Barroso condena uso das Forças Armadas para desacreditar processo eleitoral

(crédito: Carlos Moura/SCO/STF - 29/5/19)

Eduardo Rodrigues
Brasília

O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso afirmou neste domingo que há no cenário político brasileiro intenção de usar as Forças Armadas para atacar o processo eleitoral no País. Barroso voltou a defender a integridade das urnas eletrônicas e condenou tentativas de politização dos militares, ressaltando que, até o momento, as Forças Armadas têm resistido a serem objeto das “paixões políticas”.
O ministro não citou o presidente Jair Bolsonaro, mas os exemplos que deu em palestra fazem referência às críticas que o presidente tem feito às urnas eletrônicas e à necessidade de as Forças Armadas acompanharem todo o processo de perto.
“Um desfile de tanques é um episódio com intenção intimidatória. Ataques totalmente infundados e fraudulentos ao processo eleitoral. Desde 1996 não tem nenhum episódio de fraude. Eleições totalmente limpas, seguras. E agora se vai pretender usar as Forças Armadas para atacar. Gentilmente convidadas para participar do processo, estão sendo orientadas para atacar o processo e tentar desacreditá-lo”, afirmou Barroso.
A declaração do ministro foi noticiada pelo jornal O Globo e confirmada pelo Estadão. O ministro participou de um evento virtual promovido pela universidade alemã Hertie School, de Berlim. Também participaram do “Brazil Summit Europe” a ex-presidente Dilma Rousseff (ontem) e o ex-ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta (hoje). Para Barroso, desfiles militares em desafio às instituições são um “mau sinal” desde a Roma Antiga.
Como presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Barroso convidou representantes das Forças Armadas para participarem da Comissão de Transparência, que analisa o processo de apuração eleitoral e o uso das urnas eletrônicas nas eleições deste ano.
“Um fenômeno que em alguma medida é preocupante, mas que até aqui não tem ocorrido, mas é preciso estar atento, é o esforço de politização das Forças Armadas. Esse é um risco real para a democracia e aqui gostaria de dizer que, eu que fui um crítico severo do regime militar, militante contra a ditadura, nesses 33 anos de democracia, se teve uma instituição de onde não veio notícia ruim foi das Forças Armadas. Gosto de trabalhar com fatos e de fazer justiça”, enfatizou Barroso na palestra deste domingo.
O ministro afirmou que o Supremo precisa do apoio da sociedade para conseguir enfrentar os ataques e garantir que o resultado das eleições seja respeitado. “No Brasil, penso que temos uma história de sucesso apesar do esforço contínuo de gerar embates com a Suprema Corte. Nos Estados Unidos, foram 60 ações para tentar anular eleições, duas chegaram à suprema corte e nenhuma acolhida. Cortes constitucionais não têm condições de ganhar briga se lutarem sozinhas. Precisam de sociedade civil. Onde enfrentaram sozinhas, as supremas cortes perderam”, alertou.
O ministro do STF avaliou ainda que há o risco do que chamou de “retrocesso cucaracha” com o envolvimento do Exército na política, e citou o que aconteceu na Venezuela nas últimas duas décadas, lembrando que o país vizinho se tornou um “desastre humanitário”.
“Tenho a firme expectativa que as Forças Armadas não se deixem seduzir por esse esforço de jogá-las nesse universo indesejável para as instituições de Estado que é o universo da fogueira das paixões políticas. E até agora o profissionalismo e o respeito à Constituição têm prevalecido. Mas não se deve passar despercebido que militares profissionais e admirados e respeitadores da Constituição foram afastados, como o general Santos Cruz, general Maynard Santa Rosa, o próprio general Fernando Azevedo. Os três comandantes, todos foram afastados. Não é comum isso, nunca tinha acontecido”, completou Barroso.
Conforme mostrou o Estadão nesta semana, emissários do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva têm sondado generais da cúpula do Exército para saber se o petista conseguirá tomar posse, caso seja eleito. Em cerimônia em homenagem ao Dia do Exército na última terça-feira (19), o presidente Jair Bolsonaro afirmou que as Forças Armadas “não dão recados” e “sabem” o que é melhor para o povo. “Não podemos jamais ter eleições no Brasil sobre as quais paire o manto da suspeição”, discursou. Apesar da frase de efeito, ele condecorou magistrados e até “elogiou” o próprio ministro Barroso.
UOL/montedo.com

