Forças Armadas mudam às pressas desfile militar no Rio por ordem de Bolsonaro

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Decisão do presidente foi tomada na sexta-feira (29); prefeito Eduardo Paes diz que ainda não foi informado

Cézar Feitoza
Marianna Holanda
Matheus Teixeira
BRASÍLIA

A escolha do presidente Jair Bolsonaro (PL) de participar do desfile no Rio de Janeiro pegou militares que organizam o evento de surpresa. Agora, a cerca de um mês do evento, o Comando Militar do Leste e o Ministério da Defesa buscam alterar o planejamento para atender à ordem do mandatário.
Segundo relatos feitos à Folha, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, foi avisado da decisão na sexta-feira (29). Os preparos para o evento estavam quase todos prontos, mas devem ser rearranjados para comportar a participação do presidente e de seus apoiadores.
O ato deve ter caráter político e eleitoreiro, uma vez que ocorre a um mês da votação. Acontecerá ainda em um momento em que o chefe do Executivo está pressionado pelas pesquisas de intenção de voto e joga descrença sobre o sistema eleitoral.
O Datafolha mostrou que Bolsonaro está a 18 pontos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). O petista tem 47% das intenções de voto contra 28% do atual mandatário.
Com a presença de Jair Bolsonaro, militares da Marinha realizam treinamento de situações de combate, no campo de treinamento das Forças Armadas na cidade de Formosa, Goiás, cidade vizinha à Brasília – Pedro Ladeira/Folhapress
No ano passado, Bolsonaro usou o feriado para convocar apoiadores para irem às ruas em atos de raiz golpista. Depois de participar do desfile militar em Brasília, fez discurso com ameaças ao Supremo Tribunal Federal, exortou desobediência à Justiça e disse que só sairia da Presidência morto.
No Rio de Janeiro, o desfile de 7 de Setembro ocorre tradicionalmente na avenida Presidente Vargas, no centro, pela manhã.
No sábado (30), no entanto, Bolsonaro anunciou que iria alterar o cronograma: o desfile será às 16h na avenida Atlântica, na orla de Copacabana, local em que geralmente ocorrem manifestações favoráveis ao presidente.
“Sei que vocês [paulistas] queriam [que o ato fosse] aqui [em SP]. Queremos inovar no Rio. Pela primeira vez, as nossas Forças Armadas e as forças auxiliares estarão desfilando na praia de Copacabana”, disse durante a convenção que lançou a candidatura de Tarcísio de Freitas (Republicanos) ao Governo de São Paulo.
Generais consultados pela Folha afirmaram, sob reserva, que a decisão do Planalto foi comunicada verbalmente ao ministro Nogueira. Instantes depois, a informação foi repassada para o Comando Militar do Leste, responsável pela organização do evento.
Segundo os relatos, o órgão militar já estava em fase final de preparação do evento na avenida Presidente Vargas, como tradicionalmente ocorre. A expectativa era que mais de 5.000 militares e civis participassem do desfile.
O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PSD), afirmou à Folha que ainda não foi comunicado pelo governo federal da decisão de alterar o local do desfile. “Vi pela imprensa”, disse.
A prefeitura é responsável por preparar a estrutura do evento, instalando grades de proteção e arquibancadas, além de mobilizar forças de segurança.
O feriado de 7 de Setembro deste ano marca os 200 anos da Independência do Brasil. Em declarações públicas recentes, o presidente indicou que planeja transformar as festividades em atos bolsonaristas.
A campanha de Bolsonaro ainda não se engajou na organização do evento e deve definir na terça-feira (2), em reunião, se participará dos preparativos ou deixará o trabalho apenas com o governo.
Apesar disso, a campanha aposta no desfile no Rio de Janeiro para realizar a maior mobilização pública em seu favor no período eleitoral.
A ideia é que o encontro seja um aceno à parcela mais radical do eleitorado bolsonarista, que costuma se intitular como patriota. Aliados contam com os atos para o presidente demonstrar força política e eleitoral, além da fidelidade de seus apoiadores.
Na convenção nacional do PL que o oficializou como candidato a reeleição, Bolsonaro convocou seus apoiadores a irem às ruas “uma última vez” no 7 de Setembro e, em seguida, dirigiu seus ataques a ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em outro trecho de sua fala, o presidente voltou a uma metáfora que costuma fazer e chamou seus apoiadores de “exército”. Jurou dar a vida pela liberdade e fez com que o público fizesse o mesmo juramento.
Segundo relatos, a escolha pelo Rio teve dois motivos: o primeiro é pelo simbolismo de, no momento em que o mandatário tenta expor sua proximidade com os militares, fazer um desfile em um dos pontos turísticos mais famosos do país; e o segundo é pelo fato de a capital fluminense ser o berço político de Bolsonaro.
Há uma avaliação ainda de que em São Paulo o voto bolsonarista pode estar mais consolidado do que no Rio de Janeiro. Portanto a realização do evento em Copacabana pode ter mais retorno eleitoralmente.
No Dia da Independência, Bolsonaro deve participar do desfile militar em Brasília, pela manhã. Autoridades do Legislativo e Judiciário e chefes de Estado de países lusófonos foram convidados para participar do evento.
Interlocutores disseram à Folha que o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, já comunicou que pretende comparecer.
Com a possível presença de altas autoridades estrangeiras, a expectativa de interlocutores do presidente é a de que o desfile de 7 de Setembro em Brasília seja protocolar e que eventuais sinalizações golpistas de Bolsonaro para sua base mais radical fiquem reservadas para o ato no Rio.
Os eventos de comemoração do Bicentenário da Independência têm sido organizados pela Presidência da República e uma comissão interministerial, que reúne Itamaraty, Ministério do Turismo, Ministério da Defesa, Ministério da Educação, Secretaria Especial de Cultura e Secretaria de Comunicação.
Além dos desfiles em Brasília e Rio de Janeiro, o governo prepara eventos oficiais em todas as cidades do país que possuem organizações militares da Marinha.
Nesta segunda (1), representantes das Forças Armadas participaram da primeira reunião no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) como entidade fiscalizadora das eleições.
Ao todo, 84 pessoas estiveram no encontro. Segundo relatos feitos à Folha, o secretário de Tecnologia da Informação do TSE, Julio Valente, apresentou os 39 momentos em que a confiabilidade do sistema eletrônica pode ser aferida. A reunião foi descrita como esclarecedora pela maioria dos presentes.
FOLHA/montedo.com

