Além do pânico, boato gerou novas críticas nas redes à atuação do Exército no Rio Grande do Sul.
Luiz Fernando Menezes
Por volta das 19h, moradores da região publicaram relatos de que os militares teriam pedido que eles evacuassem a área. Vídeos (veja abaixo) mostram viaturas emitindo o alerta por meio de megafones e soldados dizendo para as pessoas que elas deveriam abandonar o local.
Pouco tempo depois, a Prefeitura de Canoas publicou nas redes um desmentido: “Não é verdadeira a informação de evacuação no bairro Mathias Velho, nesta noite de 26/05 #FakeNews”.
Algumas horas depois, foi a vez de o Exército reconhecer o erro: “Militares souberam, sem confirmação, que um dique havia se rompido e imediatamente passaram a comunicar erradamente aos moradores da necessidade de evacuação das áreas consideradas em risco”. As Forças Armadas informaram que os responsáveis foram afastados enquanto o caso é investigado.
ORIGEM DESCONHECIDA
Não se sabe, até o momento, qual foi a origem da informação incorreta. Aos Fatos questionou a Prefeitura de Canoas e o Exército para tentar descobrir se o boato se originou de alguma publicação nas redes, mas ninguém soube informar.
Por volta de 19h, uma equipe da 14ª Brigada de Infantaria Motorizada do Exército passou a comunicar o alerta de evacuação. A brigada fica sediada em Florianópolis, mas está no Rio Grande do Sul em meio à Operação Taquari 2, que promove ajuda humanitária às vítimas das enchentes.
Questionada pela reportagem dos Aos Fatos, a equipe de comunicação do Exército disse, por telefone, que a equipe da brigada recebeu a informação incorreta e tomou iniciativa imediata de acionar o alerta, sem checar antes a veracidade dos dados. De acordo com os militares, a equipe agiu comando “com o intuito de salvar vidas”, e foi aberto um procedimento para averiguar a fonte do alerta falso.
Em busca nas redes, Aos Fatos não identificou nenhuma publicação ou mensagem que tenha circulado ontem com a informação de que o dique de Mathias Velho teria se rompido. Há publicações desinformativas que relatam o rompimento da estrutura, mas elas circularam dias antes do alerta dos militares.
Também há registros de que vídeos com alertas antigos de evacuação referentes a Canoas teriam voltado a circular nas redes no final da semana passada.
CONFUSÃO E DESINFORMAÇÃO
Canoas foi uma das cidades mais atingidas pelas enchentes no início do mês — a Defesa Civil estima 27 mortes e 12 desaparecimentos no município — e tem sido alvo recorrente de desinformação nas redes. Publicações sugerem que a cidade teria registrado mais mortes do que o divulgado oficialmente, que a gestão municipal teria reembalado doações para fazer propaganda para o governo federal e que o prefeito, Jairo Jorge (PSD), teria sido atacado fisicamente pela população.
Usuários nas redes lembram que, durante o momento mais crítico das chuvas, houve um caso semelhante à confusão causada pelo Exército. No dia 2 de maio, a prefeitura disse que o bairro Rio Branco não precisaria ser abandonado porque a equipe teria conseguido contornar a situação. Um dia depois, no entanto, a Defesa Civil pediu que população deixasse a região, que acabou sendo alvo de uma enchente que deixou pessoas desabrigadas.
Esse cenário alimenta a desconfiança dos moradores que, num primeiro momento, duvidaram do desmentido da prefeitura no último domingo (veja abaixo).
Com a retratação dos militares, no entanto, usuários também criticaram as Forças Armadas. Nas redes da prefeitura, o Exército foi apelidado de “Comando Maluco” e “Trapalhões” e algumas pessoas pediram a investigação de quem emitiu a ordem de evacuação.
Mesmo após a explicação do Exército, alguns usuários questionavam a veracidade do desmentido das autoridades. Há, inclusive, publicações que usam o caso como fonte para realimentar a desinformação. Agora os conteúdos desinformativos alegam que o alerta foi uma estratégia do governo e dos militares para esconder corpos que estariam sendo resgatados na região. Isso, no entanto, não tem lastro na realidade.
O Exército vem sendo alvo de críticas e desinformação nas redes em meio às operações de resgate das vítimas das enchentes. As publicações dão a entender que o Exército estaria fazendo poucos esforços para auxiliar as vítimas no estado ou que os resgates estariam acontecendo com atraso e lentidão.
Informações enganosas sobre a atuação do Exército têm incomodado, inclusive, o alto comando. “A fake news desmotiva, espalha inverdade. Mas não podemos nos desmotivar com isso. Temos que estar o tempo todo mostrando o que está acontecendo e mostrando a verdade”, afirmou o comandante Tomás Paiva em entrevista ao g1.
4 respostas
Faltou um vôo de helicóptero na área do dique para verificar a situação, e depois vem notícia. Falta comunicação nessa operação.
Não é culpa dos saoldados. A infeliz situação é fruto da falta uma figura de liderança que inspire confiança mantendo a disciplina consciente na tropa externando autoridade para a população. Não basta comandar por postagens no TikTok, é necessário liderar no terreno pelo exemplo, entrar na água junto ao subordinado, ajudar a montar passadeira, enfiar o pé na lama até o joelho, dormir e acordar no teatro de operações.
A maior tragédia humanitária do país sossobrando o 5º maior PIB estadual e aqueles que por dever da função deveriam liderar pelo exemplo, não desapeam de suas aeronaves confortáveis, nem diminuem a soberba, indiferentes ao sofrimento do humilde que além do castigo das intempéries, padece com o descaso e a incompetência.
Depois eu digo que a Meritocracia não é só pela teoria e sim mais prática. Se enchem dizendo eu tenho altos estudos e meritocracia. Para que serve os altos estudos e meritocracia se não consegue destinguir a situação real de uma fake??! Tenha santa paciência,vão dizer que a ordem veio de um recruta?? Por isso o pessoal passa fazendo chacota do pessoal. E agora quem vai os salvar???. Será o champollim vermelho????
Bem a comunicação oficial não é por “Zap”, “Insta” e etc, existem vários outros meios oficiais e seguros para propalar tais informações. O que uma mentira pode ocasionar em um local já destruído, isso afeta a credibilidade das instituições públicas presentes. Seria isso o real motivo e objetivo para essa mentira?