Após questionar TSE, militares têm participação tímida em teste de urnas

TSE

Paulo Roberto Netto
do UOL, em Brasília

Após sucessivos questionamentos ao sistema eleitoral, inclusive com perguntas fora do prazo, as Forças Armadas tiveram uma participação tímida na segunda rodada de testes conduzidos pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para verificar a segurança das urnas eletrônicas.
O Teste de Confirmação foi concluído nesta sexta (13) e é a segunda etapa do chamado Teste Público de Segurança, evento realizado pelo TSE para verificar a segurança do sistema eleitoral por meio de ataques simulados.
No ano passado, das 29 tentativas de ataque, apenas 5 foram consideradas relevantes. Os planos foram repetidos ao longo desta semana com o objetivo de verificar se o TSE conseguiu blindar o sistema de votação.
As Forças Armadas foram convidadas a participar do evento como integrantes da Comissão de Transparência Eleitoral, mas só enviaram um representante na tarde desta sexta, último dia do evento.
O general Heber Garcia Portella, que representa os militares na comissão, esteve no Teste de Confirmação por cerca de 25 minutos. O UOL apurou que ele falou pouco com os investigadores da Polícia Federal e deixou o local antes da conclusão do evento.
A reportagem questionou o Ministério da Defesa sobre a participação de Portella e aguarda resposta. O espaço segue aberto a manifestações.
Ontem, o presidente do TSE, ministro Edson Fachin, disse a jornalistas que embora o convite tenha sido feito a todos os integrantes da Comissão de Transparência Eleitoral, a escolha de participação era uma “deliberação facultativa” de cada órgão e entidade.

“Todos os integrantes da importante Comissão de Transparência Eleitoral e do Observatório de Transparência Eleitoral foram convidados para estarem aqui presentes, e todos são bem-vindos neste e em todos os outros processos. Portanto, a deliberação de estar presente é uma deliberação facultativa e este tribunal sempre estará de portas abertas para receber, no exercício de suas funções, os integrantes da Função de transparência eleitoral”Edson Fachin, presidente do TSE

No primeiro dia do teste, o advogado eleitoral de Bolsonaro, o ex-ministro Tarcísio Vieira acompanhou a abertura do evento.

Tensão com militares
Normalmente um evento sem muita atenção, os testes de segurança das urnas ganharam nova dimensão após os sucessivos ataques de Bolsonaro às urnas e os questionamentos das Forças Armadas ao processo eleitoral.
A tensão entre o TSE, o Planalto e a atuação das Forças Armadas levou o ministro Edson Fachin ontem a declarar que as eleições são um tema das “forças desarmadas”.

“Quem trata de eleições são as forças desarmadas. Portanto, as eleições dizem respeito à população que, de maneira livre e consciente, escolhe seus representantes. Diálogo, sim. Colaboração, sim. Mas na Justiça Eleitoral, quem dá a palavra final é a Justiça Eleitoral”Edson Fachin, presidente do TSE

A escalada também levou todos os ministros do TSE a participarem do evento, algo incomum na Corte. Ao deixar o teste, Fachin disse aos colegas que havia subido o tom “um pouco”, mas era “necessário”.
Bolsonaro reagiu e disse em live na quinta(12) que a declaração de Fachin era “descortês” e que as Forças Armadas não estavam “se metendo nas eleições, mas sim foram convidadas”.
“Ministro, por favor, não se refira dessa forma às Forças Armadas. Porque, como sou capitão do Exército, me coloco como militar. É uma forma bastante descortês de tratar uma instituição que presta, em várias áreas, excelentes serviços ao Brasil”, disse Bolsonaro.


