Coragem moral, um atributo de liderança

coragem moral - Patton

Otávio Santana do Rêgo Barros*
A política brasileira, neste momento de severas dificuldades econômicas, psicossociais, éticas e morais, sofre de uma endemia
Nas últimas semanas, a expressão coragem moral, de conhecimento cotidiano entre militares e pouco compreendida pela sociedade civil, ocupou os noticiários em geral.
A razão: decisões políticas e econômicas supostamente questionáveis no mais alto nível de governança.
Conceituar coragem moral, isoladamente, empobrece a discussão e favorece a mediocridade de analistas de plantão.
O atributo é parte de um mosaico mais abrangente de valores que devem compor o perfil de militares e gestores públicos, se forem líderes verdadeiramente comprometidos com o bem-estar da tropa e da população.
O historiador Andrew Roberts, em sua recente obra LIDERANÇA NA GUERRA (Editora Schwartz, 2019), destaca como características de uma sólida liderança ser realista, entender a importância da disciplina, ter grande capacidade de planejamento, rapidez de avaliação, talento para observação, boa memória e dom de perceber o que é de fato relevante.
Acrescento, estimular a discordância leal como princípio de comando, escutar as ponderações dos assessores e subordinados, sem temer ferir ou ser ferido nos pilares da hierarquia e da disciplina.
A política brasileira, neste momento de severas dificuldades econômicas, psicossociais, éticas e morais, sofre de uma endemia, cujo vírus é a inexistência de lideranças abnegadas e motivadoras, como aquelas citadas no livro de Andrew Roberts.
Lideranças que apontem o caminho, sigam à testa da coluna e cooperem com a sociedade para ultrapassar os obstáculos e alcançar os sonhos coletivos.
Que abdiquem do interesse pessoal em benefício do todo, incorporando ao seu projeto, até mesmo, os que se opuseram à proposta vencedora.
Essa escassez de figuras públicas, com honestidade de propósito, vem provocando, há anos, instabilidades incontornáveis para os destinos do Brasil.
Não sonhamos com um Churchill, Thatcher, De Gaulle, Caxias, Rondon ou Pedro II, esses foram únicos. Entretanto, a necessidade de desafiar a anomia se faz presente. Quiçá, a sociedade brasileira precise construir do zero as novas opções.
É tarefa para gigantes. Um trabalho de Hércules. Somos um país com vícios seculares. Onde o patrimonialismo continua a campear como costume nas relações sociais e políticas no contexto nacional.
Podemos sonhar um sonho alcançável, sem devaneios utópicos, se exigirmos dos eleitos – lembrando-nos que daqui a sete meses escolheremos nossos representantes para os cargos do executivo e legislativo – honestidade sem adjetivação, verdade sem sofismas e firmeza de caráter como régua de vida.
Voltando à coragem moral, inspiração para esse texto, podemos afirmar que uma liderança a possui quando, avocando pessoalmente a responsabilidade de decidir, comunicar acertos e erros, elogios e punições, assumir os percalços e compartilhar os sucessos.
Lideranças impelidas a deliberar, que tenham medo de serem questionadas ou vergonha da linha de ação selecionada, por vezes, se valem de um avatar para comunicar a sua opção.
Se, por qualquer razão, no ato de decidir e informar houver constrangimentos pessoais ou profissionais, ainda mais forte se impõe a coragem moral para tomá-los.
Qualquer postura distinta denotará um covarde moral. E esse atributo tão nefasto, não queremos em nossas futuras lideranças.
Paz e bem!
*General do Exército e ex-porta-voz da Presidência da República
Blog do Noblat (METRÓPOLES)/montedo.com

12 respostas

  1. Esquizofrênia pura, quando esteve na ativa ou quando teve a oportunidade de valorizar seus subordinados, os abandonou e intitulou-os de “estamentos inferiores”, que foi criativamente respondido à altura “excremento superior”.

    1. Triste é ter a certeza que os valores da caserna só existem em outros exércitos, sendo quase impossível fazer uma matéria destas citando um general brasileiro contemporâneo, então ,cita-se Patton na tentativa, sem sucesso, de elevar-se a sua estatura moral, pelo único e simples fato de ter o prenome General. Os exemplos estão aí pra todos verem.

        1. Então tu foi e deve ser um mau profissional e cidadão, pois deixou os puxa sacos se criarem e serem promovidos. Tu deveria ter vergonha de não ter realizado tua nobre missão, na liderança, formação e correção dos RH em prol da missão institucional, em obediéncia aos principios constitucionais da Adm Púb. Ainda, não sabes o que é coragem morsl pois nem capacidade de se identificar tu tens.

  2. O Líder é aquele que distribui a a Justiça entre ele e os Subordinados! Um Líder jamais deixa seu colega de farda para traz! O Líder faz a JUSTIÇA, EQUANIME , sempre pensando e agindo para que o seu subordinado nunca seja Injustiçado! E não consigo vislumbrar ainda pôs morte de Caxias e outros uma Liderança comprometida em fazer a devida reparação das recentes Injustiças que foram praticadas contra os de menor poder de fogo.. Triste realidade. O Líder não deixa ninguém para trás.

  3. As guerras são causadas por políticos incompetentes.

    Infelizmente quem causa a guerra não vai lutar, manda outros de manterem por eles.

    Para incentivar a guerra, os políticos criam leis para legalizar a morte, e ainda transformam os pobres coitados em heróis, exemplos, criam medalhas, inflam o ego de todos que morrem por eles.

    Muitos acham isso o máximo, matar sem limites, gastos ilimitado, destruição total, mas no final ganham medalhas, estátuas, livros de honra.

    E os políticos entram e saem das guerras impunes e sem dar um único tiro.

  4. Coragem moral faz o Sub não ser promovido a QAO e Coronel não sair general.

    No seu caso arrego Barros, custou a 4 estrela.

    Bizu: mais vale o conforto da família do que ser idolatrado por um bando de sargento que acha que o Sub é líder de sindicato.

    1. Para quem vive de usar a força para promoção pessoal é fácil condenar ,”sindicatos”, ainda mais sendo adeptos da “farinha pouca meu, pirão primeiro”. Como consequência, possuem um quadril maior que o da “dona xepa”, vivendo uma artificialidade que não conseguem olhar nos olhos da patroa e dos filhos. O que adianta ganhar o mundo e perder a vida? Tudo feito as escondidas? Saibam que terás que prestar contas. Bizú, vivam verdade, tenham a dignidade de olhar nos olhos das pessoas, a carreira é um meio de vida e não um fim, todos somos iguais e no final das contas, terás que confiar sua vida a um subordinado. Aprendam com as PM, do Sd ao Cel. Por fim, honram as calças que vestem e parem de contar mentiras aos “EsG”, quando na verdade não tem coragem moral. Basta.

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