28 respostas

  1. Bolsonaro nunca me preocupou, pois foi um parlamentar medíocre e é mediocre nas ideias.
    Mas foi a partir de iniciativas dos filhos que ele ousou contactar grupos de extrema direita e organizar esses pensamentos aqui no Brasil.
    Uniu as ideias estapafúrdias do seu finado gurú às estratégias do gurú da extrema direita mundial, sim, o tal de Banon.
    Na verdade, preocupo-me é com os muitos que, verdadeiramente, têm os pensamentos que foram reunidos e hoje são usados por Bolsonaro para priveito pessoal e familiar.

      1. Isso.
        Sete de Setembro vem aí.
        E depois vem oito, nove, dez, de setembro e outros dias.
        E depois os militares irão retornar pro quartel, pq lugar de militar é no quartel.

      2. Corrigindo:
        2° Sgt QE Patriota Terraplanista Antivacina Bozominion.
        P.S:
        O 2° Sgt QE Antivacina tomou todas as doses da VaChina.
        Que pobreza!
        Mito.

  2. Brincando de Presidente com dinheiro público, típico de militares Cmt de OM que querem formaturas diárias só para falar abobrinha.

  3. Quem mais gosta do Bolsonaro são os velhos bem de vida da época da ditadura.
    Se forem olhar Copacabana o que tem mais lá é gente com esse perfil, por isso quer fazer a sua propaganda neste lugar.
    Enfim, só pensa nele, mais nada.

