Origem das Operações Especiais no Brasil remonta ao período das invasões holandesas
André Luis Cruz Correia*
As Operações Especiais, como o próprio nome diz, são operações que devem ser conduzidas por forças militares especialmente organizadas, treinadas e equipadas, com capacidade suficiente para atuar em ambientes hostis, negados ou sensíveis, visando a atingir objetivos estratégicos, empregando capacitações militares específicas, não encontradas nas forças convencionais (BRASIL, 2019).
Entendendo o conceito de Operações Especiais, infere-se que são operações revestidas de alto grau de sensibilidade, que demandam meticulosidade no planejamento e excelência na execução, fatores que são de fundamental relevância no combate moderno. Ainda, requerem forças militares altamente adestradas e comprometidas com a missão que lhes é destinada.
Nesse contexto, avulta-se de importância as Forças de Operações Especiais (F Op Esp), as únicas destinadas à execução das Operações Especiais, que podem gerar efeitos significativos para o sucesso das campanhas militares. No Exército Brasileiro, essas Forças são constituídas por tropas de Comandos e de Forças Especiais.
No Brasil, a origem das Operações Especiais remonta ao período das invasões holandesas, iniciadas em 1624, na Bahia, ocasião em que colonos nativos se organizaram em “Companhias de Emboscadas”, adotando Táticas, Técnicas e Procedimentos (TTP) característicos das Operações Especiais, para expulsar o invasor e manter a integridade do nosso território. Nesse contexto, destacou-se o Capitão Francisco Padilha, comandante de uma das “Companhias de Emboscadas”, cujos feitos foram fundamentais para a retirada das esquadras holandesas da capital baiana. O 1˚ Batalhão de Ações de Comandos recebeu, em 2006, a denominação histórica de “BATALHÃO CAPITÃO FRANCISCO PADILHA”, em homenagem aos atos heroicos do referido Capitão (BRASIL, 2020).
Outro militar que também se destacou naquele período, foi o Sargento-Mor Antônio Dias Cardoso, que teve brilhante atuação, organizando forças locais para executarem emboscadas. Liderando um “pequeno exército” de pernambucanos, também derrotou, em 1645, nas batalhas do Monte das Tabocas e Casa Forte, neerlandeses mais bem equipados e treinados, dentre eles, o comandante-geral das tropas no Nordeste, Coronel Van Hans. Cabe ainda destacar, os feitos desse valoroso militar na primeira e na segunda batalha de Guararapes, ocorridas em 19 de abril de 1648 e 19 de fevereiro de 1649, respectivamente, que marcaram a gênese do Exército Brasileiro e da nossa nacionalidade. O 1˚ Batalhão de Forças Especiais recebeu, em 1991, a denominação histórica de “BATALHÃO ANTÔNIO DIAS CARDOSO”, em homenagem a esse valoroso soldado que dedicou a sua vida em defesa do seu povo (BRASIL, 2020).
Diante desses relatos históricos, percebe-se que a origem das Operações Especiais do Brasil decorreu de um forte sentimento de pertencimento de um povo a uma terra, que foi protegida contra um invasor belicamente superior, ao custo de muitas vidas e sangue de muitos heróis. Esses sentimentos de abnegação, de estoicismo e de comprometimento com a nação, e com a sociedade são valores inegociáveis às Forcas Especiais até os dias atuais.
O primeiro Curso de Operações Especiais do Exército Brasileiro foi realizado em 1957, no Núcleo da Divisão Aeroterrestre na cidade do Rio de Janeiro (RJ), sob a iniciativa e liderança do então Major de Infantaria Gilberto Antônio Azevedo e Silva, que acabara de retornar dos Estados Unidos da América (EUA), trazendo importantes ensinamentos da doutrina de Operações Especiais daquele país. A despeito das dificuldades encontradas para conduzir o referido curso, o Maj Gilberto e mais 15 (quinze) militares concluíram com o êxito aquilo que deu origem às Forças Especiais do Exército Brasileiro. Assim escreveu o Maj Gilberto em seu último relatório:
“Tomo a liberdade de falar em nome de quinze Oficiais e Sargentos que terminaram o primeiro curso de Operações Especiais e que se colocam inteiramente a dispor desse comando, para não medindo sacrifício, manter sempre acesa a chama que aquece os corações que se dedicaram às Operações Especiais, servindo com todo o entusiasmo ao BRASIL, realizando:
“Qualquer coisa
A qualquer hora
Em qualquer lugar
De qualquer maneira”.
