Forças Armadas propõem “votação paralela” com cédula de papel para teste no dia da eleição

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Sugestão foi feita pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, durante audiência no Senado e segue a linha do discurso recorrente do presidente Jair Bolsonaro

Felipe Frazão
As Forças Armadas apresentaram nesta quinta-feira (14), no Senado, uma proposta de votação paralela no dia da eleição com cédulas de papel. A recomendação foi feita pelo ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, durante audiência convocada pelo senador governista Eduardo Girão (Podemos-CE). A sugestão segue a linha do discurso recorrente do presidente Jair Bolsonaro, candidato à reeleição, que tem colocado em dúvida a segurança do processo eleitoral, mesmo sem qualquer prova de falha ou fraude nas urnas eletrônicas.
A proposta das Forças Armadas usa como justificativa a necessidade de reforçar a transparência da votação. Segundo o ministro da Defesa, a votação adicional seria apenas um “teste de integridade” das urnas eletrônicas em 2 de outubro. Além da votação com cédulas de papel, haveria uma segunda urna eletrônica nas seções escolhidas. Essa testagem, segundo os militares, poderia ajudar a dar mais segurança às eleições, apesar de nenhuma investigação oficial já ter detectado fraude nas urnas eletrônicas. Esse “teste” seria uma fase a mais no processo de fiscalização das eleições, como previsto no plano elaborado pela Defesa revelado pelo Estadão.
Os movimentos do governo, com as Forças Armadas atuando mais fortemente a partir de questionamentos ao TSE, fazem parte de estratégia adotada por Bolsonaro de colocar em dúvida a confiança nas urnas. O principal adversário do presidente, o petista Luiz Inácio Lula da Silva, tem aparecido como líder nas pesquisas de intenção de voto.
Na audiência no Senado, o chefe da equipe das Forças Armadas no grupo de Fiscalização do Processo Eleitoral, coronel do Exército Marcelo Nogueira de Sousa, disse que os militares estudaram os sistemas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e detectaram uma série de possíveis ameaças. Segundo ele, a equipe ainda não conseguiu concluir que tais riscos podem ser neutralizados. Sousa coordena o plano de fiscalização das eleições da Defesa. O TSE tem garantido, no entanto, que o processo é seguro e não há provas de ameaças de falha.
O coronel propôs, então, o “teste de integridade na seção eleitoral”, após a lacração das urnas e dos sistemas, uma etapa a mais de verificação dos sistemas eletrônicos do que o TSE prevê atualmente, a impressão do boletim de urna e uso de pelo menos duas urnas eletrônicas, uma para a votação oficial e outra paralela destinada a testes.
— A gente propõe uma pequena alteração no que está estabelecido, sendo coerente com a resolução do TSE. Ela prevê o teste das urnas em condições normais de uso. Como seria esse teste? Urnas seriam escolhidas, só que em vez de levar para a sede do TRE, essa urna seria colocada em paralelo na seção eleitoral, onde teria eleitores com biometria. O eleitor faria sua votação e seria perguntado se ele gostaria de contribuir para testar a urna. Ao fazer isso, ele geraria um fluxo de registro na urna teste similar à urna original e, após isso, os servidores fariam votação em cédulas de papel, e depois dessa votação em cédulas, ela seria conferida com o boletim de urna — sugeriu o coronel Marcelo Sousa. — Essa abordagem, pela escolha aleatória das urnas para teste, modificaria pequenos procedimentos no que está estabelecido, mas traria um grau de segurança e de certeza maior quanto em relação a possível ameaça tanto do código interno quanto de hardware.

Ataques “internos”
Para técnicos militares, as urnas eletrônicas são pouco sujeitas a ataques externos, como invasões por hackers, mas podem sofrer ameaças internas de códigos maliciosos depositados antecipadamente na urna (hardware) ou nos programas computacionais (software) que são carregados nelas para processar a votação.
Segundo eles, o teste no dia da eleição, com uso de biometria, evitaria que um código malicioso oculto (também chamado malware), programado para operar somente dentro de determinadas condições mais próximas do ritmo de votação de uma eleição em si, escape de testes de integridade anteriores.
Uma das hipóteses é que um eleitor cooptado com interesse de fraudar o pleito acione o malware a partir da digitação de uma senha. Ou o código poderia ser instalado de forma latente em urnas reservas, que são usadas em caso de falhas de equipamentos e substituem urnas eletrônicas defeituosas. As urnas reservas não costumam passar por testagens, segundo os militares, e cerca de 10% são trocadas no dia da votação. Apesar da descrição do militar, até o momento não há registro de tentativa semelhante nas eleições, incluindo na de 2018, em que Bolsonaro foi eleito presidente.
Atualmente, os testes de integridade são feitos antes do dia da eleição, com urnas selecionadas dentro das 577 mil urnas disponíveis para a eleição geral. Elas são separadas e levadas aos Tribunais Regionais Eleitorais para simular votações com servidores da Justiça Eleitoral. Os funcionários votam em cédulas (votação paralela) de papel e depois numa urna eletrônica, com tudo gravado por câmeras, e os resultados são checados, entre cédula e o boletim de urna. Para os militares, esse formato é insuficiente.

