Juliana Dal Piva
Colunista do UOL
O vice-presidente Hamilton Mourão foi desautorizado pelo presidente Jair Bolsonaro pela enésima vez na quinta-feira (24). A mais recente no episódio da invasão da Ucrânia pela Rússia. Ao saber que Mourão criticou os russos, Bolsonaro disse que o vice não é competente para falar do assunto.
Desautorizar Mourão se tornou trivial para Bolsonaro ao longo dos três anos de governo. O vice lembra pouco o falante companheiro de chapa de 2018, cheio de posições, e menos ainda o general que arriscou a carreira para defender o que pensava ainda na ativa.
Ao longo da corrida pelo Planalto, Mourão ficou conhecido por dizer o que pensava do jeito que surgia em sua mente. Defendeu uma nova Constituição escrita por “notáveis”, criou volume nas críticas a Bolsonaro junto a mulheres ao dizer que famílias sem homens são “fábricas de desajustados”, além de chamar o 13º salário de “jabuticaba”.
Quem conhece Bolsonaro, sabe que ele não discordava de muitas dessas opiniões. Só que nenhuma dessas ideias costuma ser popular em campanha eleitoral e pode gerar perda de votos. Bolsonaro então teve que discordar do vice publicamente e dizer que ele tinha dado umas “caneladas”. Insinuou que faltava a Mourão experiência com a imprensa, mas era tudo jogo de cena para acalmar o eleitorado e garantir a vitória.
Foi o jeito direto e de pensamento próximo ao seu que levou Bolsonaro a convidar Mourão para ser seu vice. Um episódio marcou o início do caminho do general rumo à política.
Em 17 de setembro de 2015, em uma palestra interna para o Centro de Preparação de Oficiais da Reserva (CPOR) de Porto Alegre, Mourão pediu o “despertar para a luta patriótica” e disse que a mera substituição de presidente não resolveria a situação, mas seria o “descarte da incompetência, má gestão e corrupção”. As informações tornadas públicas na imprensa causaram constrangimento.
Mas tudo piorou muito depois que Mourão pediu que fosse feita uma homenagem póstuma ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra – falecido em 26 de outubro de 2015 e o primeiro militar reconhecido pelo Judiciário, no âmbito cível, como torturador.
Os dois episódios levaram Mourão a ser exonerado do Comando Militar do Sul. Ele foi enviado à Brasília para um cargo burocrático, mas com bastante prestígio no Alto Comando do Exército. Depois passou para a reserva e acabou na política com Bolsonaro.
Com as atitudes, Mourão desafiou a então presidente Dilma Rousseff que estava à beira do impeachment. Não voltou atrás nas palavras.
Com Bolsonaro na presidência, o comportamento é mais tímido. Mourão fez cursos para se aproximar da imprensa, os chamados media training, e logo no primeiro semestre de 2019 já era visto transitando com desenvoltura em entrevistas coletivas onde evitava polêmicas e atuava para contemporizar atritos de Bolsonaro com jornalistas. Mourão tentava se colocar, encontrar o seu espaço.
Recordo que em uma entrevista, em novembro de 2018, ele me contou que ainda não sabia como iria atuar em coordenação com Bolsonaro, mas estaria à disposição do presidente para qualquer missão. Queria ajudar e achava que tinha experiência em gestão para ajudar a comandar o Brasil. Estava só aguardando o chamado que ainda não tinha acontecido.
Com o tempo, a missão de Bolsonaro para Mourão foi dada: ficar calado, não opinar e evitar a imprensa. A tentativa do vice de se aproximar e desenvolver um diálogo com jornalistas e diplomatas estrangeiros foi muito criticada no círculo mais próximo de Bolsonaro.
Teorias passaram a ser alimentadas e Mourão passou a ser visto como um conspirador. Foi atacado por integrantes do gabinete do ódio nas redes sociais. Nem o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ) o poupou.
Em 2019, Mourão foi convidado para uma palestra na Universidade de Harvard, nos Estados Unidos. O vice foi apresentado como “voz da razão e moderação” de um governo mergulhado em crise. Ao ver o convite, Carlos escreveu: “Se não visse, não acreditaria que aceitou com tais termos. Este jogo está muito claro”, escreveu o vereador no Twitter.
Na pandemia, o vice colocou-se em oposição a quase tudo que o governo federal, liderado por Bolsonaro, defendeu. Mourão não alimentou crises em torno das políticas de isolamento, se vacinou contra covid e defendeu a vacinação de crianças. É dos poucos que escapou das acusações na CPI da Covid.
Na crise da invasão da Ucrânia, o vice sabe que o presidente e o Itamaraty estão cometendo diversos erros, mas foi silenciado. Só que ele decidiu não bater de frente. Um Mourão bastante diferente daquele que arriscou a carreira em 2015. Os conflitos não são bons para a futura campanha ao Senado pelo Rio Grande do Sul.