Posteriormente modificado para: “Qualquer missão, a qualquer hora, em qualquer lugar e de qualquer maneira”, tornou-se o lema das Operações Especiais, que nada mais representa que a tradução do compromisso de cada militar Forças Especiais para com a nação brasileira, de defender a Pátria contra ameaças externas a qualquer custo, inclusive com o sacrifício da própria vida. Esse comprometimento ainda é constantemente lembrado nos Cursos de Ações de Comandos e de Forças Especiais.
Nesse sentido, nota-se que os militares das Forças Especiais, desde a sua formação, desenvolvem atributos e crenças que os tornam fortes o suficiente para superar as adversidades inerentes às missões destinadas às tropas constituídas por esse universo. Tais missões, segundo Brasil (2019), são caracterizadas pelo alto risco, pelo elevado grau de precisão e pela dificuldade de coordenação e apoio. Disciplina, maturidade e profissionalismo são algumas das características que conferem a esses homens e às Forças de Operações Especiais posição de destaque, quando se trata de fiel respeito à hierarquia e à disciplina, base institucional das Forças Armadas.
Corroborando tal assertiva, pode-se verificar na base doutrinária do Comando de Operações Especiais (C Op Esp) a forma como são desenvolvidas as Capacidades Operativas (CO) que contribuem para a geração de forças para o Exército Brasileiro. Segundo Brasil (2019), “[…] orienta-se pelos diplomas legais brasileiros e pela análise da conjuntura e dos cenários prospectivos, atuando contra as ameaças concretas e potenciais ao Estado e interesses nacionais”. Com isso, não há dúvidas de que o planejamento de qualquer ação a ser executada por tropas do Comando de Operações Especiais tem como princípio básico, a Legitimidade:
[…] Caracterizado pela necessidade de atuar conforme diplomas legais, mandatos e compromissos assumidos pelo Estado, e o sistema de princípios e valores que alicerçam a Força. Tão importante como o aspecto formal da legitimidade do emprego dos elementos da F Ter, é a percepção que as sociedades, nacional e internacional, e população local da área de operações têm sobre o emprego da Força em determinado conflito (BRASIL, 2014, p. 5-5).
No que se refere à importância das Forças Especiais, basta observar a constituição dos principais exércitos do mundo e as missões cumpridas por esse tipo de tropa ao longo da história. Dentre as principais Forças de Operações Especiais do mundo, pode-se citar o Special Air Service (SAS) – Inglaterra; U.S. Army Special Forces (SF) – EUA; Sayeret Matka – Israel; e Spetsnaz – Rússia.
A necessidade de emprego das Forças Especiais reveste-se de notoriedade quando as ameaças são difusas e o ambiente operacional é complexo, o que é comum, por exemplo, quando se trata de operações de prevenção e combate ao terrorismo. Segundo Moon (2018), as Forças de Operações Especiais tornaram-se o instrumento militar para a campanha global de contraterrorismo, iniciada no rescaldo dos ataques de 11 de setembro, devido às suas capacidades para rastrear, prender ou eliminar terroristas; bem como, para assessorar e treinar Forças Especiais amigas, tanto estatais quanto não estatais.
No Brasil, a importância das Forças Especiais, em especial, do Exército Brasileiro, é percebida nas operações mais relevantes e complexas, que demandam o máximo de capacidades da Força Terrestre. Seja realizando ações cinéticas; seja prestando assistência militar; seja cooperando com a atualização de dados e conhecimentos de importância estratégica, operacional ou, eventualmente, tática; as Forças Especiais apresentam-se sempre como um multiplicador de forças para a Força Terrestre, seguindo fielmente as diretrizes emitidas pelo Comandante do Exército Brasileiro.
Considerando os princípios das Operações Especiais, que, segundo Brasil (2019), são a adaptabilidade, a flexibilidade, a integração, a modularidade, o objetivo, a restrição e a seletividade, conclui-se que as Forças Especiais são de grande relevância para o Estado brasileiro e para o Exército, uma vez que são capazes de preencher as lacunas não ocupadas por forças convencionais, proporcionando a complementariedade necessária para o fortalecimento da Força Terrestre, ante os desafios impostos pelos conflitos do século XXI.
Conclui-se ainda, que os valores cultuados pelos integrantes das Forças Especiais do Brasil são o resultado de um processo que teve sua gênese, ainda durante o período colonial, e que foram se fortalecendo e se consolidando ao longo de décadas.
