Augusto Heleno e Luiz Eduardo Ramos foram ofuscados pela expansão do Centrão no governo e na campanha à reeleição
Felipe Frazão, O Estado de S.Paulo
Às vésperas da eleição, o poder dado ao Centrão pelo presidente Jair Bolsonaro quase forçou os generais de quatro estrelas da reserva no Palácio do Planalto a vestirem de vez o pijama. O “clube militar” do primeiro escalão palaciano, hoje diminuto e formado por Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional – GSI) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria Geral da Presidência), perdeu influência nos rumos do governo e segue alijado das principais decisões da campanha à reeleição.
Apesar de ainda cultivarem prestígio pessoal junto ao chefe, os generais de Exército Heleno e Ramos não participam do núcleo duro do comitê bolsonarista. Estão, no linguajar da caserna, “na reserva” da cúpula da campanha. Os homens fortes são os ministros Ciro Nogueira (Casa Civil) e Fabio Faria (Comunicações), o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, e o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ). Dos generais que cercavam o presidente, ex-ministro da Casa Civil e hoje no comando da pasta da Defesa, general Braga Netto, segue forte no governo e chegou a ser cotado para assumir uma eventual candidatura a vice na chapa de Bolsonaro à reeleição.
Mas ainda há uma brecha para que o grupo recupere espaço. A próxima reforma ministerial, de viés puramente eleitoral, deve mudar a configuração do governo, abrindo ao menos dois espaços no Planalto: Comunicações e a Secretaria de Governo (Flávia Arruda, do PL). Ao todo, serão 11 novos rostos, de acordo com projeções do presidente. E Bolsonaro quer indicar, preferencialmente, secretários executivos que já compõem o segundo escalão como “ministros-tampão”.
Amigos de Bolsonaro desde a caserna, Heleno e Ramos devem ficar no governo e podem recuperar terreno. Mas ambos ocupam hoje cargos mais ligados à rotina administrativa do Palácio e do presidente, embora sigam a poucos metros do gabinete dele. Heleno comanda o setor de inteligência, a segurança presidencial, inclusive durante a campanha, e assessora Bolsonaro em assuntos de defesa e segurança nacional. Ramos tem, além das tarefas administrativas, a poderosa secretaria de assuntos jurídicos, por onde passam projetos de lei e atos do presidente.
Ao Estadão, o GSI informou que Heleno não está filiado a nenhum partido e também não prevê deixar o governo no prazo até abril, para disputar qualquer cargo eletivo. Em 2018, Heleno chegou a ser uma das opções para a posição de vice, antes da escolha de Hamilton Mourão (PRTB). À época, porém, o chefe do GSI era filiado ao antigo PRP, hoje parte do Patriota, e a sigla nanica barrou a aliança.
Heleno rebate reiterados rumores de que se movimenta politicamente para compor uma chapa como vice de Bolsonaro. Ministros palacianos, porém, desconfiam das intenções do chefe do GSI. A ala política diz que Heleno age nos bastidores e quer ficar à disposição de Bolsonaro. Ele nega: “Não estou ‘atuando’ para ser vice-presidente da República. Não fiz e não farei isso”.
O general foi um dos primeiros colaboradores e formuladores políticos e de programa de Bolsonaro, ainda na campanha de 2018. Chegou ao governo visto como uma voz equilibrada e influente, com ampla experiência midiática. Aos poucos, Heleno perdeu a aura de moderador e de referência, por manifestações radicalizadas, e por percalços em sua própria área, como as suspeitas de envolvimento irregular da ABIN em atividades fora de sua alçada, o que ele nega, o flagrante de tráfico de cocaína por um militar em avião da comitiva presidencial, e falas vistas como ameaçadoras ao Supremo Tribunal Federal.
Ramos, por sua vez, perdeu força política ao mudar de cargo. Ele não é filiado a partido, nem vai deixar o governo, segundo assessores. Ramos age informalmente como “conselheiro” pela proximidade com o chefe, dando opiniões, e com a proximidade com políticos que ainda guarda pelas funções que desempenhou antes no governo.
