De guerra rápida a novo Afeganistão: Exército muda avaliação sobre Ucrânia

CONFLITOUCRANIA (1)

\Reunião sobre a guerra: Força alterou entendimento sobre data de possível tomada de Kiev

Eduardo Militão
Do UOL, em Brasília

Um grupo de análise da guerra entre Rússia e Ucrânia criado pelo Exército brasileiro previu que a tomada de Kiev levaria de 5 a 10 dias. Esse seria o “cenário mais provável”, de acordo com documento do Cdoutex (Centro de Doutrina do Exército) de 1° de março, reforçado em 2 de março. Mas já em 3 de março a avaliação foi abandonada pelos mais de 60 analistas que fazem relatórios diários sobre o conflito.
No último boletim, divulgado ontem (15), consta apenas a avaliação de que haverá mais “pressão sobre Kiev”. O Observatório enxerga que os conflitos assumirão a forma de “uma guerra irregular com menor intensidade e combates urbanos”. Em 2 de março, essa situação foi comparada aos conflitos enfrentados pelas tropas lideradas pelos Estados Unidos no Afeganistão. Iniciada em 2001, após os atentados de 11 de Setembro, a guerra no país do Oriente Médio durou quase 20 anos.
O Exército disse ao UOL que a mudança de avaliação foi feita após “uma análise da matriz doutrinária dos países beligerantes e a comparação com as ações em curso”. “Verificou-se não ser mais pertinente o prosseguimento da hipótese levantada a respeito da tomada de Kiev, por não terem sido observadas as condicionantes para a sua consecução”, afirmou.
A Força disse que criou o “Observatório de Doutrina” para acompanhar o conflito entre ucranianos e russos, mas que o foco do trabalho não está em “estimativas ou projeções fora do campo das ações militares”. “As informações disponíveis não permitem inferir com a precisão necessária as condições no campo político envolvidas no processo de cessar-fogo e no campo psicossocial da sociedade ucraniana pós-conflito.”
Em seu site, o Exército afirma que os mais de 60 especialistas que fazem os relatórios incluem “militares da ativa, veteranos e oficiais de ligação de doutrina no exterior”. Mas as avaliações “responsabilizam apenas seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Cdoutex” de acordo com a Força. O objetivo dos relatórios diários é “contribuir com a constante evolução da doutrina militar terrestre”.
O Exército disse à reportagem que objetivo do “Observatório de Doutrina” é “elaborar indicações para a evolução da Força Terrestre” e que ele vai ser encerrado quando os confrontos acabarem. “A Doutrina Militar Terrestre tem como foco três grandes áreas: quais são as formas de combate empregadas; como são organizadas as estruturas militares e como são equipadas as organizações militares.”
As avaliações de 1° e 2 de março foram modificadas pelo Exército, e substituídas por outras. Foram retiradas a menção ao Afeganistão e a página que previa a tomada de Kiev em até dez dias.


AGORA – 15 de março
“Hipótese de prosseguimento do conflito
1. Rússia mantém a pressão sobre Kiev para conquista do objetivo político com o êxito no ressuprimento de suas tropas. (…)
4. O teatro de operações passará à configuração similar ao de conflitos de uma guerra irregular com menor intensidade e combates urbanos.”
Fontes: Relatórios do Centro de Doutrina do Exército
Quando ainda imaginavam o fim do conflito, os analistas do Cdoutex previram que isso aconteceria entre 5 e 10 dias. “Para isso as tropas russas terão que usar meios militares cada vez mais violentos – há sinais de que a artilharia russa já está empregando bombas de fragmentação”, afirmavam os relatórios de 1° e 2 de março, antes de serem modificados.
Os oficiais tentavam antever uma possível derrubada do presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. “O ponto mais crítico será o destino do presidente Zelensky, uma vez que o objetivo final russo é ocupar a capital e depor o governo ucraniano”, afirmam os documentos do início do mês. “A grande incerteza nesse caso é a reação que será tomada pelos países da Otan [Organização do Tratado do Atlântico Norte] na fase seguinte, principalmente, se o presidente não sobreviver.”

Centro fez reunião com especialistas em Brasília
Segundo as propriedades dos arquivos digitais extraídos do site do Exército, as modificações nos documentos foram feitas em 3 de março. Naquela mesma data, os analistas já tinham abandonado estimar uma data para o fim da guerra. E houve uma reunião no Centro de Doutrina do Exército em Brasília.