Certo de que os integrantes das Forças Especiais de hoje valorizam o legado deixado pelos que o antecederam e têm a plena consciência da responsabilidade que é mantê-lo, conclui-se, também, que a legalidade e a legitimidade são requisitos básicos que estão arraigados na essência de cada um desses homens.
Por fim, sabendo que, assim como a guerra, Operações Especiais não se improvisam, o militar das Forças Especiais continua incessantemente concentrando seus esforços na excelência do cumprimento da missão constitucional do Exército, respeitando os anseios da nação brasileira e as ordens emanadas pela cadeia de comando da Força Terrestre.
REFERÊNCIAS:
BRASIL. Exército. Doutrina Militar Terrestre. Brasília, 2014.
BRASIL. Exército. O Comando de Operações Especiais. Brasília, 2019.
BRASIL. Exército. Comando de Operações Terrestres. Doutrina Militar Terrestre em Revista. Brasília, 2020.
______. Relatório do Primeiro Curso de Operações Especiais. Rio de Janeiro: 1958.
MOON, Madeleine. Nato Special Operations Forces In The Modern Security Environment. Bruxelas, Abr. 2018.
SILVA, Daniel Neves. “Invasões holandesas no Brasil”; Brasil Escola. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/historiab/invasoes-holandesas-no-brasil.htm. Acesso em 09 de novembro de 2023.
O autor
* André Luis Cruz Correia é Tenente coronel de Infantaria, Formado na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN), em 2002. Realizou os Cursos de Comandos e Forças Especiais, em 2005 e 2006, respectivamente. Cursou a Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (2019/20). Foi Subcomandante do Destacamento Diamante IV, em missão na República Democrática do Congo, em 2008. Integrou o Batalhão Brasileiro (BRABATT) da MINUSTAH (HAITI), 11˚ contingente. Realizou o Curso de Comando de Operações Especiais, em Guangzhou, na China, em 2015. Foi Comandante de Destacamento de Ações de Comandos (DAC) e de Destacamento Operacional de Forças Especiais (DOFESP). Foi Oficial de Operações do Centro de Coordenação Tático Integrado (CCTI) – Contraterrorismo, durante os Jogos Olímpicos 2016 – sede Belo Horizonte – MG. Em 2017, realizou o Estágio de Proteção de Altas Personalidades (GAHP), na École Nationale de Police (ENP), em Saint Malo – França.
25 respostas
Só lembro desses caras tirando foto com defunto na GLO, ai quando abriram um IPM foram dizer que quem matou foi a CORE, que eles só fizeram a escolta da CORE/PCERJ e os policiais que mataram os bandidos.
Lembro também do Sgt Cazuka, cruelmente assassinado, e as únicas providências tomadas foram fazer um “corridão de corpo presente” e dar o nome de um pátio qualquer. Experimentem matar um pm de um estado, um prf, um pf, para ver se essas corporações aguardam as providências das “autoridades competentes”. O assassino foi preso pela PMERJ.
A importância é fazer formatura com um monte de badulaqhe pendurado, gente fantasiada de planta, tal e coisa…. Aquela fotinha para o CCOMCEX.
É tudo mentira senhores.
Fiz um estágio com um FE..
Em uma conversa “de bar”.
1. FE praça é igual a qualquer um praça. Precisa de ponto na carreira, conceito, estudar idioma. QAO não é garantia.
2. FE praça, também tem família, filhos, parentes. Não dá para meter o loco na favela e chegar em casa como se nada tivesse acontecido.
3. IPM, sindicância. É tudo igua, não tem tratamento “diferenciado”.
4. Se dentro do sistema é ruim para alguns. Fora é pior. Então é melhor ficar dentro.
Eu pensei que pelo menos esses escapavam !!!
Estamos mal representados.
Para de falar besteira, vc e comandos? FE? Não né, então vai lá tenta o curso aí depois vem aqui falar . Polícia prende bandido, segurança pública. Exército defesa da pátria, não confunda.
É claro que eu nao sou comandos nem FE, gracas a deus eu nao vivo uma mentira, vivo um powpow, fazendo cara de brabo e contando casos da fronteira.
Não tem guerra há 70 anos, seguindo sua lógica isso só serve para formatura cheios de badulaques pendurados, todas as GLO foram isso, mataram o sgt em plena GLO e foram fazer um corridão….
E vc me pergunta se eu soU FE?