Em conversas reservadas, Ramos deixou transparecer aos colegas do governo que estava desgostoso e incomodado por ter perdido o protagonismo político para o Centrão. A pessoas próximas, o ministro alega que, apesar de mais distante das decisões do governo e da campanha à reeleição, continua desfrutando da intimidade do presidente e dando conselhos a ele.
O ministro, que já foi acusado por aliados de Bolsonaro de ser puxa-saco e fofoqueiro, costuma dizer que é leal ao presidente e participa das atividades fora de Brasília, como passeios de moto com simpatizantes e viagens para inaugurações de obras.
O Estadão presenciou uma conversa em que um ministro de origem militar relatou a outro que o secretário-geral da Presidência deixou-se insuflar pelo poder e depois sentiu a queda, ao perder o comando da Secretaria de Governo e depois da Casa Civil.
Hoje, tanto Heleno quanto Ramos estão mais reclusos e concedem menos entrevistas do que de costume. O rosto do governo para isso tem sido Ciro Nogueira e Flávio Bolsonaro. Seus gabinetes, antes concorridos e frequentados por embaixadores, lobistas e parlamentares, vivem um período de baixa.
Desde dezembro, Ramos recebeu cinco parlamentares em seu gabinete e foi a um culto da Frente Parlamentar Evangélica – ele é membro da Igreja Batista. Heleno, só abriu sua agenda para audiência com um. O secretário-geral da Presidência fez três encontros de trabalho com Bolsonaro. Heleno, nenhum, embora despache diariamente pela manhã com o presidente. Essa atividade comum a todos os chefes do GSI não fica registrada na agenda.
A fase de ostracismo é rompida porque ambos continuam viajando com Bolsonaro. São figurinhas carimbadas no avião presidencial, levando consigo a força simbólica da presença das Forças Armadas no governo. Bolsonaro não desprestigiou seus generais mais próximos e inclusive ambos estão na comitiva que viajou a Moscou nesta semana, para encontros bilaterais com o presidente da Rússia, Vladimir Putin.
O “clube” de oficiais na reserva política tem um outro general: Eduardo Pazuello. O ex-ministro da Saúde não chegou a estar no centro do poder palaciano quando estava na ativa da Pasta, mas foi protagonista das ações contraditórias de Bolsonaro no combate à pandemia. Atualmente, Pazuello ocupa um cargo sem relevância administrativa na estrutura da presidência da República.
ESTADÃO/montedo.com
12 respostas
Conhecia ‘Centrão militar’.
Agora essa, ‘Clube militar’ do Planalto.
Que baixaria, quanto deboche e desmoralização.
Nossa reserva moral da Nação, melhor, a última reserva moral da Nação, totalmente desmoralizada.
Lexotan e banana de pijamas, as figurinhas carimbadas no avião presidencial.
Melhor um civil como Vice, deixa esses generais nós quartéis, eles são leais.
Valdemar Costa Neto fez parte do Mensalão petista. Chegou a ser preso. Hoje está “contribuindo” com o governo Bolsonaro.
Interessante, muito interessante….
Só invencionices. Coisas de estelionatários. Tem gente aí com o cotovelo no osso.
Pela imagem desconfio que Heleno é gato (futebol).
Ou sua idade, 74 anos, no Wikipédia está errada.
Esse senhor tá beirando os 90.
Tá com a lata amassada.
Tá com a lata amassada.
Há Há Há Há Há Há Há Há Há Há Há Há Há
O q esses senhores ainda querem? Já conseguiram um gordo aumento, teto dúplex, ainda mais regalias…
A imprensa tá firme no intento de “dividir para enfraquecer”, mas, o Heleno é tarimbado!
É GUERRA!
Chamaram o mito pra resolver com PUTIN e BIDEN.
Tropas da Rússia estão a 16 quilômetros da fronteira ucraniana|CNN
Mariola e Zé Bunitin não tem moral alguma! Nem nos quartéis tinham, quiçá no Planalto.
Mariola e Zé Bunitin.
Quem é Mariola.
Rsssssssssssssssssss