  4. É muita enganação entre os generais, não são como em tempos passado, hoje nossos superiores só pensam em si, são egoístas um bando de traíras, puxa sacos, só querem boquinha no Planalto e o JB se aproveita disso tudo em proveito, e a tropa sofrendo…

  5. Dessa vez o PT não vai errar. Zé Dirceu convocado e botando pra derreter, Zé Genuíno voltando, Gleisi na Casa Civil, Dilma na Infraestrutura, Zé de Abreu na Cultura, Santos Cruz na Defesa, Zanini na Justiça, Mônica Bérgamo como porta voz…e por aí vai. E pra finalizar: uma PEC de três mandatos de 8 anos ininterruptos (sem necessidade de eleição) para compensar 1 ano prisão ilegal imposta ao inocente, honesto, honorável, imbatível e eterno Presidente Lula.

    1. Anônimo a partir do 14:54
      Dessa vez o PT não vai errar:
      – tornará sem efeito a Lei 13.964/19-DELES.
      A escória petralha mandará anular, revogar, exterminar:
      – desfazerrevogar a Reestruturação da Carreira DELES.
      Beleza!?

  6. Já ta chato esse papo de “golpe”. Desde que Bolsonaro ganhou a eleição, a imprensa apela para esse golpe que nunca é dado. Até mesmo os malucos que o desejam já desistiram, e a mídia continua nisso.

  7. Que saudade, quando eu desfilva na Avenida Rio Branco, depois na Preisidente vargas, no meu tempo de Ativa na Tropa Pára-Quedista.. Participei de varias guardas de Honra, na Vilia Militar, Para o Presidentes Médici, Gaisel, Figueredo, tempo bom, que já passou e deixou muita saudade.A vida segue .Sgt QE Pqdt e Aux de Prec Gomes – Reformado com muito Orgulho, Abraços à familia Militar.

    1. Gen Médici, Geisel, Figueiredo… como Bolsonaro:
      – também ‘cagaram’ para defasagem salarial das Praças.
      Sarney ao assumir a presidência propôs um reajuste para as FA, e o seu general Leônidas Pires Gonçalves (Cruz Alta, 19 de maio de 1921 – Rio de Janeiro, 4 de junho de 2015), disse:
      – não senhor presidente, militar ganha muito bem (abril de 1985).
      Esses são seus generais, Sgt QE Antônio Carlos Gomes.
      Você nessa idade e fase da vida, ainda nessa idolatra e bajulação por essa gente.
      Esses seus ídolos são os maiores responsáveis por seus defasados contracheques, Sgt Aux de Prec.
      No inicio dos anos 80′ um agente da PF percebia um pouco mais que um Sargento das FA.
      Hoje, quase quatro vezes mais.
      Sabe por que, Sgt QE Pqdt Gomes?
      Porque a PF possui CHEFES, Comandantes e profissionais que pensam na carreira de seus subordinados.
      Lutam, exige do Chefe Supremo o reconhecimento profissional da sua Instituição (PF).
      A Lei 13.964, a Reestruturação da Carreira de 2019, é mais uma prova desse descaso e legislação em casa própria.
      Acorda Gomes!
      Arrego!

      1. governo Bolsonaro, Médici, Geisel e Figueiredo:
        – ótimos para as castas das FFAA e mais ricos.
        graduado tá lascado.
        27 anos para promoção a Subtenente
        PF, PRF, maciça maioria do funcionalismo público com altos salários no início de suas carreiras.
        Subtenente com um salário risível após quase três décadas de Serviço.
        Esse é o governo militar, bom só pra eles
        nunca mais voto em qualquer militar, nunca mais

  8. Não tem golpe, já sabemos quem vai ganhar, o voto do rico é igual ao voto do pobre, não adianta agradar a minoria, 4 anos q ferrou todos. JB vai perder no primeiro turno, não precisava passar por isso. Vai sair como um péssimo presidente. Que lástima.

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