UOL/montedo.com
22 respostas
Está certo o presidente, não é competência do vice esse tipo de comentário, ele foi no mínimo imprudente ao falar de um assunto internacional e estratégico para o Brasil sem falar ou ser autorizado pelo presidente.
Muuuuuuuuuuuuuuu…..
Queria saber o que leva um ser humano imaginar que se o vice fosse mais antigo como militar não subordinaria ao presidente, se este fosse mais moderno quando deixou a carreira militar. É muita insanidade.
Se militar fosse sinônimo de competência, as empresas privadas absorviam os na reserva. Com o erário é mole…pode errar.
Tu deve ser a imagem refletida no espelho de um verdadeiro incompetente que só critica os que conquistaram alguma coisa com sacrificio, estudo e trabalho. A inveja de quem conquistou algo a mais, ou de um chefe ou superior é a verdadeira face da incompetência, da hipocrisia e da vaidade.
Vídeos, cenas da Guerra.
Prédio residencial em Kiev tem andares destruídos por míssil; veja vídeo.
https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2022/02/26/predio-residencial-em-kiev-tem-andares-destruidos-por-missil-veja-video.htm
Centrão militar, contagem regressiva.
Hoje dia 26 Fev 22.
Faltam 249 dias para o primeiro Turno, em 02 Out 22.
Bolsonaro, o “candidato Radioativo”.
Isto é estratégia da pulga, analisa, vê, olha, pergunta, lê, pede opinião, sonha; quando não tem mais nada a perder, começa a preparação para pular pra outro cão.
Desde que assumiu a Vice só fala merd@
gen Peruão é o típico maçom tupiniquim.
Para manter a pose de ser supremo, aceita e faz qualquer coisa.
gen Peruão e o seu G.’.A.’.D.’.U.’ meçiânico.
Pode bater Bolsonaro, meu Grande Arquiteto do Universo bolsopetista.
Mas não se esqueça, temos encontro marcado no meu palanque para o Senado pelo RS.
“Se você deseja ver a verdade, NÃO TENHA OPINIÕES”.
Provérbio Zen
Sempre falei que é indisciplinado,com Dilma um leão,com Bolsonaro um gatinho,sempre em cima do muro,meu voto não levará,traidor na reformulação.
Não há precedentes na história das FA como deste personagem, do candidato deputado-general Pazuello/Elcio Franco, e atuação do dito Centrão Milita.
O desastre pessoal/Institucional dessa grotesca submissão e servelismo criminoso nos custará caro.
Piores e mais vergonhosos momentos do Exército em toda sua existência.
Desastrosa as fortes suspeitas que pairam sobre a compra de vacinas pelo candidato deputado-general Pazuello/Elcio Franco, tudo durante a pandemia.
General que toma vacina escondido e alcunhado por ex-ministro civil de ‘Banana de Pijama’ e ‘Maria Fofoca’.
Situação esdrúxula e doidivanas.
A cara desse governo farsante.
Impressionante, todo santo dia tem alguma péssima notícia dos militares desse governo.
As 3 formas para alguém se tornar santo:
– ser venerado (o falso ‘meçias’ é);
– religioso (o falso meçias “é”);
– diferente entre fiéis e atraia devoção (Opa! O falso ‘meçias’ é).
Esses moços e Bolsonaro serão canonizados.
Porque todo dia operam o milagre de estarem errados.
Ave Jair! O ‘meçias’.
O ungido dos bolsopetistas.
Heil Jair!
Mito.
– religioso (o falso meçias “é”)
Religioso, entre aspas , “é”!
Rssssssssssssssssssssssssssssssssssss
Ucraniano zomba de militares russos sem combustível, veja vídeo.
Ele pergunta se o veículo quebrou, mas soldados dizem que estão “à espera de diesel”.
Em seguida, o motorista afirma: “Posso levar você de volta para a Rússia”.
Simples:
olhai o tamanho da cadeira de cada um.
Não se deixem enganar pelo posto, sigam a função à qual foram eleitos.
“Tanque” esmaga carro civil milagrosamente motorista sobrevive.
Rússia x Ucrânia.
Quais sanções estão sendo impostas à Rússia e o que mais pode ser feito?
https://www.bbc.com/portuguese/internacional-60506046
Brasil não assina carta da OEA contra invasão russa na Ucrânia.
Diga-se Bolsonaro.
https://www.oantagonista.com/brasil/brasil-nao-assina-carta-da-oea-contra-invasao-russa-na-ucrania/
Soldados ucranianos estão exaustos, diz correspondente da CNN.