Bolsonaro tenta ampliar influência no Exército em ano eleitoral

bolsonaro em solenidade do MD

Troca no comando está prevista para ocorrer ainda neste mês

Marianna Holanda, Vinicius Sassine e Ricardo Della Coletta
BRASÍLIA – O presidente Jair Bolsonaro (PL) quer aproveitar a reforma ministerial em abril para tentar ampliar sua influência no comando do Exército em ano eleitoral, quando disputará a reeleição.
Integrantes do governo dizem que uma promoção do general Paulo Sérgio Nogueira de Oliveira, atual comandante do Exército, para o cargo de ministro da Defesa serve a dois propósitos: colocar à frente das três Forças um nome que agrade o Exército, que reúne o maior número das tropas, e, principalmente, acomodar à frente da Força terrestre alguém alinhado ao Palácio do Planalto.
É dado como certo que o general Marco Antônio Freire Gomes assumirá o comando do Exército. Hoje, ele é comandante de Operações Terrestres.
O ministro da Defesa, Walter Braga Netto, já se filiou ao PL e deve disputar a campanha ao lado do presidente Jair Bolsonaro (PL), como seu vice.
A troca no comando está prevista para ocorrer ainda neste mês de março. Freire Gomes deve deixar o comando de Operações Terrestres na próxima quarta (30). No dia seguinte, ocorreria a troca de comandante do Exército, conforme os preparativos burocráticos em curso na Força.
Em 31 de março completam-se 58 anos do golpe militar de 1964. A troca de comandante poderá ser efetivada neste dia. Bolsonaro, no começo de seu mandato, determinou a comemoração da data, que foi rememorada em cerimônias nos quartéis.
Apesar da movimentação interna, ainda não há uma confirmação oficial da troca do comando do Exército.
Freire Gomes foi cotado para o posto no ano passado, quando da demissão do ex-ministro Fernando Azevedo da Defesa e dos comandantes das três forças. O presidente enxerga no general alguém mais próximo ao bolsonarismo.
Naquele momento, março de 2021, foi colocada na mesa a questão da tradição por antiguidade, em que assume o posto o mais antigo na carreira. Oliveira preenchia esse critério, enquanto Freire Gomes ainda não estava nas primeiras posições da fila.
Aliados dizem que Bolsonaro se “encantou” com Freire Gomes durante a viagem à Rússia, em fevereiro. O general acompanhou a comitiva presidencial representando o atual comandante, que não pôde comparecer.
Ainda que o presidente possa acreditar que ampliaria sua influência no Exército indicando Gomes, integrantes da Força disseram que ele é respeitado pelos colegas e não embarcaria em uma “aventura” em ano eleitoral, com contestação do resultado das urnas, por exemplo.
Depois de ter reduzido as críticas às urnas eletrônicas após os atos de raiz golpista do 7 de Setembro, Bolsonaro voltou a questionar o sistema eleitoral nas últimas semanas.
O novo mantra do mandatário é argumentar que as Forças Armadas apresentaram ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) uma série de sugestões para supostamente prevenir o risco de fraude no sistema eleitoral.
“Dá para você fazer umas eleições limpas desde que acolhidas em comum acordo essas sugestões por parte das Forças Armadas. Não podemos disputar umas eleições sob o manto da desconfiança, isso é ruim para o Brasil”, declarou Bolsonaro, em entrevista em 21 de março.
Integrantes do Alto Comando do Exército ouvidos pela Folha, sob a condição de anonimato, minimizam o impacto de mais uma possível troca na Força.
Para esses generais, a saída de Edson Leal Pujol no ano passado é tida como mais traumática.
Pujol foi dispensado do cargo de comandante no mesmo contexto da demissão do então ministro da Defesa, Fernando Azevedo. Foi a pior crise militar desde a década de 70.
Bolsonaro fez as mudanças, que incluíram as trocas dos comandantes de Marinha e da Aeronáutica, para ter maior controle das Forças Armadas.
Integrantes do Alto Comando acreditam que um novo comandante —o terceiro em menos de quatro anos— serviria apenas a um mandato tampão.
Os generais avaliam que haverá uma troca em 2023, seja em caso de deslocamento do poder, com eleição do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ou em caso de reeleição de Bolsonaro, que partiria para um segundo mandato disposto a “zerar o jogo”, na visão dos militares.
O que integrantes do Alto Comando já ouviram é que Bolsonaro está disposto a colocar um integrante do Exército no posto de ministro da Defesa, e que o ocupante seria o atual comandante.
Da Marinha, há movimentos para que o comandante, almirante Almir Garnier Santos, vire ministro.
Parte do Exército se diz incomodada com uma nova troca no comando da Força. Generais dizem, reservadamente, que a troca “vulgariza” a instituição e demonstra mais uma tentativa de ampliação da politização das tropas por Bolsonaro —ainda que se diga que isso não tem chances de ocorrer.
Durante a viagem à Rússia, o presidente voltou a adotar um tom similar ao de 7 de Setembro para criticar ministros do STF (Supremo Tribunal Federal).
Em entrevista, ele reagiu a uma fala do ministro Edson Fachin em reunião de transição do comando do TSE. Fachin disse que a prioridade da Justiça Eleitoral deve ser a segurança cibernética, e que a Rússia é um exemplo de procedência desses ataques.
FOLHA/montedo.com