Companheiro se eu quisesse atividade real eu ia para a PM do RJ.
Isso não é embuste, é surto psicótico mesmo. Agora pega o fuzil e entra em forma.
Bem,considerando que as missões dos FE são confidenciais,eles podem tá fazendo uma agora e não saberemos
Pode ser.
Se matarem alguem, a familia processa o Estado pedindo pensao…
A policia abre inquerito.
Coisa e tal.
Tudo gera processo, então essa coisa de agente 007 ficou nos anos 60
Bem,as missões dos FE são confidenciais,então nunca saberemos o que eles realmente fazem,devem tá fazendo uma missão agora
A última foi uma missão de sabotagem do Estado via golpe militar pelo wathapp.
Em 3 dias, qualquer policial militar veterano pode perfeitamente realizar qualquer modalidade de operações especiais. São policiais que enfrentaram intensa condição de estresse e fogo pesado, fogo de fuzil, não de 38. Dê o paraquedas, os meios aéreos e aquáticos e qualquer militar das nossas gloriosas policias militares estaduais cumprirão a missão tranquilamente. E com um detalhe; sem embuste.
Ah, tá de Zuera que as PM e PF são mais preparados que nossos Comandos.
Nunca serão!
O EB maior força especial da América. Maior que EUA até, vemos isso aqui em Goiânia nas operações.
Ninguém sabe o que estão fazendo e descaracterização
Caro Infante 2018; você anda assistindo muito aos filmes do Rambo. Deixe o embuste de lado.
A única diferença entre os Comandos FE e militares ditos convencionais é que so primeiros citados possuem os melhores equipamentos, apenas isso, nada mais.
kids pretos são ótimos em planejamentos de intentonas intervencionistas p/ manter desajustados no Poder.
Seguem alguns impressionados com o “governo militarizado”:
– Ramos, o Banana De Pijamas e Deputado Vitor Hugo.
– Pançuello, Elcio Franco e seus oficiais Blue Caps na Saúde (R $$$).
– Gen Ridauto, Ex-Chefe Do Setor De Logística Do Ministério Da Saúde.
– muambeiro Ajudante De Ordens Mauro Cid.
– Júlio César de Arruda, ex- Cmt EB (30 dez 2022 a 21 jan de 2023).
– Cleiton Henrique Holzschuk que tentou retirar as joias apreendidas pela Receita Federal.
– Mario Fernandes, general que atuou como assessor da Secretaria-Geral da Presidência.
– Cel Montenegro, autor de diversos artigos e coautor do livro “Kid Preto, Guerra Irregular e a evolução histórica das Operações Especiais do Exército Brasileiro”.
Esses fora das sombras, houve muitos outros.
‘Chafurdaram’, não estão na Venezula do Cel Pqdt Hugo Chaves.
Alguns respondem processos na Justiça, barro!
Sangra negão!
Que fase!
Aqui na minha cidade tinha um PM peito de aço, topava a gurizada e metia o Loco, cara vocacionado na profissão.
Ontem foi o sétimo dia dele, estava saindo da vila com a família para ir no mercado, sábado a tardinha e encontrou a gurizada que ele tinha abordado, chutado , humilhado na patrulha, disse levou mais de 20 tiros, segundo falaram foi o filho do dono da padaria e a gurizada do futebol de praia.
Vida que segue, as crianças orfãs que sofrem…
Melhor é ser FE, nem arma usam, e ainda dá para descolar aquele broto com a pose toda.
Polícia é mto perigoso, vamos ficar aqui na guarda que é melhor, talvez até fazendo uns planejamentos da invasão do país vermelho.
Senhores, nunca na história tivemos tanta rejeição às nossas forças armadas, tanta decepção, esse posicionamento para tentar passar um ar de normalidade, de combatentes preparados, não passa de pose para flesh!
Só recalques, nos comentários acima…Forças armadas sempre serão para os fortes, não aos recalcados do mi-mi-mi.
Sei, conta outra
Triste do país que tem um Cel Cid como membro de sua FE. E ainda seria o comandante do batalhão da FE de Goiania.
Nosso exército sem importância e sem valor!! Servi em Itu SP decepção sucata tanques blindados dos EUA lixo!
Tb é isso que nossas forças merecem um monte de lixo!
Fazedores de Encrenca.
O que adiante ser tropa especial, r prestar continência pra bandidos…estão especializados em servir cachorro quente pra militante do comunista
Caro André; defina Comunismo. Mas defina cientificamente e não com achismos.