em Piedade, também na Zona Norte, é uma pessoa muito alegre mas estava “perdendo a felicidade”.
— Eu disse várias vezes para ela o denunciar, mas ela tinha medo. Ela já tentou buscar ajuda, mas foi avisada que não iria adiantar denunciá-lo.
De acordo com o cunhado de Luciana, a professora chegou a denunciar André para a Delegacia da Mulher, mas não se separou por medo.
— Luciana tem muito medo dele. Já chegou a denunciá-lo, mas a delegada orientou a não tomar nenhuma providência até o processo ser consolidado. Ela não pediu a separação por temer o marido.
Leia a íntegra da nota do CML:
“Na madrugada desta quarta-feira, 15 de maio, um oficial do Exército Brasileiro, motivado por razões ainda não esclarecidas, manteve esposa e filhos presos em sua própria residência, na Zona Norte do Rio de Janeiro. A Polícia Militar foi acionada por vizinhos e, uma vez no local, iniciou as negociações. Por volta das 10h, após a aplicação dos protocolos de negociação ao longo de toda a noite, o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) logrou êxito em convencer o militar a se entregar pacificamente.
O Exército acompanhou as negociações no local, transmitindo aos policiais informações e dados pessoais que pudessem ser úteis ao processo de negociação. Após o militar se entregar, a esposa e os filhos passaram imediatamente aos cuidados de profissionais de saúde, e já estão na companhia de parentes próximos.
O militar foi inicialmente conduzido para a Delegacia Policial da área e, após as formalidades legais, será encaminhado ao Hospital do Exército, permanecendo preso à disposição do Poder Judiciário.
O Exército Brasileiro solidariza-se com os familiares envolvidos nesse traumático episódio, e prestará toda a assistência médica, psicológica e espiritual requerida para a desejada superação. Por oportuno, o Comando Militar do Leste cumprimenta os profissionais da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro que conduziram as negociações, reconhecendo e agradecendo a sua competência profissional no cumprimento de tão sensível missão.”
EXTRA/montedo.com
11 respostas
Infelizmente essa ocorrência vai contribuir contra a liberação de armas. Como podemos ver, militares são iguais a qualquer cidadão, com problemas familiares, financeiros, etc e podem perder o controle.
Único comentário lúcido a respeito da matéria.
Por isso sou contra pq em um momento de fúria o cidadão pode acabar comentendo uma violência dessas e achar que a arma será usada só em legítima defesa é ser mto ingênuo ou burro
Não adianta ter curso de altos estudos e fazer m… Só dá o alto escalão nas mídias…
Um sacrilegio o que estao fazendo com os QE sendo que 17% deles tem mestrado, mestrado de verdade daqueles que sao 3 anos de estudos nos livros.
Cala a boca
ao jovem ridículo do dia 15 de maio de 2019 a partir do 22:48, em 2022 vai estar bem melhor os QE vão todos para a reserva sera o fim ai vcs estarão todos bem melhores só concursados na força, sera o fim das babações de ovo das queimações de companheiros para arrecadar mais conceitos, vcs estarão no paraíso, espero que seja publicado…
Imbecil, QE não precisa de conceito, precisa de reconhecimento.
falei de conceito para os Sgt ESA, e não ofendi vc nem o outro sabichão que não sabe interpretar um texto
Arrecadar conceitos pra que imbecil? QE precisa de conceito pra que? Porque não te calas?
falei de conceito para os Sgt ESA, e não ofendi vc nem o outro sabichão que não sabe interpretar um texto