Orçamento secreto do Ministério da Defesa bancou R$ 7,1 milhões em campos de futebol

Senador Davi Alcolumbre (União-AP) ajudou na liberação de R$ 4,5 milhões para seis campos de grama sintética

Senador Davi Alcolumbre (União-AP) ajudou na liberação de R$ 4,5 milhões para seis campos de grama sintética

Patrik Camporez
BRASÍLIA — Utilizado para enviar recursos públicos a redutos eleitorais de parlamentares, o orçamento secreto do Ministério da Defesa bancou até mesmo a construção de quadras esportivas e campos de futebol em quatro estados: Amapá, Acre, Tocantins e Rondônia. Como mostrou o GLOBO no domingo, a pasta militar destinou R$ 401 milhões a um grupo de 11 senadores aliados ao governo. O ministério era chefiado, até semana passada, pelo general da reserva Walter Braga Netto, que deixou o posto para viabilizar a sua candidatura a vice na chapa do presidente Jair Bolsonaro, que tenta a reeleição.
O orçamento secreto é um mecanismo criado no governo Bolsonaro para contemplar aliados com uma fatia do Orçamento em troca de apoio no Congresso. O GLOBO revelou que a pasta militar também utilizou esse mecanismo político de repasses de recursos públicos sem transparência e critério claro. A informação só veio à tona graças a uma decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que obrigou a divulgação desses dados.
Os recursos liberados via Ministério da Defesa foram destinados ao Calha Norte, programa criado na década de 1980 diante de uma preocupação dos militares com a Amazônia. O objetivo dessa ação é investir em projetos de infraestrutura básica, aquisição de equipamentos e compra de bens para quartéis na região, principalmente em áreas distantes dos grandes centros urbanos. Uma parte das emendas de relator destinadas pela pasta serviu a outro propósito — construir praças, passarelas de concreto e até obras de edifícios que vão abrigar as câmaras de vereadores.
A construção de campos de futebol em cidades selecionadas pelos parlamentares também está na lista. Em 29 de setembro do ano passado, por exemplo, o governo liberou R$ 4,5 milhões para seis campos de grama sintética em seis bairros de Macapá, capital do Amapá. O dinheiro, oriundo do orçamento secreto da pasta, saiu de uma indicação do senador Davi Alcolumbre (União-AP).
Ao liberar o dinheiro para construção dos equipamentos esportivos, o Ministério da Defesa justificou que as obras proporcionarão a “melhoria na infraestrutura básica do município e da qualidade de vida da população”, além de possibilitar “avanços na dinamização da economia local com a utilização de fornecedores de materiais e serviços, ampliação de emprego e renda.” E completou “Neste sentido, percebe-se a relevância da construção do equipamento para a comunidade, pois, proporcionará diversas opções de atividades esportivas e de lazer, servindo como alternativa para o fortalecimento dos valores de companheirismo, autocontrole, respeito às regras, autossuperação e controle”.
No dia 2 de outubro de 2021, apenas três dias após o dinheiro ser liberado, Alcolumbre foi à Câmara Municipal de Macapá colher dividendos políticos pela construção dos campos, deixando clara sua participação ao destinar os recursos para seu berço político. Na ocasião, disse em seu discurso que as obras ficariam prontas em breves. O senador é candidato à reeleição.
Também do Amapá, o senador Lucas Barreto (PSD) não ficou para trás. Destinou R$ 950 mil de recursos do Ministério da Defesa para a construção de um campo de grama sintética com arquibancada e iluminação na capital do estado. Barreto contemplou, ainda, o município de Vitoria do Jari com outros R$ 950 mil para um segundo campo nos mesmos moldes.
Ao GLOBO, o prefeito de Vitória do Jari, Ary Duarte Da Costa, do União Brasil, disse que ele próprio pediu a obra a Barreto, que liberou o dinheiro junto à pasta da Defesa.
— Caiu na conta no início deste ano. O local da obra era um campo de areia, num aterro. Como surgiu a possibilidade de direcionamento da verba, por meio do senador Barreto, a gente castrou o projeto (no Ministério da Defesa).
O dinheiro da pasta também será usado para a construção de um campo em Porto Acre (AC). O prefeito Benedito Cavalcante Damasceno afirma que a obra, ao custo de R$ 800 mil, foi um pedido que ele fez diretamente à senadora Mailza Gomes, que é do seu partido, o PP. “A obra foi licitada, já. O recurso já está na conta. Foi um pedido que fizemos à senadora”, afirma o prefeito. O Ministério da Defesa afirma, em documento obtido pelo GLOBO, que campo de futebol beneficiará a comunidade, que poderá realizar “campeonatos, potencializando a prática de esporte no município para assim envolver, crianças, adolescentes e seus pais, promovendo a cultura do esporte”.

Quadras
Além dos campos de futebol, o Ministério da Defesa aplicou outros R$ 21 milhões na construção de quadras esportivas nos estados de Tocantins, Amapá, Rondônia e Acre. A maior parte dos recursos foi liberada na gestão Braga Netto.
O município de Laranjal do Jari, no Amapá, por exemplo, recebeu R$ 1 milhão no dia 28 de outubro do ano passado, por indicação também de Lucas Barreto.
— Essa quadra foi uma demanda da população do bairro. Como a gente entrega as obras dentro do prazo que a legislação determina, e o parlamentar pode vir fazer a inauguração, eles se sentem contemplados e podem fazer a entrega dentro do tempo — afirma o prefeito Marcio Serrão.
O município de Sena Madureira, no Acre, recebeu R$ 2,5 milhões para investir em quadras esportivas. O dinheiro foi uma solicitação da senadora mailza Gomes, do PP, segundo documentos do Ministério da Defesa.
— De grama sintética, aqui foram construídos três campos. Também foram feitas algumas coberturas (de campos). Todas já estão prontas. Quem está usando isso aí, 90% é pessoa carente. Quem usa isso aí são os jovens que precisam — afirma o prefeito.
A reportagem entrou em contato com o Ministério da Defesa e os senadores Davi Alcolumbre, Lucas Barreto e Mailza Gomes, mas não obteve resposta.
EXTRA/montedo.com

14 respostas

      1. Tá fazendo oq aqui, paisaninho? Tá com invejinha pq não conseguiu passar em concurso militar? Vai chorar pro treu Luladrão vai!

  1. É por umas dessas e outras…não conte com o meu voto e de muitos Militares.
    Como ficou a situação da reestruturação?
    Até hoje não se fala mais sobre esse assunto.

  2. Não entendo como ainda conseguem votar em bolsonaro, meu pai do céu, e sim, sou militar da ativa, e como muitos atualmente, não voto nem que me deem FATD!!!

  3. Lembram do acordo feito para corrigir a lei 13.954…pois é, olha pra onde foi o dinheiro. nossos generais aprenderam rápido com o centrão.

  4. Muito bom investimento. Melhor do que gastar em campanha politica. Melhor para a molecada ficar ocupada jogando bola do que usar drogas e quebrar vidraças.

  5. “O orçamento secreto é um mecanismo criado no governo Bolsonaro para contemplar aliados com uma fatia do Orçamento em troca de apoio no Congresso”.

    KKKKKKKKKK E AINDA TEM GENTE ACREDITANDO NO BOÇALNARO!

  6. Uma vergonha para o Governo que falou que não tem esquemas politicos, são todos iguais só pensam neles e querem ficar no poder.

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