Protagonismo
A audiência no Senado serviu de palco para parlamentares governistas insistirem no discurso de colocar em suspeição a segurança do processo de votação. Senadores e deputados que apoiam o governo pediram para falar no evento em que o presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Edson Fachin, fora convidado, mas não compareceu.
A única participação dissonante acabou sendo do representante da Transparência Internacional no Brasil, Michael Mohallem. Ele reforçou que, para a entidade, o sistema brasileiro de votação é seguro e criticou a pretensão das Forças Armadas de passarem a ser protagonistas no debate sobre o tema.
— As Forças Armadas têm inúmeras atribuições de importância e grandeza para o país. Entre suas competências não há a de ser protagonista de reformas eleitorais, muito menos de revisoras da eleição. Se houver pretensão de se tornar um ator institucional com papel complementar de revisor do processo eleitoral, seria uma iniciativa claramente inconstitucional — declarou.
Em resposta, o ministro da Defesa disse que os militares não querem ser protagonistas, mas que entraram a fundo no tema porque foram convidados pelo TSE.
— Nós, quando somos chamados a alguma missão, a dedicação é exclusiva, a gente vai fundo — disse, acrescentando:
— Não queremos protagonismo. Jamais seremos revisores de eleições. Tudo que a gente tem feito é seguindo as resoluções do TSE. Talvez pela tradição, pela história que as Forças Armadas têm, pelo fato de terem se engajado mais fortemente nesse convite, talvez dê a impressão de que somos protagonistas. O protagonista é o TSE, é o povo, é a transparência e a segurança que a gente quer.
ESTADÃO/montedo.com

27 respostas

  1. Pois bem, dou uma sugestão, faça uma votação paralela “a papel” dentro de todas as organizações militares. Daí, veremos o que vai acontecer. Será que tem um chip de controle na cabeça dessa pessoa? O qual é manobrado pelo, ainda, PR. Não devo estar na realidade normal, deve ser a paralela.

    1. Sem comprovante do voto do cidadão não é possível auditar, comprovar a lisura do processo eleitoral.
      Por quê os juízes do supremo são também juízes do TSE?
      Muito poder para poucos ,mandam mais que políticos eleitos pelo povo e mais ainda do que o Presidente da República, que se continuar assim vai se transformar em uma rainha Elizabeth , só figurativo.
      Aos que acreditam fielmente nas urnas, respeito, mas o porquê de não ter um comprovante impresso para ser auditado?
      Quem faz o sistema é o homem e ele próprio pode mudar ao seu interesse, por ideologia ou por corrupção, o que mais se tem nesse ainda nosso Brasil.
      Deus acima de tudo é de todos.

      1. As FA estão se metendo aonde não devem,se o presidente fosse outro iriam fazer a mesma intromissão,ou é pressão do PR terrorista que pensa que quanto pior melhor,o presidente da discórdia,do ódio,do terror,do medo,da pressão psicológica,estamos caminhando para a ditadura da família Bolsonaro, infelizmente.

        1. Eu só irei acreditar em fraude eleitoral se mais do que três generais forem eleitos como deputados estaduais,federais ,senadores e governadores nestas eleições!

    1. Quanto mais controle menos controle, mais gente e processos envolvidos aumenta a possibilidade de erros, a probabilidade dessa eleição dar errado é muito alta.

  2. Meu Deus. Está cada dia pior. Não se cansam de passar vergonha.
    Basta um, mal intencionado, votar de um jeito na urna e de outro na cédula para pôr todo processo eleitoral em dúvida.
    Por isso que as FAs tem que deixar o processo eleitoral com quem sabe.
    Só lembrando, ontem o TCU, por unanimidade, validou a segurança das urnas que serão usadas nas eleições de 2022.
    TCU, sim tem competência para opinar sobre as eleições, pois é um órgão fiscalizador legalmente previsto para exercer, entre outras, também essa função.

