Atirador contratado para matar sargento do Exército em Manaus revela detalhes da negociação

Traição teria motivado assassinato de sargento em Manaus. Donos de rede de supermercado foram presos. — Foto: Reprodução

Diálogo foi obtido com exclusividade pela Rede Amazônica. Casal dono de rede de supermercados é suspeito de contratar o homem para executar o crime.

Alexandre Hisayasu, Rede Amazônica
O atirador responsável por assassinar o sargento do Exército Lucas Ramon, dentro de uma cafeteria em setembro de 2021, deu detalhes à polícia sobre sua participação no crime.
Silas Ferreira da Silva, de 26 anos, teria sido contratado por R$ 65 mil e prestou depoimento sobre negociação. O diálogo foi obtido com exclusividade pela Rede Amazônica.

Silas: Me contratou, falou que queria o serviço (inaudível), fui lá, fiz o serviço
Quanto ele te pagou ?
Silas: 65
Com quanto ele começou?
Silas: com quanto? com 10
E aí?
Silas: depois eu não quis, eu dei a resposta, aí ele viu que eu não dei a resposta e ele apareceu com 25, depois de 25 ele deu 65, foi quando eu fechei

Ele diz que recebeu o restante do dinheiro depois de matar o sargento:

Depois que tu cometeu o crime lá, que tu foi embora, ele te procurou?
Silas: já só depois
Pra te devolver o dinheiro
Silas: isso
E aí, ele te deu quanto lá?
Silas: me deu 60 e depois me deu mais 5
E aí ele te deu 60 pra tu poder devolver a arma pra ele, é isso?
Silas: pra poder devolver a arma senão eu não ia dar pra ele porque o acordo foi 65
Aí quando ele te deu 65
Silas: Eu entreguei tudo pra ele, a arma, o material todo, moto

Segundo a polícia, a recompensa de R$ 40 mil oferecida pela família da vítima por informações sobre o assassino foi fundamental para prendê-lo.
“Eles ofereceram uma recompensa, fizeram a divulgação de um número particular deles para o envio de mensagens, e todas essas denúncias serão repassadas para polícia. Recebemos várias fake news infelizmente, as pessoas ainda agem assim, porém recebemos também diversas denúncias aí apontando Silas como executor”, explicou o delegado Ricardo Cunha
O casal Joabson Agostinho Gomes e Jordana Azevedo Freire é dono do grupo Vitória Supermercados, e a polícia acredita que o assassinato do sargento tenha motivação passional.
“A motivação foi a descoberta por parte do marido, o autor intelectual do crime, de que sua esposa estava tendo um caso com o sargento. Então, desde que ele tomou conhecimento disso, e não só um caso como também estaria desviando dinheiro da empresa do casal para dar para o seu amante. Então, diante dessa informação, o marido elaborou esse plano de vingança e veio a cometer esse homicídio”, disse a delegada Emília Ferraz.
Câmeras de segurança gravaram o assassinato. Silas chega à cafeteria em uma moto e entra no estabelecimento como se fosse um cliente. Lá dentro, saca a arma e três vezes contra o sargento. Silas sai rapidamente e foge na mesma moto.
Nessa conversa por um aplicativo de celular, Jordana diz ao sargento que o marido descobriu sobre o relacionamento dele “e que não vai deixar barato pra ele”. E que Joabson teria tentado agredi-la. Para a polícia, a conversa é um dos indícios de que morte de Lucas foi encomendada.
Segundo as investigações, o sargento Lucas terminou o relacionamento com jordana depois de descobrir que a esposa estava grávida. Ainda segundo a polícia, a empresária sabia que o marido iria encomendar a morte do então amante, mas nada fez para impedir.
“Essa omissão dela, a omissão partiu no momento em que ele decidiu pôr um fim na relação, então ela se omitiu e não revelou para ele as intenções do marido traído. Então por si só, de certa forma, ela participou diretamente à medida que ela não alertou de uma possível retaliação do caso que eles tiveram”, disse a delegada Emília Ferraz.
No último dia 9, a polícia fez uma operação e prendeu o casal e outras pessoas apontadas por fazer a intermediação entre os empresários e o assassino do sargento. Segundo a polícia, o principal articulador foi Romário Bentes, que é gerente da rede de supermercados.
“Essa triste história teve esse desfecho. Trouxemos pelo menos um pouco de conforto para a família enlutada, queria identificação de todos os envolvidos, estamos finalizando nosso inquérito policial. Ele vai ser remetido para a Justiça. Inquérito concluído, um caso encerrado com todo mundo ali devidamente identificado, todos os atores vão responder por todas as suas condutas”, disse o delegado Ricardo Cunha
Na última sexta-feira, o Superior Tribunal de Justiça determinou que o empresário Joabson Agostinho Gomes fosse solto e responda as acusações em liberdade. Jordana já cumpria prisão domiciliar para cuidar dos filhos do casal.
G1/montedo.com

3 respostas

  1. Mais um típico caso que geralmente não dá em nada. O executor, que já é do “trecho”, pegará uns pouquíssimos anos de cadeia e logo, logo estará na rua. O mandante, que tem dinheiro, será julgado mas devido à uma série de “atenuantes”, talvez nem seja preso e pronto; para por ai! Quem se ferrou mesmo, foi o cara que morreu.

  2. Parabéns à familia que, por iniciativa própria, investigou e chegou aos autores.
    O exercito… bem, fez uma formatura.
    Ainda querem bancar de ser policia, os altamente operacionais corredores de TFM…
    Se fosse um policial, de qualquer policia, não só a instituição ia descobrir o autor sem o desgaste da familia, como ele possivelmente iria se suicidar.

    1. Nenhuma traição vale uma vida.

      Não somos donos de ninguém, portanto se Deus ajudou a descobrir uma traição, deixe a pessoa seguir seu novo caminho, não faça nada para impedir, apenas deixa a vida fluir.

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