10 respostas

  1. Bolsonaro deixa hospital após ser internado com dores abdominais.
    Presidente deu entrada no Hospital das Forças Armadas (HFA) na noite de segunda-feira para realizar bateria de exames.
    O médico do presidente, Antonio Macedo, informou à CNN que o presidente melhorou e ninguém da equipe médica de São Paulo precisou ir a Brasília.
    O comboio oficial de transporte da presidência da República deixou o HFA por volta das 06h20 da manhã desta terça.
    https://www.cnnbrasil.com.br/politica/bolsonaro-deixa-hospital-apos-ser-internado-com-dores-abdominais/

  2. O que é o Grupo Wagner, exército de mercenários que o Reino Unido acusa a Rússia de usar na Ucrânia.
    A inteligência militar do Reino Unido afirmou que a empresa militar privada conhecida como Grupo Wagner foi enviada para o leste da Ucrânia.
    Opositores o chamam de ‘exército particular de Putin’.
    “Eles devem enviar mais de 1.000 mercenários, incluindo líderes sêniores da organização, para realizar operações de combate”, disse o Ministério da Defesa do Reino Unido.
    https://g1.globo.com/mundo/noticia/2022/03/29/o-que-e-o-grupo-wagner-exercito-de-mercenarios-que-o-reino-unido-acusa-a-russia-de-usar-na-ucrania.ghtml

  3. Nada mudou: Art. 142. As Forças Armadas, constituídas pela Marinha, pelo Exército e pela Aeronáutica, são instituições nacionais permanentes e regulares, organizadas com base na hierarquia e na disciplina, sob a autoridade suprema do Presidente da República, e destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem.
    Segue o combinado na CF.

  4. Duvido que consiga ampliar a influência e vai perder a eleição, teve três anos e meio para trabalhar e sua atuação não foi nada boa, seria melhor se desistisse da reeleição, optando por uma vaga no senado.

  5. De onde essa gente tira essas coisas, essas insanidades:
    – “colocar à frente das três Forças um nome que agrade o Exército, que reúne o maior número das tropas”.
    Que conversa é essa!
    Fora o gen Eduardo Villas Bôas, há décadas a Tropa não possui qualquer of gen que segue-se como um líder para seus comandados.
    Que tenha a capacidade de influenciar as mentes de seus subordinados politicamente.
    Basta ver seus ex-Comandantes:
    – ‘Enzo Peri, Francisco Roberto de Albuquerque, Gleuber Vieira, Zenildo Gonzaga Zoroastro de Lucena, Carlos Tinoco Ribeiro Gomes…(Jesuxxx!)
    O que esses honrados militares e cidadãos respeitados acrescentaram substancialmente a Força para exercerem alguma influência eleitoral ou profissional.
    Nenhuma, zero! Enzo Peri então…
    Sim, são profissionais que merecem todo nosso respeito, porém, pouco “brilharam” para servirem de liderança cega pela Tropa.
    Não vai acertar nenhum alvo essa metralhadora alucinada desse governo na intenção de angariar votos da família militar (‘I’ gordo no TAT).
    A Tropa tá “cagando” pra quem está sentado no Forte Apache.
    Muito mais de depois de medidas remuneratórias e “”intertísticas”” recém decretadas.
    Parei desse papo furado.
    p.s.:
    *””Intertísticas””, 28 anos para a promoção a Subtenente.
    PORTARIA – EME/C Ex Nº 383, DE 7 DE MAIO DE 2021.
    Graduação Tempo Médio de Permanência
    Subtenente 6 anos
    1º Sargento 7 anos
    2º Sargento 9 anos
    3º Sargento 10 anos

  6. Centrão militar, contagem regressiva.
    Hoje, dia 29 de março de 2022.
    Faltam 218 dias para o primeiro Turno, em 02 Out 22.
    Bolsonaro, o “candidato Radioativo”.
    Jair ‘Meçias’, o falso profeta dos pés de barro.

  7. Esse Bolsonaro pode se alinhar até com o Papa que não tem mais jeito… vai perder no primeiro turno para a felicidade de muita gente.

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