    1. Prezado Sgt QE. A resposta já foi passada pelo TSE e é não, por falta de amparo legal e Constitucional. Pois levaria a quebra de dois princípios sobre o voto: 1) segredo e 2) inviolabilidade. Como já vinha falando e o pessoal me atacando, inclusive dizendo que somos a mesma pessoa.

        1. Pois é, devem ser mesmo. Tem um aqui que fica toda hora falando besteiras após meus comentários, tenho para mim que a intenção e desacreditar e não por um debate sadio ou pior que não tenha capacidade cognitiva para tal. Infelizmente, estamos vivendo tempos obscuros.

  3. Bolsonaro tem que agradecer por ainda ter 25% de votos da população brasileira, considerando que 90% dos brasileiros pioram de vida em seu governo!

  4. Com um dispositivo eletrônico aberto, amigável e tolerante com todo tipo de invasão, um CRIMINOSO protegido e liberado para se candidatar com as bênçãos daquela galera 11 que solta desde traficante até banqueiro preso por Falência Dolosa. Ainda querem que a gente acredite em jogo limpo. Jogo limpo como ? O processo já ficou maculado no momento em que o LADRAVAZ CONDENADO entrou na disputa. Vai valer tudo e do pescoço pra baixo será tudo canela pro nefasto time petista. Isso para entregar o prêmio de artilheiro para o NINE, que vai se fartar de fazer gol com a MÃO LADRONA DE QUATRO DEDOS.

  5. Isso não é função de Força Armada. Por isso somente prestaram apoio logístico até hoje.
    Ninguem tem coragem de dizer isso para o presidente? Cade a coragem necessária nas guerras, se nem coragem para tirar as FFAA dos devaneios existe???!

  6. Bom dia, vamos inverter a situação?
    Para manter a lisura dos processos de seleção do Exército, porque não adotamos estas premissas?
    Se o processo de promoção é “correto”, porque não liberar como foram feitos os cálculos para a obtenção da lista por merecimento?
    Poderíamos dar esse exemplo, antes de se meter na casa dos outros.

    1. Fazer isso também na seleção do QAO que hoje ninguém sabe como e, pois não se tem registro. Comecemos pelas seleções militares devem mostrar como é, para ser copiada.

  7. O melhor negócio para as FFAA é a democracia ? Claro que sim. Idiota seria quem pensasse diferente ou duvidasse disso. Ganhando o Bolsonaro ou o Lullarápio, nada mudará para o topo das FFAA, tudo continuará da forma como sempre foi. Não vou nem me aprofundar nesse assunto, apenas citarei dois exemplos de países onde governos de esquerda dominam a cena política desde a metade dos anos 80, pelo menos, como é o caso da Argentina e da Venezuela. As notícias que vem de lá são sempre negativas, onde o povo não parece estar muito feliz e tudo mais. Aí você pode até questionar se no Brasil o povo está feliz, podendo até provar que não está e que tudo no Brasil está tão ruim quanto na Argentina e na Venezuela e se bobear, até pior. Pois bem: diante desse quadro nada bom, quantos golpes militares ocorreram desde a redemocratização desses países ? NUNCA !!!!!!!!!! e nem vai acontecer porque as instituições militares já se descolaram do visgo da armadilha política faz tempo, tudo funcionando exatamente como a Cúpula Militar deseja. E assim será sempre, seja com governo de esquerda ou de direita.
    Chega a ser até hilário, ver gente que não votará no Bolsonaro porque está ressentido por causa da Lei 13.954, eu também não fiquei feliz com ela. Mas votar no LULLADRÃO achando que dessa forma vai atingir a Cúpula Militar ?
    Desde já, eu tenho uma notícia nada boa: A Cúpula Militar está se lixando para quem você vai escolher como presidente.

  8. O novo presidente que for eleito se prepare e o povo também para aumento da tributação. Esse governo acabou com a nossa economia. Espero que tudo volte aos trilhos e que o país possa seguir em crescimento real e não o fake.

    1. Se por um acaso fosse petista e você pelo que vejo e bolsopetistas, seríamos lados opostos da mesma moeda, ou seja, seríamos tudo farinha do mesmo saco.

  9. Quanta mentira, quem assistiu a audiência sabe que durante a mesma o ministro falou da matéria, em que relatava voto paralelo o que é mentira. Assista toda audiência depois façam seus comentários. E quanto aqueles que bostejam na constitucionalidade da atual forma de votação adotada sugiro que faça uma analise mais profunda. Obs: países que adota o atual sistema 3B (BRASIL, BUTÃO E BANGLADECHE)

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