Gasto com fardados ativos e inativos subiu, enquanto despesa com civis caiu de 2018 a 2021
Gustavo Patu
Igor Gielow
SÃO PAULO
Sob holofotes no governo de Jair Bolsonaro (PL), os militares brasileiros escaparam do aperto salarial aplicado sobre os gastos com o funcionalismo na gestão do capitão reformado do Exército.
Segundo dados do Tesouro Nacional já corrigidos pela inflação medida pelo IPCA, houve uma queda de 8,4% no dispêndio do Executivo com servidores civis da ativa de 2018, ano anterior à posse de Bolsonaro, para 2021. No mesmo período, o gasto com os inativos caiu 3,3%.
Os militares foram em mão inversa: os do serviço ativo custaram 5,7% a mais no período, enquanto os inativos mereceram um aumento no gasto federal de 4,2%.
Em 2021, os fardados em serviço representaram gasto de R$ 34,6 bilhões para os cofres públicos, enquanto os civis na mesma condição geraram despesa de R$ 137,2 bilhões.
A diferença cai quando os grupos analisados são de aposentados e pensionistas: R$ 90,5 bilhões para paisanos, R$ 56,1 bilhões com pessoal da Defesa.
Quando são colocados valores nominais, a diferença na variação fica ainda maior. O grupo militar ativo viu o gasto do governo com ele subir 26,8%, enquanto o civil registrou um aumento de 9,9%. Nos inativos, 25,1% e 16,1%, respectivamente.
Foi decisiva para a boa situação relativa dos militares a reforma de carreira e da Previdência do setor, aprovada em 2019 pelo Congresso a partir de uma iniciativa do Ministério da Defesa.
Sob o comando do então ministro Fernando Azevedo, a pasta aproveitou o capital político do primeiro ano do governo e obteve uma vitória, após quase duas décadas de demandas não atendidas.
Não houve, no período, uma mudança expressiva de contingente. O pessoal ativo flutua em torno de 360 mil homens, mais da metade no Exército. Servidores civis da ativa na folha de pagamento são 575 mil, outro número semelhante ao do fim de 2018.
A reforma sofreu críticas por favorecer mais militares de alta patente. Em alguns penduricalhos associados ao soldo básico, como o chamado adicional de disponibilidade, promoveu-se 5% de aumento para praças e até 32% nos escalões superiores.
De forma geral, contudo, houve aumentos para todos os níveis hierárquicos (20 na Força Aérea, 19 no Exército e 16, na Marinha). Alguns chegaram a 49% de aumento.
A Folha procurou ouvir a Defesa sobre os dados, mas não obteve resposta. A argumentação usual dos militares é o de que, em vez de ser lida como uma benesse para uma categoria politicamente elevada de status sob o governo de Bolsonaro, a reforma visava corrigir distorções históricas.
Pode ser, mas de todo modo as vantagens sempre são lidas no conjunto da reinserção dos militares como atores políticos no país.
Bolsonaro cercou-se de oficiais-generais, alguns do serviço ativo, em altos cargos na Esplanada dos Ministérios. Mais de 6.000 fardados ocupam cargos civis na gestão federal, o que não é ilegal, mas é visto como uma distorção.
Os militares também foram incluídos no reajuste linear de 5% ao funcionalismo, anunciado pelo governo, o que foi alvo de críticas de outros servidores do Executivo.
Houve outras vantagens pontuais. Portaria assinada pelo presidente em abril do ano passado permitiu que cerca de mil servidores que tinham desconto na remuneração acumulada de salários e aposentadorias para respeitar o teto constitucional recebessem valores integrais.
Com isso, como a Folha mostrou, membros militares do alto escalão foram beneficiados, como Bolsonaro, o vice Hamilton Mourão (Republicanos) e os generais da reserva do governo.
O maior aumento foi o de Luiz Eduardo Ramos (Secretaria-Geral), que ganhou R$ 350 mil a mais no ano a partir da publicação da portaria.
As vantagens comparativas salariais também são vistas em outras áreas no campo militar. A Defesa conseguiu reservar um valor maior para investimentos do que outras pastas no Orçamento deste ano, por exemplo, embora isso não signifique necessariamente uma execução mais volumosa de recursos ao fim.
Manobras adotadas pela Defesa para driblar limitações com o teto de gastos acabaram não sendo reproduzidas para todos os programas prioritários da pasta, como os militares gostariam.
Politicamente, o preço de tal associação entre fardados e Bolsonaro é mensurado na especulação constante acerca da disposição dos militares de apoiarem arroubos autoritários do presidente, como sua intenção declarada de tumultuar o processo eleitoral ao divulgar suspeitas sobre as urnas eletrônicas.
FOLHA/montedo.com
19 respostas
Tudo ilusao. A inflacao ira comer esses adicionais todo. Aumento nominal é aumento de soldo
Que diga os QESA e QE.
Bolsonaro os proporcionou escaparem de aperto salarial.
Tanto que os excluíram da Reestruturação da carreira.
Essa imprensa como sempre manipulando dados na sua sana de atacar as FA.
Estão gastando muito com esses PRAÇAS. Tem que gastar menos com praças pra sobrar mais pra nós.
Quer se passar como “inteligente” com essa artimanha de falsidade ideológica.
Até parece que um componente de uma classe abastada iria tirar onda em cima do prejudicados.
A política de quem está se dando bem é ficar quieto, ninguém quer dar tiro no próprio pé.
Você não é Of. superior, se pode notar pela sua escrita e conceituação capenga. Agora, aqui quem vos fala o certo é A Praça e melhore o “Pra nós”, o bom vernáculo passou longe. Conceituemos corretamente denominações militares.
Desculpa a pergunta MONTEDO, você esquerda doente?
No mínimo! 😂😂😂😂
Esse blog viaja na maionese.
Para de dar voz a esses esquerdalha malditos. Somos a classe de servidores mais esquecida nós últimos 35 anos.
Vc está esquecido…eu fui muiiiito bem lembrado.
Nada a ver, a notícia é da Folha e está relacionada com as FFAA. Tem que postar mesmo, gostando ou não, pois é a que está sendo contada para a população
As Praças continuam perdendo seus salários para a inflação, a cada dia com mais dificuldades financeiras. 50% retroativos a 2020 seria apenas reposição.
Eu não me enquadro nesses números, tive redução de salário em torno de R$ 200,00, com a tal de restruturação.
Obrigado papai Bolsonaro.
Que o senhor seja reeleito por mais 4 anos.
Mentira que todos tiveram reajustes, eu não tive nada,pelo contrario aumentou meu desconto com previdência e os terceiros sargentos em geral estão prejudicados,estamos sentido muito quando vamos comprar alimento pra família.
Companheiro…. houve reajuste SIM…. mas…. de DESCONTOS.
Mesmo assim EU e minha família somos todos BOLSONARO.
#mito22
esse site virou um panfleto da esquerda.
Pronto tiozão do WhatsApp!
Já deu seu alerta da ação maligna dos comunistas no Blog.
Agora vai tomar um copo de leite quente que ajuda a adormecer, vai dormir.
Mas antes certifique-se que não há nenhum comunista debaixo da cama.
Arrego!
Aí Anônimo das 14:24,
Esse negócio de comunista debaixo da cama é outra coisa.
Ação revolucionária do urso, o pé de lã atuando ferozmente.
Abra o olho.
E os anos anteriores de arroxos salariais? Alguém fala sobre isso? Esqueceram, né? O governo só fez diminuir o abismo que havia, e ainda há, entre salários doa servidores civis federais e militares. É muita hipocrisia.