A nova ofensiva de Bolsonaro vem na esteira de manifestações da Defesa na comissão de transparência do TSE. Na semana passada, o ministro da Defesa, general Paulo Sérgio Nogueira, pediu ao TSE para tornar públicos todos os questionamentos dos militares ao processo eleitoral.
Parte dos documentos já haviam sido divulgados pela Justiça Eleitoral, mas as Forças Armadas fizeram novas sugestões fora do prazo.
Em um dos questionamentos, as Forças Armadas sugeriram ao TSE que o processo de totalização dos votos fosse feito não apenas pelo TSE, como também pelos TREs (Tribunais Regionais Eleitorais) “visando a diminuir a percepção da sociedade de que somente o TSE controla todo o processo eleitoral e aumentar a resiliência cibernética do sistema de totalização dos votos”.
Ao divulgar os questionamentos na segunda (9), o TSE afirmou que, “com o devido respeito”, o questionamento das Forças Armadas tinha um “equívoco” pois os tribunais regionais já a participam da totalização dos votos nos Estados e que a totalização sempre pode ser feita por terceiros, inclusive com a impressão de um QR Code que possibilita a qualquer cidadão acessar os resultados de cada seção.
O tribunal também negou a existência de uma “sala secreta” de apuração, tese levantada por Bolsonaro.
“Não há, pois, com o devido respeito, ‘sala escura’ de apuração. Os votos digitados na urna eletrônica são votos automaticamente computados e podem ser contabilizados em qualquer lugar, inclusive, em todos os pontos do Brasil”, disse.
UOL/montedo.com

8 respostas

  1. Segundo barroso, parafraseando o filósofo Dirceu mensalão, tomar as eleições é diferente de ganhar as eleições. Portanto quem conta os votos é que define quem ganha ou não o sufrágio e contagem pública dos votos é para países democráticos. Então, o STF que é a democracia no Brasil.

  2. Quem esse pessoal do STF pensa que engana em relação a segurança dessas urnas? Meia dúzia de técnicos do próprio TSE atestam a segurança dessas urnas ultra seguras, aí desses técnicos se falassem o contrário, certamente iria se ver com o Kojak. Se é tão segura, pq não chamam uns hackers russos pra testar esse sistema de verdade? Agora vem com essa conversa mole, que é 100% seguras, tá de brincadeira. Vão levar na mão grande essa eleição do Bolsonaro esses três cavaleiros do apocalipse.

  3. Resumindo, os militares embarcaram na empreitada de contestar as urnas eletrônicas e só para passaram vergonha e demonstraram a população que são anti-democráticos. Esse foi o resultado.
    Estão servindo a um “Rei tirano” quando deveriam preservar as instituições constituídas e um regime democrático para a população nacional.
    Espero que os nossos Generais mais sensatos amenizem os ânimos dos Generais cegamente bolsominions, evitando o clima de guerra civil ao pensarem em melar as eleições.

  4. Gen Heber chefe da defesa cibernética do país foi humilhado duas vezes:
    – pelo presidente do STE que não acatou nenhuma de suas dezenas de sugestões (pior, zombou de algumas em público).
    – pelo ministro da defesa o “exonerou” sumariamente da comissão e assumiu sua missão (gen Heber serviu de poste).
    Esse é o ministério da Defesa do Brazil e do gen Braga Netto.
    Fico a imaginar a cena constrangedora que se submeteu o chefe da defesa cibernética nesses “15” minutos de fama, opa, erro, nesses quinze minutos de sua participação tímida nesse teste das urnas eletrônicas do Xandão.
    Circo mal encenado.
    Mais uma pra conta do Jair ‘171’ e Braga Netto, a realeza da Defesa.
    Gen Heber e Paulo Sergio, os marionetes a serviço de Jair ‘171’ e Braga Netto.
    Essa é a nossa realidade institucional, todo dia um fato humilhante.

  5. Todos c..gam para o EB, ainda mais o órgão mais poderoso do país que é o STF. Se qlq civil desacata o exército. Os generais tem que entender que eles só gritam, dão chilique dentro dos quartéis, mas fora destes, eles não são considerados nada.

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