12 respostas

  1. Não é de hoje que Luiz Roberto Barroso vem atuando contra a lisura e transparência das próximas eleições. É muito cinismo afirmar que: “Desde 1996 não tem nenhum episódio de fraude e que as eleições sempre foram totalmente limpas e seguras”. Quem não se lembra do que aconteceu na parte final da apuração dos votos, quando Dilma foi eleita? Será que o povo é tão idiota que não viu, quando o mesmo expediente também foi usado na apuração da eleição entre Bolsonaro e Haddad, levando a eleição para um segundo turno, quando o Brasil inteiro sabe que o atual Presidente teve votos suficientes para ganhar no primeiro turno. Vou mais além, qual teria sido o real motivo para que Luiz Roberto Barroso tivesse lutado tanto pela não aprovação do voto impresso e totalmente contrário a que o resultado das urnas fosse aditável? Por que esse incompreensível medo da transparência e da legitimidade no pleito? Essa conversinha de que as Forças Armadas querem “atacar” o processo eleitoral não convence a ninguém e só deixa mais clara ainda a intenção de que haja fraude nas futuras eleições. Esse comportamento de Barroso tem ficado a cada dia, mais claro em face das suas recentes declarações no Brasil e no exterior onde se posicionou como um militante de esquerda e declaradamente contrário a uma possível reeleição de Bolsonaro. Ele e alguns de seus pares é que, ao adotarem posições político-partidárias estão colocando em risco, não só o processo eleitoral como a já tão combalida credibilidade da Instituição a qual pertence. Decididamente, este não é o papel de um Ministro da Suprema Corte do país. Se quisermos um resultado justo e que vá de encontro a vontade da majoritária do povo, as Forças Armadas têm mais é que atuar firme e intensamente em todo o processo eleitoral, especialmente na fiscalização, controle e apuração dos votos.

    1. Muito bom comentário! Pois é… caberia ao Congresso Nacional tomar a dianteira desse episódio. Mas o Congresso prevaricou. O voto auditável foi aprovado mas não foi implantado, urnas negras, sem transparência. É assim a politica do TSE e STF acusando as FFAA de politização.

    2. Muito bom comentário. Além do que vc disse, esse mesmo TSE cassou um deputado por criticar as urnas eletrônicas, e vive apoiando postagens de subcelebridades que criticam abertamente o Bolsonaro. Ou seja amigos, estamos assistindo um “Vasco e Flamengo” com árbitro flamenguista, e ainda vem com esse papo furado aí.

  2. Comparar as FFAA do Brasil com as FFAA de narcotraficantes da Venezuela é cruel, de uma insanidade politica sem tamanho. TSE e STF têm que parar de interferir no Legislativo e no Executivo, é simples assim!

  3. Toda a alegação deste sujeito é crível ?
    Se acha protegido por uma toga e faz alusões antidemocráticas baseadas em psicose de seu ego.
    Ao que se pode constatar, está fazendo campanha aos que tentam denegrir o nome do Brasil no exterior, ainda mais de quem está acompanhado.
    Devem estar tentando vender o vento estocado.

  4. O TSE “convida” as FFAA para participarem de todo processo eleitoral, então, as FFAA levantam vulnerabilidades, aí é “gopi”? Tem caroço nesse angú, até poucos dias o cancelamento dos títulos de eleitores acima de 70 anos (tios do zap) era fakenews, depois cancelaram o cancelamento.

  5. Ativista político, isso é o que esse Senhor é, passa longe sua isenção e atuação como magistrado, por isso ministros do STF deveria ter mandato com tempo máximo de oito anos e não ter o cargo Ad eternum, bom mas esse ativismo acontece pela covardia do senado que deveria impor limites a eles como prevê a CF, mas essa relação promíscua entre Senado e STF segue o símbolo do infinito, vc não me cobra e eu não te perturbo, vergonha total .

  6. Os praças estão morrendo de fome. Enquanto isso o bolsonaro governa para os políticos do centrão, generais e falsos pastores. A vingança será bonita nas urnas! Praça vota em praça!

    1. Enquanto isso o STF solta ladrões de bilhões do dinheiro publico e vc fica caladinho. Vc nem deve saber o que é dinheiro publico.

  7. Sim é verdade,só cego para não ver,a intenção do Presidente é essa,esses Generais lá no governo representam quem?tanto é que são tratados como Generais,e General só tem no exército né, estão só dando bizu furado para o PR,a verdade é essa,o Ministro sabe oque fala,se meteram na sujeira da política agora aguentem o tranco.

  8. O que ele falou representa tudo de ruim que tá acontecendo no país desde janeiro de 2019. Somente tentativas de quebra da balança do Check in balance. Parabéns Ministro Barroso.

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