\O encontro reuniu o chefe do Centro de Doutrina do Exército, general de divisão Sergio Luiz Tratz, e outros comandantes e integrantes de outras áreas como Centro de Inteligência do Exército, Operações Terrestres, Defesa Cibernética, Guerra Eletrônica, do (CIE) e Escola de Comando de Estado Maior do Exército (Eceme).
A reunião contou com videoconferência entre os participantes.
Veja os relatórios diários do Exército sobre a guerra.
UOL/montedo.com

19 respostas

  1. Como uma instituição que nunca participou de um combate real vai tratar de assuntos voltados a uma guerra?
    Se fosse uma faxina ou formatura o EB teria plena condições de avaliar tal atividade, mas guerra aí pegou pesado.
    Vai usar nossos gloriosos oficiais com aquelas insígnias de borracha espalhadas na farda ou com seus gorrinhos coloridos para esclarecer um assunto em que nunca tiveram experiência, pois bem, neste caso possa ser que os embustes dotados de vaidades usem de seus achismos para esclarecer algo. Não conseguiram acertar nem um período próximo de uma tomada de uma cidade, quiçá os acontecimentos e o desfecho final.
    Ah! Senhores generais de guerra de mentira, DIEx, vários sistemas rolhas, formaturas, reuniões e visitas das diárias, por favor não se metam no que não sabem.
    Até hoje vivem com uma doutrina ultrapassada evidenciada em um combate de trincheiras, campos, coisas que não existem mais e ainda querem tratar de conflitos armados pelo mundo, só podem estar de sacanagem!

    1. Comentário mais preciso de todos:
      Passando vergonha.
      Melhor opinar da pintura de meio fio…
      São só estrelas de plástico, simbolos de borracha e ego, muito ego vindo de alguns.

    2. Discordo!! Antes de escrever tem que fazer uma análise histórica de como foi forjado nosso Exército. Nosso Exército sim, já foi para Guerra, e é invicto. Graças a Deus que hoje podemos desfrutar de uma paz, mas, conquistada com muito sangue e almas.

      1. Lendo a história:

        1) nosso exército não é invicto. Lavalleja manda lembrança do Uruguai independiente

        2) nenhuma guerra ou ressureição sufocada antes da guerra do paraguai foi contida pelo exército regular. O exército como instituição permanente que é hoje só se estabeleceu após a questão militar, com o fim da guerra do paraguai

        3) após isso, apenas a 2GM. Mandaram basicamente reservistas e a policia militar mobilizada. As maiores perdas da feb foram erros estrategicos, como as tentativas fracassadas de tomar monte castelo

        4) desfrutar da paz não é privilégio nosso por conta do nosso exército. A América do sul inteira desfruta da paz e não tem nosso exército. Basta comparar com a história de outros continentes e ver que a paz aqui não tem muito a ver com nosso exército

        Mas isso é tudo um passado distante. Muito distante. Falamos do presente, hoje, das contas públicas que um monte de filha pensionista representa ao contribuinte brasileiro sem que seus pais tenham sequer visto uma guerra. Falamos das análises técnicas dos homens da guerra de hoje e não de ontem. Como diz a musica “quem vive de passado é museu”

          1. Ser brasileiro não me obriga a ser mentiroso, viver fantasias ou manipular fatos históricos.
            Existem brasileiros corretos, existem militares que não fantasiam sua própria vida. Acredite

  2. Kkkkkkkk
    Ainda bem que precisamos desses sabios so pra organizar formaturas.
    Imagina na guerra?
    Esses altos estudos kkkkk melhor seria a mae dinah

  3. Neste Brasil todo mundo opina sobre tudo…sujeito lê uma resenha de meia dúzia de folhas na corrida e já se acha bom para dar palpites…e erra …altissimos estudos.

  4. Pode ser Xadrez ou GO? Muito difícil definir estratégias definitivas em uma guerra híbrida com jogadores externos dando suas contribuições com armamentos, suprimentos, ataques hacker, satélites, guerrilha, etc. A impressão que tenho é que se a Rússia quisesse destruir a Ucrânia já o teria feito com ataques massivos de misseis. Logo, se a minha impressão estiver correta, o objetivo geopolítico é estabelecer e firmar posição de poder e aliança comercial, financeira e politica em outros blocos econômicos com países asiáticos, africanos e latino americanos além de posição de poder perante a União Europeia e EUA.

    1. Não tem lógica essa quantidade de veículos amontoados esperando o paredão. É como se dissessem: _Crianças, aqui tem doce para vcs! Muito estranho essa oferta gratuita de alvos.

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